Doze

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Desço devagar as escadas, na expectativa de ir até a sala de jantar e encontrar a mesa cheia de comida e completamente vazia de pessoas, mas para a minha "alegria" a doutora estava ali.

— Bom dia! — falou com um sorriso imenso no rosto — Vejo que está com a vida ganha por estar acordando essa hora da manhã.

— Com certeza. Esqueceu que quando você morrer vai vim tudo para mim? — me sento bem longe dela, mas perto o suficiente das comidas.

A Valda estava ali perto e com certeza estava gritando internamente para que eu não desafiasse a juíza Cesarini logo cedo. Mas que se foda, eu não me importo.

— Isso se você merecer está no meu testamento,minha querida.

Dou um sorriso sem graça para ela e como um pedaço de bolo.

— Milagre você dando as caras nessa casa em plena terça feira. O que foi? Vai se aposentar?

— Não. Eu quis dar uma pausa para ver minhas filhas. Não posso?

— Pode. Claro que pode. Só acho meio esquisito você querer fazer isso logo agora que já perdeu boa parte da vida de suas filhas. — sorrio novamente, só que de um jeito ácido e ardiloso.

— Morgana… — Suspirou pesadamente. — Eu não quero brigar. Só quis vim para ver você e a Maria.

— Okay. — levei um copo com suco de laranja até minha boca — Faça o que quiser, só não finja que se importa com a gente..

— Morgana! — a Valda me repreendeu e então eu me calei e retrai meus ombros.

— Obrigada Valda. — Minha mãe diz com um pequeno sorriso no rosto.

O Silêncio reinou por alguns segundos naquela mesa, um silêncio constrangedor e vergonhoso, mas não era para mim e sim para a doutora.

— Você disse que queria falar sobre o meu pai, não é? O que aconteceu? Ele resolveu dar as caras. — desdenhei.

— Não. Eu falei de você para ele, e agora...ele quer te conhecer. — fiquei extasiada olhando para ela com a boca entreaberta e sem acreditar em nenhuma palavra que ela tinha acabado de soltar.

— Tá dizendo que meu pai não sabia que existia durante todos esses anos?

Ela tamborilou os dedos no ar, e engoliu em seco. Estava pálida, e parecia que uma corda apertava seu pescoço.

— RESPONDE!

— Sim..ele não sabia sobre você durante todos esses anos.

Minha primeira reação foi levantar daquela cadeira,mas a segunda não pude realizar,porque era jogar a cadeira bem na cara dela.

— 19 anos. — sorri. — A porra de 19 anos, Cesarini!

— Morgana, eu posso explicar. Mas você tem que me ouvir..

— Ouvir você?! Você me escondeu, me proibiu de ter um pai presente! Me deixou sozinha nesse mundo e quer que eu ouça você?

— Não foi..

— Não foi de propósito?! É isso que você vai falar, não é?

— Morgana ouça sua mãe.

— Você vai ficar do lado dela também? — Pergunto, completamente incrédula para a Valda que me olhava com uma pena sem tamanho.

— Não tem ninguém do lado de ninguém Morgana Cesarini! — A voz da minha mãe passa de pacífica para agressiva e autoritária. — Eu só quero reparar meu erro. Um erro gravíssimo que eu cometi com você.

𝐹𝑜𝑢𝑟 𝑖𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑛𝑖𝑛𝑔 - 𝐼𝑧𝑢𝑘𝑢 𝑒 𝐾𝑎𝑡𝑠𝑢𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora