Dois dias depois, quando tudo já estava organizado, Hermione arrumou uma mala grande e pequena com suas roupas e livros, descendo as escadas de Hogwarts com as duas mãos cheias, sentindo-se em casa pela última vez. Ela não sabia ao certo o que a aguardava no futuro, não sabia onde seria sua casa a partir de agora e nem se teria uma casa, mas tinha certeza de que, da próxima vez que estivesse em Hogwarts, não se sentiria mais assim.
Ela estava quase descendo para a ala leste no primeiro andar, onde Snape havia lhe dito para esperar, quando ouviu alguém gritar: — Granger!
Ela se virou e viu Pansy descalça, com os cabelos emaranhados e um cobertor de enfermaria jogado sobre o ombro, fazendo com que ela se parecesse com um gnomo. Ela estava tentando recuperar o fôlego depois de correr todo esse caminho para alcançá-la. Mas o que surpreendeu Hermione foi o que Pansy tinha em suas mãos - o pelo ruivo de seu animal de estimação estava brilhante e reluzente.
— Bichento! — Hermione exclamou, e o gato miava para ela com pena.
Pansy estendeu as mãos como se estivesse com nojo do animal: — Granger, você tem que levar esse animal com você, não o deixe aqui!
— Não posso levá-lo comigo. Devo lembrá-la para onde estou indo? Além disso, Harry prometeu cuidar dele.
Pansy revirou os olhos: — Você sabe que as promessas do Potter não valem nada e que ele pode permitir todo tipo de criatura em sua cama, mas eu não vou dormir com esse demônio ao meu lado.
Hermione ignorou as implicações dessa última parte. — Merlin, tudo bem, dê-o para mim — disse ela, pegando o gato das mãos de Pansy. — E, por favor, calce alguns sapatos. A Cho vai ficar muito brava se vir você correndo por aí desse jeito.
Pansy sorriu: — Eu não vou contar se você não contar. — Depois de um momento de silêncio mútuo, ela acrescentou mais calmamente: — E não deixe que ele a assuste.
Hermione sorriu tristemente: — Não vou.
Esse poderia ter sido um ótimo momento para um abraço, e Hermione queria muito abraçar alguém, já que ninguém, exceto Pansy, veio vê-la sair. Claro, era muito cedo e todo mundo tinha coisas melhores para fazer, mas ela realmente esperava por algo diferente. Ela abraçaria se fosse alguém mais próximo a ela, mas Ron estava morto, Harry estava em outro lugar e não havia mais ninguém que ela pudesse querer ao seu lado agora. Então, Pansy e ela ficaram paradas ali, sem jeito, por alguns instantes.
Pansy concordou em deixá-la ir somente depois de mais um monte de ameaças e, quando Hermione finalmente chegou à porta principal da ala leste, ele já estava esperando.
Ele ficou parado, de costas para ela, vestido com uma capa preta. Em seguida, ele se virou e, em vez do rosto, ela viu uma máscara que lembrava uma caveira - o traje habitual de um Comensal da Morte, mas um pouco diferente do que ela se lembrava. Ao olhar mais de perto, ela percebeu que as vestes eram bordadas com ornamentos metálicos e que havia também um cinto com pelo menos dez facas afiadas. Ele usava luvas grossas de couro e seu cabelo estava escondido pelo capuz da capa. Ele não segurava nenhuma varinha entre seus dedos ágeis. Quando Hermione ficou lado a lado com ele, percebeu que ele era muito mais alto e muito maior do que ela. Ela não pôde deixar de se perguntar se o uso de magia negra, a tortura e a morte de pessoas sem nenhum osso de empatia no corpo faz com que as pessoas cresçam e se tornem literalmente montanhas ambulantes. Se assim for, a Ordem estava condenada.
Por que ele estava usando suas roupas de Comensal da Morte? Por que estava escondendo o rosto sob uma máscara, pela segunda vez, inclusive? Ele estava tentando intimidá-la dessa forma? Será que ele a queria assustada? Ela tinha que admitir que era difícil não se sentir ameaçada por sua presença sombria e avassaladora.
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Dragon's Heartstrings | Dramione
RandomO High Reeve Draco Malfoy não é apenas o Comensal da Morte de maior confiança de Voldemort, mas também um agente secreto da Ordem, planejando a queda de Voldemort de dentro para fora. Depois de uma negociação justa com a Ordem, o High Reeve pede o m...