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Para Hermione, não ter varinha era como perder todos os seus quatro membros. Ela não conseguia fazer nada sozinha e isso a fazia se sentir desamparada. Na manhã seguinte, ela vagou sem rumo pela mansão, sem ter nada melhor para fazer a não ser ajudar Mipsy a cozinhar. Elas prepararam o café da manhã e, quando ele apareceu diante de Draco na mesa de jantar, ele ergueu os olhos para ela.

— Obrigado — disse ele.

Ela evitou o olhar dele. — Não tem de quê. Eu não tinha nada para fazer, então vamos comer ovos mexidos.

Ambos comeram a comida, mas ela sentiu o olhar dele sobre ela o tempo todo.

— Vou pegar outra varinha para você — disse ele, com a voz firme e dura.

Hermione finalmente olhou para ele. — Está tudo bem, eu vou ficar bem — Isso era mentira. — A propósito, você deveria ficar em casa. Não quero que saia para lugar nenhum, não depois de matar a Bellatrix. Voldemort pode já estar sabendo.

— Não me importo — disse ele. — Preciso matá-lo, então terei de enfrentá-lo de um jeito ou de outro. Mas, primeiro, vou lhe dar uma varinha para que você não fique sem arma quando eu for embora.

Ela o encarou, com a implicação de suas últimas palavras atingindo-a em cheio no peito.

— Nós precisamos matar Você-Sabe-Quem, Draco, não você, não por conta própria. Estou aqui para ajudar, entendeu? — disse Hermione com severidade, colocando a mão sobre a dele para suavizar suas palavras.

Ela viu um músculo se contrair na mandíbula dele. — Tudo bem. Ainda resta a varinha da tia Bella. Você poderia tentar domá-la. Talvez funcione.

Hermione suspirou, depois assentiu, com poucas esperanças de que pudesse domar a varinha de formato estranho de Bellatrix, que provavelmente assassinou milhares, se não centenas de milhares de pessoas.

— Está bem — concordou ela, apesar de suas dúvidas. — Vou experimentar.

Depois do café da manhã, Hermione foi buscar a varinha de Bellatrix na gaveta do medalhão onde Draco havia colocado suas roupas e outros pertences depois de dissolver o corpo com veneno. Ele estava falando a verdade quando disse que o veneno que ele inventou faria maravilhas - quando Hermione saiu de casa logo pela manhã, não havia mais nada no chão onde o corpo de Bellatrix jazia, exceto um pedaço de vestido preto, sapatos com meias ainda dentro e algumas jóias de prata.

Com os dedos trêmulos, ela pegou a varinha e a inspecionou cuidadosamente. Era longa e torta como um osso quebrado mal curado. Era feita de nogueira e, pelo que Hermione percebeu, o fio era de pelo de cauda de Testralio. Ela tentou dobrá-la, mas era dura, inflexível; lembrava-se de como a varinha balançava nos dedos ossudos de Bellatrix, mas agora a varinha não apresentava essa elasticidade.

Hermione foi para um dos quartos menos mobiliados do primeiro andar da mansão, onde certamente conseguiria praticar sem quebrar muitas coisas importantes. Sem nem mesmo lançar o primeiro feitiço, ela já sabia que a varinha a desobedeceria, e não só porque não conseguiu desarmar Bellatrix antes de sua morte, mas também porque tinha a estranha sensação de que a varinha sabia que ela era trouxa.

Mesmo assim, Hermione levantou a varinha e apontou-a para o vaso de aparência não tão cara que ela havia colocado na prateleira diante de si. Ela alargou as pernas e ficou mais ereta, com os ombros revirados. Inspirou e pronunciou um feitiço: "Wingardium Leviosa".

O vaso tremeu por um momento, mas permaneceu obstinadamente parado. Hermione suspirou frustrada, sentindo o peso de sua falta de varinha pressionando-a. Ela não conseguia deixar de comparar isso com a magia sem esforço que havia exercido com sua própria varinha, a sensação de poder e controle que havia experimentado. Com a varinha de Bellatrix, ela se sentia como uma impostora, uma convidada indesejada no mundo da magia.

Dragon's Heartstrings | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora