O convidado especial da noite

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      O jantar na mesa está servido e nada do Benji aparecer ainda, será mesmo que ele não comerá minha comida?

      Ajeito um pouco mais os talheres e ponho papel toalha sob eles, para dar um ar de elegância. Coloco o prato de massa no centro da mesa e trago junto um suco natural e um soda, para não ser tão ostentado assim.

      Ouço Benji se aproximar e admirar o cenário um tanto surpreso; puxa uma cadeira e se senta mais à vontade, me deixando mais calmo.

       — Hoje você não está transparecendo frugalidade. - ele sorri ao me dizer - O que te deu hoje?

       — É uma forma de agradecimento por você se disponibilizar em ficar comigo. - nós dois coramos ao perceber da interpretação - Digo, e-em deixar de f-fazer algo por minha causa.

      Ele ri de repente ficando sem jeito com minha balbúrdia, minha vontade era fazê-lo esquecer aquilo de tanto constrangimento.

       — Quer experimentar? - refiro-me à massa -

      Ele confirma ao sacudir a cabeça em positividade e logo o sirvo cuidadosamente, colocando uma colher para ver se aprova minha culinária. Vejo a primeira garfada entrar em sua boca e começo a ficar ansioso com sua acrimônia.

      Ao degustar a massa, seus olhos fixam no prato, o semblante é indescritível e suas mãos abrem e fechem devagar. Isso é um bom sinal?

       — Murilo, desde quando você cozinha? - seu tom é sério -

      Engulo em seco e o respondo sincero.

       — Desde que meus pais se distanciaram de mim. Minha irmã já estava finalizando sua especialização e não tinha tempo de cuidar de mim então comecei desde cedo.

       — Entendo. - o vejo tomar um gole de suco - Não irá se servir?

      Faço o mesmo que antes, sirvo-me uma colher e experimento já meio tenso. Me surpreendo em notar o gosto mais delicioso que o normal que não entendo o mistério dele, isso me corroê de curiosidade.

       — Vou ao banheiro, já volto.

      Não sei o que fazer, ele gostou ou não do jantar?

      Dou uns segundos até perceber a demora de Benjamim no banheiro que não contive de ir verificar se estava tudo bem. Chego a frente da porta e tento formular uma questão não tão óbvia mas paro assim que escuto ele forçar expurgos.

      Me sinto ofendido na hora que me afasto dali decepcionado, acabado. Sento-me novamente a mesa e início o jantar no modo solo.

[...]


       — Murilo?

       — Sim? - respondo sonolento, deitado na cama -
  
       — Obrigado, por hoje.

       — Beleza, não há de quê!

       — Me desculpe, pelo episódio do banheiro. Eu sei que tu escutou. - sua voz é melancólica -

       — Não precisa se explicar, está tudo bem! - me sento como índio e o observo no chão, sentado -

       — Não mesmo? - ele se levanta a caminhar em minha direção -

       — Eu nunca cozinhei pra ninguém além da minha irmã, foi minha primeira vez. - baixo a cabeça em decepção -

      Benjamin senta-se ao meu lado e obriga meu corpo a juntar ao seu, fazendo com que eu me descanse em seu ombro. Choro assim que sinto seu braço envolver sobre meu peito e o massagear levemente. Ele enxuga minhas lágrimas e inicia um cafuné para que eu me acalmasse e o efeito que aquilo me causou é melhor que um fluoxetina.

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