Impostor

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* atualidade *

      Para entender a confusão toda, temos que ver a raiz do problema, não é mesmo?

      Assim que Sara se pôs para dormir, seu celular começou a vibrar constantemente, que quando verificou o que era, viu o nome de Patty na chamada. Ela sem paciência, revira os olhos e o atende com pressa, deixando clara sua frustração.

      O papo não foi longo, pela cara dela não era algo bom, os dois quase nunca se falavam. Eram exatamente onze e meia da noite que ela deu passos suaves e lentos até a porta, colocando a chave de seu carro no bolso e se dirigindo até ele.

       — Estou a caminho, espero que seja algo importante mesmo! - em um áudio, sua mensagem foi enviada -

      À medida que seu ódio ia crescendo, seus pés afundaram o acelerador e sua segurança estava cada vez mais vulnerável.

...

       — Por que está tão avoada? - ele pergunta a observando de cima a baixo -

       — Para de gracinha, Patty. Olha a hora que é pra tu vir de palhaçada! - seu tom de voz é baixo e rude -

       — Eu estou aqui, Sara. - Patty se encontra calmo e sentado no chão de seu pátio - Desde quando você tem essa autoridade para falar com meu irmão desse jeito?

       — Não era tu que o menosprezava? - ela rebate -

       — Com licença, creio que o assunto não está ligado a mim então, boa noite. - seu irmão se retira -

       — Não vá Patrick, a razão de estarmos aqui é por sua causa!

       — Como assim, minha causa? Até então, a merda toda rolou por conta dessas duas! - os dois se alteram no tom -

       — Meninos, é sério?! Viemos aqui só para discutirmos sobre isso? Inacreditável!

       — É Patrick mas tu fez uma burrada no meu nome, agora o Benji faleceu achando que seu melhor amigo o traiu! Olha a gravidade da situação, quando que tu irá crescer, hein?!

       — Do que vocês estão falando? - Sara fica confusa com o acontecido -

       — Fala aí maninho! - Patty o provoca -

       — Que babaca que tu és! É muito fácil vir querer jogar a culpa nas minhas costas mas agora aceitar a verdade é tão difícil, né?!

       — Não foi isso que tu fizeste em se passar por mim e dizer aquelas coisas horríveis pra ele e Murilo!

       — Vocês dois cometeram uma permuta? Mas por quê?

       — Esse animal queria um tempinho de toda essa ladainha e me pediu para assumir o lugar dele mas agora ele quer vir reclamar de algo que ele mesmo deixou acontecer.

       — O que eu te pedi foi um dia, um dia! E mesmo assim, você conseguiu fazer um inferno na vida deles!

      Sara em meio a discussão começa a ter tonturas e baixos refluxos, Patrick e Patty começaram uma pequena briga enquanto Sara continuava passando mal bem na frente deles. As coisas estavam saindo do controle e por sorte, nada grave aconteceu.

      A arruaça se alastrava e os gritos eram escutados de longe, aquilo já estava passando dos limites. Não demorou muito para alguns de seus vizinhos reclamarem e chamar a polícia para acabar com o escarcéu.

      Que vexame!

[...]

       — O que foi que vocês aprontaram agora? - Bia comenta frustrada -

       — Foi tudo a culpa do Patrick. - Patty responde -

       — Quem é Patrick? - Murilo e Bia questionam -

       — Não conhecem? - Sara dita em um riso curto - É o irmão gêmeo do Patty, parece que ele não contou tudo sobre ele para nós.

      O silêncio foi tomado por instantes, nunca na vida os dois tinham visto nada daquilo, Patty e Patrick um do lado do outro era como um clone indiferenciado, era difícil notar algo diferente neles, eu mesmo tinha essa dificuldade.

      Quando a coisa esfriou, cada um foi para um canto continuando em silêncio. Nada explicava a frustração e raiva de todos ali, quem será que foi o responsável por todo o problema?

       — Murilo, me desculpe. - Patrick se redimi a ele -

       — Qual dos dois você é? - ele fica confuso -

       — Sou o Patrick.

       — Olha, eu não estou raciocinando bem agora então se não se importa, eu vou me retirar primeiro.

       — Espere! - ele o segura pelo braço -

       — Não me leve a mal mas você arruinou a minha vida e a do Benji, e ainda roubou a identidade do seu irmão, o que se passa na sua cabeça?

       — Ele que me pediu para fazer isso, eu juro que não fiz nada para magoar ninguém. Me perdoe, por favor.

       — Eu me ferrei muito sendo trouxa, não quero cometer o mesmo erro. Você não faz ideia da dor que causou em todos, e a mim também.

       — Uma das razões de eu querer viver a vida do meu irmão foi por sua causa, era inexplicável o quanto me sentia bem perto de ti. Agora eu entendo o Benjamin, ele nunca curtia muito quando eu me aproximava muito.

       — Que engraçado, ele sabia de vocês dois e não me contou. - seu semblante muda drasticamente -

       — Eu pedi para ele não contar, meus pais iriam me matar se soubessem disso. Ele sempre quis te contar, sempre mesmo.

      Até que enfim uma verdade saindo da boca dele.

       — Agora que tudo foi esclarecido, não volte a fazer isso. Já sofremos muitas consequências.

       — E então estamos de boa agora?

       — Eu te perdoo mas não vou esquecer do que tu fizestes tão facilmente, aquilo doeu demais.

      Não seja burro Murilo, ele é um baita de um interesseiro chantagista!

       — Sinto muito, prometo que irei te recompensar nisto. Muito obrigado pelo voto de confiança, irei fazer o meu melhor. - ele o envolveu em seus braços -

      Murilo não sabia o que pensar, seu psicológico estava péssimo. Como um bom garoto, ele não recusou o abraço e descansou sua cabeça em seu ombro, deixando uma lágrima cair de seus olhos.

     Ele estava farto de tudo, eu admiro sua resiliência, quem dera eu ter tido essa força. Murilo nunca demonstrou fraqueza, uma das coisas que sempre me preocupava, quando nos víamos era sempre a mesma resposta.

      Eu estou bem!

      Talvez ele não quisesse se expor ou não queria pesar o clima, mas mesmo assim, como ele suportava tudo sozinho?

       — Eu vou para casa, minha irmã deve estar chegando a essa hora. - os dois se recompõe -

       — Eu vou contigo, já é tarde e é muito perigoso tu ir sozinho.

       — Não se incomode, minha casa é perto daqui. - ele lança aquele sorriso encantador dele -

       — De jeito nenhum, vamos! - Patrick o puxa pelo punho e segue até a porta da saída -

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The Price of a LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora