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Eles estavam de volta à casa de campo de Draco. Estava escuro e as ondas eram altas e fortes. A cabeça de Hermione estava girando tão forte que a única âncora da realidade que ela ainda tinha era o corpo firme de Draco que a segurava com força. Ela percebeu que todos os horrores pelos quais havia passado naquela noite haviam acabado, mas seu corpo não recebeu essa mensagem.

— Vo-você pode-e — gaguejou ela, com os olhos ainda fechados e os braços de Draco ainda ao redor dela. — Deixe-me ir, acho que vou vomitar...

Ele a abaixou suavemente até que seus pés alcançassem o chão arenoso. Ela cambaleou instável a alguns metros de distância dele, depois se agachou como se estivesse sendo torturada por cãibras e vomitou, vomitando o pouco que tinha no estômago.

Depois disso, ela permaneceu agachada, mas seu vômito se transformou em soluços silenciosos. Sua vida inteira se desfez em um único momento, e a culpa foi toda dela. Definitivamente, havia algum tipo de tendência autodestrutiva enterrada no fundo de sua psique que a forçava a arruinar tudo de bom que tinha em sua vida. Esta noite, Draco assassinou dezenas e dezenas de mocinhos, de membros da Ordem, tudo porque precisava salvá-la. Ela não o culpava por isso, não tinha o direito de fazer isso. Ela queria gritar com ele: Draco, o que você fez, por que fez isso, você entende que nos condenou para o resto de nossas vidas?

Mas não seria justo colocar a culpa nele. Ela sabia muito bem o que estava fazendo. Ela sabia o quanto era perigoso ir para um lugar onde as pessoas a queriam morta, onde as pessoas pensavam que ela era uma traidora; e mesmo assim ela foi porque acreditava que poderia consertar tudo. Quando foi a última vez que o que ela fez consertou as coisas? Seu heroísmo só piorava as coisas, inclusive desta vez. Ela não podia esperar que Draco não viesse buscá-la no momento em que o feitiço Estupefaça parasse de funcionar, não quando ele jurou que sempre a protegeria. Parte dela queria que ele viesse buscá-la, parte dela sabia que ele viria. Aquela parte dentro de seu cérebro, a que ela odiava tanto, desejava que ele causasse caos e destruição em seu nome.

Agora ele o fez. Agora ele jamais seria aceito de volta na sociedade bruxa, mesmo que eles ganhassem a guerra, o que parecia cada vez mais improvável a cada dia. Os Comensais da Morte provavelmente terão tomado Hogwarts pela manhã e não há como encontrar Voldemort até lá. Quem sabe por quanto tempo eles poderão ficar nesse chalé se a guerra permanecer nesse limbo por sabe-se lá quanto tempo. Ela prometeu a si mesma mantê-lo ao seu lado pelo tempo que lhes restasse. Pela primeira vez, ela entendeu a necessidade dele de tê-la sempre à vista - ela não conseguia suportar a ideia de eles se separarem novamente, não quando percebeu que ele era seu único refúgio, não quando a ideia de ele se machucar a deixava fisicamente doente.

— O que eles fizeram com você? — perguntou ele, com a voz dura como pedra.

Hermione se virou para ele com os olhos cheios de lágrimas, tentando enxugar as lágrimas do rosto com as costas da mão, mas só fazendo mais bagunça.

— Nada de muito ruim — ela respondeu baixinho. E então palavras cheias de pânico saíram de sua boca por conta própria: — Sinto muito... Sinto muito por ter saído daquele jeito... Você não merecia isso... Eu amo você... Você merece coisa melhor... Sinto muito por ter feito você fazer isso...

Ela se deu conta de que tinha dito a frase mais vulnerável que já havia dito a ele no meio do pedido de desculpas, e um longo silêncio se estendeu depois, quebrado por nada além dos soluços silenciosos de Hermione.

Ele olhou para ela como se estivesse testemunhando uma maravilha incrível e um objeto de obsessão.

— Você não me obrigou a fazer nada. Eu fiz isso. Não se culpe — disse Draco finalmente, com a voz calma e firme.

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora