Capítulo 3:

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 O avião alcançou a altitude de cruzeiro e o piloto avisou que podiam soltar o cinto de segurança durante o voo de quarenta e cinco minutos para Las Vegas. Alexander falou muito pouco desde que embarcaram. Depois que concordara em ser marido de Magnus por um ano, ele levara a cabo os planos de se casarem em uma capela na Cidade do Pecado. Acreditava que um casamento aparentemente romântico em Las Vegas pareceria mais legítimo para os advogados da Black & Thorn que uma ida ao cartório.

Magnus soltou o cinto de segurança e aproveitou a liberdade. Andou pela cabine de seu jatinho particular e abriu uma garrafa de champanhe. Quando olhou para seu noivo, notou que ele retorcia as mãos no colo. Engraçado... Era ele quem tinha tudo a perder, mas era Alec quem estava inquieto.

— Tome, talvez isso ajude. — Ele lhe entregou uma taça alta e se sentou diante dele, na enorme e macia poltrona de couro.

— Sou tão óbvio assim?

— Os nós dos dedos brancos te denunciaram.

Alexander bebeu metade do champanhe de um gole só.

— Eu nunca quis ser ator.

— Aposto que os estúdios pagariam uma nota preta para você fazer dublagens.

Ele deu de ombros.

— Se eu ganhasse um dólar a cada vez que ouço isso...

Ele podia imaginar.

— Você tem uma voz incrível.

Alexander desviou os olhos dos dele, e suas bochechas começaram a ganhar um brilho rosado.

— Acho que essa coisa de casamento vai funcionar melhor se não acharmos nada incrível no outro. Não é nada pessoal...

— Talvez você tenha razão, mas nós dois concordamos em ser honestos. E a sua voz é sexy pra caramba.

Valia a pena mostrar as cartas só para vê-lo se contorcer diante do elogio. Ele estava completamente corado, e nada menos que adorável. Em um segundo, a taça de Alec estava vazia de novo.

— Não sei se devo agradecer ou te encorajar a ser menos superficial.

— Essa doeu.

— Você queria sinceridade...

Ele o observou tirar os sapatos e dobrar as pernas sob o assento. Um pouco de cor começou a voltar a suas mãos. Obviamente, insultá-lo deixava Alec à vontade. Ele não sabia como interpretar isso.

— A única pessoa que já me chamou de superficial foi o Ragnor.

— Seu melhor amigo?

— Meu único amigo.

— É mesmo? Pensei que um homem com a sua riqueza teria um séquito de amigos.

— O dinheiro traz pessoas, não amigos — disse ele.

— Sem dúvida. Imagino que Ragnor saiba sobre nós dois. Sobre o nosso arranjo.

— Sim, ele sabe.

— E as suas namoradas? Elas sabem?

Agora foi a vez dele de se contorcer. Ainda que o casamento fosse uma farsa, falar sobre suas amantes com seu noivo não parecia certo.

— Contar para as minhas namoradas, como você disse, seria o equivalente a chamar o Inquisidor e dar uma entrevista de página inteira. — Magnus terminou sua bebida e se levantou para encher de novo as taças.

Casado até quarta - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora