06

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Hermione passou os dias seguintes no laboratório, voltando ao seu quarto apenas para dormir. A pedido, Mipsy levava todas as suas refeições para lá, que Hermione engolia sem se afastar da poção que estava preparando. Ela se deleitava com a qualidade do laboratório, gostando de como ele era espaçoso e moderno. Adorava o fato de finalmente ter tido a chance de experimentar as poções que vinha tentando fazer, mas que nunca teve os recursos necessários em Hogwarts. O fato de que não havia ninguém - especificamente Snape - pairando sobre seus ombros, criticando a maior parte do que ela tentava fazer ou tentando afastá-la e fazer tudo por conta própria. Ela tinha o lugar todo para si, e essa era a melhor parte. É claro que sempre havia a chance de o High Reeve vir até aqui sempre que quisesse - afinal, essa era a casa dele - mas, até agora, ele não veio.

Hermione trazia seus livros favoritos do quarto para o laboratório para não ter que voltar se quisesse ler alguma coisa ou pesquisar uma ideia sempre que lhe ocorresse alguma. Ela adorava esse refúgio principalmente porque não precisava encontrar o High Reeve com tanta frequência. Ela não sabia se ele estava em casa na maior parte do tempo - muito provavelmente ele nem estava lá - mas, ainda assim, sentia-se mais segura lá embaixo, sabendo que poderia evitar aquela cruel não expressão que ele sempre lhe dava e, mais importante, aqueles jantares constrangedores que eles seriam forçados a ter de outra forma.

Ela percebeu que gostava de não vê-lo. Ela não sentia a menor vontade de perguntar a ele o que deveria estar fazendo, e ele não lhe pedia nada - talvez ele ainda estivesse furioso com aquela lista ridícula que ela escreveu e que ele queimou, ou talvez ela soubesse que ele iria dizer qualquer coisa que lhe pedisse para fazer, fosse o que fosse. Hermione estava começando a se sentir um pouco inútil no grande esquema das coisas em relação ao estado do mundo agora, mas sempre que esses pensamentos negativos ameaçavam absorvê-la, ela lembrava a si mesma que estava praticando a fabricação de poções aqui para ser uma curandeira melhor e salvar mais membros da Ordem caso fossem atacados - afinal, a prática leva à perfeição, e que melhor maneira de aprender algo novo do que praticando. Se ela seria apenas a alavanca do High Reeve durante essa guerra e nada mais, então ela pelo menos se divertiria e usaria seu tempo nesse laboratório de poções sofisticado com sabedoria.

Ela ainda não dormia muito bem - era atormentada pela insônia e por pesadelos quando conseguia dormir. E mesmo quando suas noites eram insones, o anel que o High Reeve lhe dera no "dia do casamento" tinha a tendência de começar a apertar seu dedo com força, às vezes tão quente quanto ferro derretido, às vezes tão frio quanto pedra. Hermione tinha uma estranha sensação de que o anel estava vivo. Ela tentou tirá-lo quando ficou tão apertado que começou a deixar seu dedo azul, mas sem sucesso - ele simplesmente não saía, não importava o quanto ela tentasse ou os feitiços que usasse. Hermione tinha a ideia de que era a maneira de o High Reeve torturá-la, embora de uma forma pequena - na verdade, o anel a irritava mais do que causava danos reais, mas ela o odiava mesmo assim.

Era uma das noites em que seu sono era puro e tranquilo.

Hermione estava sonhando.

Ela estava sonhando com o High Reeve entrando em seu quarto no meio da noite, sentindo as mãos dele sobre ela. Ela abriu os olhos - estava muito escuro para enxergar, mas ela sabia que ele estava lá, seu cabelo branco puro brilhando contra a escuridão da noite.

— Ei... — ela falou, com a voz pesada de sono. — O que você está... o que está fazendo aqui?

— Levante-se — disse ele, parecendo zangado e irritado.

Hermione franziu a testa. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou. Ela apertou os olhos, tentando ver melhor o rosto dele, e percebeu que ele estava franzindo a testa, com o maxilar tenso.

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora