Ponto de partida

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      Em meia hora sentado feito um trouxa, começo a implorar por uma cama e um alimento quentinho pela fome que me ataca; Benjamin é foda.

      Resolvi colocar os pares de fone e esperar mais um pouco por uma alma a sair daquela sala, ansiedade excessiva fez morada no pequeno indivíduo sentado naquele corredor.

       — Você por aqui? - David chega em seguida -

       — Não enche, vai. A última coisa que quero desta escola não é olhar para ti e se não for mau educação estou de saída.

       — Por que você sempre foge de mim quando me aproximo? Isso me deixa mau pra caralho.

       — David! Não venha com drama antes de....

       — Eu sei que errei, Murilo! - sou interrompido de uma forma assustadora enquanto seus olhos se concentram a mim sérios - Mas eu estou arrependido, eu te amo pra porra. Só você que não nota, nunca notou...

      Ficamos em silêncio por alguns minutos olhando um para o outro perdido com os pensamentos, David nunca foi de demonstrar sentimentos como agora; é assustador.

      Nunca consigo me fixar em um lugar se quer, há sempre uma confusão por onde for. Minha decisão já está tomada e não irei voltar atrás, aqui se acaba toda a história do velho Murilo.

       — Viu só - ele inicia primeiro - sempre é assim, calado como das outras vezes. Nunca consigo saber o que se passa na sua cabeça, um dos motivos que eu me odiava cada vez mais em não te decifrar direito. Você é um livro com pontas soltas, Murilo.

      Fico refletido enquanto noto ele dar passos para fora do corredor, e por ventura do inesperado, uma lágrima caiu do meu rosto espontânea e dolorosa.

      O que cê fez comigo?

       — Amou o caralho! - retruco baixinho -

       — É o que você pensa, nunca se esqueça do dia que nos afastamos o quanto lutei por te ter de volta. - continuo a olhar para trás para não olhar ele dar meia volta -

       — Você me machucou de mais! - falo embargado e com dificuldade - Não quero mais lembrar daquilo, nunca mais! Você foi um cuzão, UM COMPLETO FILHO DA PUTA!

      Me alterei tanto que por impulso, David me abraça fortemente aguentando os socos que dou pela raiva da lembrança; aos poucos, baixo a frequência e me rendo completamente pelo seu cafune até me acalmar. Eu estava vivenciando algo que nunca aconteceu no nosso relacionamento, afeto.

      Seu cheiro ajudou um pouco a voltar minha respiração e sentir o doce perfume que usava no momento, minha adrenalina agradeceu seu empurrão a aurora boreal dos braços que me seguravam. Por que estou tão poético?

       — Amo estar sob controle, seu corpo foi feito para o meu. Te encaixo sem dificuldade alguma, é tão bom a sensação.

      Contínuo quieto sem mover um músculo, a escutar sua respiração um pouco ofegante. Nada faz com que nós pensamos qualquer coisa a respeito, parados e traçados era o jeito de estar.

      Como tudo isso chegou a esse ponto? Até então, David era pasado na minha vida e agora estamos presos um ao outro.

       — Meninos? - A coordenadora se espanta ao abrir a porta - Posso ajudá-los? - já lança um olhar sério com o levantar de uma sobrancelha -

       — S-sim! - respondo ao voltar ao eixo - Quero resolver aquele assunto pendente...

       — Mas que assunto?.... - David não consegue finalizar sua pergunta ao notar da coordenadora -

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⏰ Última atualização: Oct 30 ⏰

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