Dragon's Heartstrings | Dramione

08

Durante as próximas semanas, Hermione estava aprendendo Oclumência com o High Reeve. Ele a exauria a ponto de soluçar todos os dias, fazendo-a reviver os piores momentos de sua vida, repetindo que essa era a única maneira de fazê-la reagir. Hermione queria acreditar que estava melhorando a cada sessão de Legilimência que passava, mas a verdade era um pouco diferente - ela estava tão esgotada pelos constantes ataques à sua mente que não tinha tempo para se recuperar, e podia dizer que seu desempenho piorava com o passar do tempo.

— Vamos fazer uma pausa por alguns dias — disse o Alto Reeve depois do que deve ter sido a vigésima aula. — Você está perdendo a concentração, talvez o descanso ajude.

— Tudo bem — foi o que Hermione disse, aliviada por ter a chance de não se preocupar com os horrores que teria de reviver amanhã, mesmo que isso durasse apenas alguns dias.

Hermione sentiu como se o High Reeve agora soubesse tudo o que havia para saber sobre ela, cada pequeno segredo que ela vinha tentando manter estava exposto a ele, cada momento precioso com seus entes queridos não era mais apenas seu, todos os seus medos e ansiedades sobre si mesma, todo o seu ser era um livro, aberto para ele ler na linguagem que somente ele e ela poderiam entender.

A única coisa que ela conseguiu esconder no canto de sua consciência foi sua paixão adolescente por um certo Sonserino loiro. Ela escondeu essa parte de si bem no fundo, tão bem e profundamente que estava começando a duvidar que a paixão tivesse sido real. E era. Mas ela nunca deixaria que ele soubesse disso.

Embora as aulas de Legilimência tomassem apenas algumas horas de seu tempo por dia, ela se sentia tão cansada depois que não tinha energia para fazer mais nada no restante do dia, apenas ler e se aconchegar no sofá com Bichento no colo na biblioteca de seu quarto. Agora que tinha alguns dias livres, ela finalmente tinha tempo para passar no laboratório.

Era um dos últimos dias de suas férias e ela estava trabalhando em uma técnica para fazer uma poção mais forte para dormir usando menos ingredientes, mas, até agora, não estava funcionando muito bem. Ela já havia tentado fazer a poção cinco vezes, mas tudo o que conseguiu foi uma bagunça roxa. Bichento também estava um pouco nervoso naquele dia, miando para ela, implorando por atenção, seguindo-a quando ela ia para as masmorras e arranhando a porta quando ela as fechava diante do nariz do gato. Irritada com os miados e os arranhões, Hermione decidiu deixá-lo entrar e Bichento passou o dia inteiro com ela no laboratório, ficando com tinta roxa no pelo quando jogou um dos frascos experimentais no chão.

Hermione resmungou, pegando Bichento e levando-o para o quarto para lhe dar um banho. Ela não foi poupada do ataque cruel de um gato jogado na água, e suas mãos agora estavam cheias de arranhões sangrentos. Quando ela terminou de lavá-lo e o enrolou em uma toalha, Bichento gemeu tristemente em seus braços como a rainha do drama que ele era. Ela o levou para a sala de estar e o sentou em frente à lareira para que ele pudesse se aquecer um pouco.

Ela ficou olhando para a fogueira fumegante, pensando profundamente, quando, de repente, o brilho alaranjado se transformou em chamas verdes crepitantes e Bichento fugiu do colo dela, rugindo e sibilando. Hermione se levantou com a varinha na mão no momento em que alguém apareceu na lareira.

Uma figura alta saiu de dentro dela, vestida com roupas de Comensal da Morte e com uma máscara de caveira no rosto. Hermione olhou para a pessoa, atônita. Então, em um movimento rápido, ele tirou a máscara e Hermione imediatamente reconheceu o homem de pele escura e cabelos negros, olhando em volta e sorrindo para ela, reconhecendo-a também.

— É um prazer vê-la, Granger — disse Blaise Zabini, olhando para a varinha em suas mãos e depois para ela. Ele estava sorrindo, mas, ao olhar mais de perto, ela percebeu que seus olhos estavam sérios. Ele lhe perguntou se o High Reeve estava em casa.