* o dia em que tudo começou *Era a volta das férias de inverno quando voltei para a escola entusiasmado em contar tudo que fiz no tempo fora, me lembro claramente no momento em que pus meus pés lá e indo diretamente até Sara para matar a saudade que senti. Eu estava vestido com o uniforme da escola, juntamente com meu gorro favorito e meu par de sapatos novos.
Sara e eu ficamos abraçados enquanto conversávamos com o restante dos meus amigos, estávamos rindo e tirando sarro da cara de Patty por passar vergonha logo no primeiro dia de aula. Foi então que um garoto novo aparece entre os corredores e passou por nós despercebido, por um momento, ficamos curiosos em saber quem era aquele novato.
Ele soava ser tímido e calado pelo fato de não conhecer ninguém da escola, seu visual não era tão ruim assim, seu cheiro era doce e sua vibe me fez sentir borboletas no estômago. O sinal tocou e ao entrar na sala, Bianca não parava de comentar sobre ele para Patty, e foi aí que tomei a iniciativa de ir lá conhecer o sujeito.
Ponho meus pertences de lado da classe e me sento ao seu lado me apresentando, ele sem jeito faz o mesmo e começa a ficar nervoso roendo as unhas sem parar. Quando percebo, tento soar mais amigável e deixá-lo mais à vontade:
— E aí cara, de onde tu veio?
— Não sou daqui, sou de Washington. - percebo pelo seu sotaque - Meus pais vieram pra cá e me matricularam aqui, fiquei sabendo que essa escola é muito boa. Espero me dar bem com todos, tenho dificuldade em fazer novas amizades.
— Fique tranquilo mano, aqui todo mundo é gente boa. O que tu precisar é só falar comigo, você vai curtir aqui. - digo em um sorriso -
— Obrigado!! - ele retribui o ato - Qual é o seu nome?
— Sou o Benjamin mas pode me chamar de Benji, e você?
— Me chamo Murilo, muito prazer! - ele estende o braço -
— Seja bem-vindo! - respondo o apertar de mãos - Espero que goste daqui.
Antes mesmo de nos falarmos mais, a professora de química entra na sala interrompendo nossa algazarra, pondo seus livros na mesa e passando cópias de fórmulas estranhas para resolvermos, o que eu mais detestava fazer. Sara então me manda mensagens por papéis de seu caderno perguntando sobre Murilo, escrevo um breve resumo descrevendo-o como uma pessoa muito gentil e amigável, após isso devolvo a mensagem e me concentro nos exercícios que recebi.
— Quer ajuda? - ele rompe meu transe -
— A-ah, não precisa mas obrigado. Patty sempre faz meu dever de química, ele sabe que sou péssimo nisso. - digo sem graça -
— Por que você não tenta? Não é tão tenebroso assim quanto parece, é bem simples.
Fico confuso em ver todas aquelas resoluções no papel que não consigo pensar em como iniciar aquilo, Murilo então me explica fazendo breves rascunhos no lado reverso e cuidadosamente organiza suas palavras de uma maneira convincente. Sua explicação foi tão boa que pude ter a audácia de tentar fazer os restantes que faltavam e por um milagre, eu os acertei todos.
— Viu, não é tão ruim assim. - ele me felicita acariciando meu ombro esquerdo - Na próxima eu cobro, ter meus conselhos não é tão barato assim. - seu deboche me rouba risos longos e altos -
— BENJAMIN!! Mais uma sua e eu te ponho pra fora. Silêncio, por favor! - sou repreendido pela professora -
— Desculpe-me! - tento parar os risos curtos que ainda não me deixam, enquanto Murilo me observa de canto e tira sarro de mim -
— Amor, o que foi isso? - Sara fica tão surpresa com minha ação que me dá leves beliscos de vergonha -
— Nada não, só estou feliz mesmo. Esse Murilo é muito engraçado! - cochicho em seu ouvido -
Desde então, fiquei feliz em conhecer o novato e ter tirado as más impressões que tive brevemente mas pude sentir o desconforto de Sara na sua presença, ela nunca se sentia bem perto dele.
[...]
No fim daquele período, fomos à quadra para a aula de educação física com um sol fraco e o frio nos impossibilitando de praticar qualquer coisa. Enquanto o restante do grupo ficou se aquecendo, eu, Sara, Bianca, Patty e Beatriz nos posicionamos na quadra de vôlei e organizamos uma partida curta. Estava correndo tudo bem, até que Patty me questiona sobre mais cedo e consigo sentir os olhares deles em sinal de julgamento, causando um desconforto indesejável entre nós.
Dentro daquela situação, não consigo ser verdadeiro com eles, dizendo apenas que me alterei um pouco. Tive sucesso em amenizar aquele papo mas a incerteza ainda continuou, deixando o clima tenso.
Murilo entra em meu campo de visão logo depois, fazendo alongamentos simples com os braços. Recuo o olhar na partida outra vez e continuo o jogo infeliz, ao arremessar a bola para o outro lado da rede, o vejo sentado nos observando jogar e observa os demais fazendo algum tipo de atividade. O professor ao notar ele parado dá um aviso prévio e o manda realizar alguma atividade ou iria levar falta de sua aula, ele então pega a bola de basquete e tenta acertar a cesta mas não acabou tendo sucesso.
— Idiota! - sussurro já rindo -
— Benjamin, olha a bola!! - Bianca me avisa rapidamente mas já sinto-a bater em meu rosto -
— Foi mal, mano. Cê tá legal? - todos se aproximam -
— Sim, não foi nada. Eu estou bem!
Me retiro a ponto de tomar um ar e relaxar um pouco, fiquei meio zonzo com a batida que tive dificuldade de enxergar algumas coisas em volta. Caminho até o bebedouro mais próximo e encho a garrafa d'água e leio um dos anúncios exposto no mural da escola, onde havia alguns avisos de gincanas e outros de possíveis passeios de final de ano e o restante claro, fofoca.
— Tu estás bem? Te machucou lá? - Murilo quebra o silêncio me assustando com sua chegada -
— E-estou sim, não foi nada! - me engasgo com a situação - Só me distraí na hora, coisa boba.
— Entendi. - noto seu semblante preocupado -
— Conseguiu acertar alguma cesta? - pergunto curioso -
— Como sabe que eu estava tentando? - ele franze o cenho -
Fico sem resposta ao ouvir sua questão que me calo por um tempo, ficamos assim por minutos, ainda quietos ele fica na espera da minha resposta.
— Enfim, tome cuidado na próxima vez! - o silêncio é rompido - Não se distraia assim.
Permaneço calado ao observar seu sorriso tímido e sem jeito; a partir desse momento, eu não me senti mais o mesmo, meus sentidos perderam suas funções e calafrios me tomaram ali.
Me sinto estranho, o que há comigo?
I want to feel it again, before I leave.
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The Price of a Life
Teen FictionMurilo é o mais novo estudante da escola Santmant, transmitindo altas impressões ao público. Mas consequentemente ele acaba com a hierarquia que havia lá, provocando muitos problemas entre os alunos; principalmente a Benjamin.