The Price of a Life

Utopia de desgraça

* quebra no tempo *

       — Foste muito bem lá, arrasou! - em um sussurro repentino, Benjamin me parabeniza causando-me um suspiro rápido pela surpresa -

       — V-valeu! - comento sem graça pelo susto - Deves-me desculpas por duvidar dos meus talentos, não é?

       — Ah, senhor das razões - cantarola o mais alto - devo te chamar assim de agora em diante?

       — Não é mais que o suficiente, não acha? - palpito ao levantar uma sobrancelha -

      Minhas dores do corpo foram embora assim que recebo o belo sorriso dele à mim, como um simples ato pode causar danos drásticos a um mero ser?

      Perco a linha sempre ao encontro dele, esse garoto tem uma facilidade tão grande de me desestabilizar com só um estalar de dedos. Agora, querendo ou não, estou em apuros em me apaixonar por um menino cis e hétero, é um caminho sem volta.

       — Sabe que não precisava fazer aquilo, né? - sou trago de volta dos meus devaneios -

       — Hum?

       — Ter se inscrito nesta categoria. - ele continua o sermão - Não sei onde estava com a cabeça de ter concordado nisso, se seu médico descobrir, estou frito!

       — Pare de drama! - digo em risos - Estou totalmente recuperado já, meu corpo tem um processo regenerativo fora do comum. E também quis ajudar de alguma forma, não quero ser o inútil do time.

       — Não diga isso Muri, nunca alguém pensaria desta forma.

       — Com que certeza você acha isso? Seu pensamento pode ser diferente dos demais.

       — Só não pense muito nisso - sua mão vai ao encontro da minha, acariciando o dorso com extremo cuidado - o que fizeste foi incrível. Sinceramente, sou merecedor de te ter na minha vida?

      Um tiro bem mirado acertou o alvo em cheio sem chances de escapatória, assim como congelo após ser questionado com um olhar genuíno do jovem que nenhuma palavra permitiu sair da boca.

      Em um movimento involuntário, levo minhas mãos em seu rosto e selo meus lábios nos dele, sentindo a leveza e a doçura do curto beijo que disse tudo o que senti quando pensei na resposta. Benjamin não recusa o ato mas permanece relutante com tudo, fui limitado em sentir minha língua passear no território que tanto quis explorar.

       — Eu sinto muito, isso não era pra acontecer! - saio assim que percebo o erro que cometi, envergonhado de cruzar a linha sem pensar no amanhã -

       — Murilo, espere!

...

      Nunca me senti tão realizado e arrependido ao mesmo tempo, a adrenalina me nocauteou legal no meu momento mais desprevenido. Nenhum passatempo foi o suficiente para me trazer de volta a realidade, aquele momento não saia de jeito nenhum das minhas lembranças.

      Não penso em sair de onde estou tão cedo, em tantos lugares que poderia me esconder fui logo no mais óbvio mas o medo de encontrar Benjamin no caminho era grande o suficiente para me deixar sair para um local mais seguro.

      Refresco-me um pouco pela tensão que meu corpo sofreu e respiro e inspiro muitas vezes mas estava longe de encontar estabilidade, minha vontade era de sumir e nunca mais aparecer nesta vida.

       — Murilo, o que houve? - levanto-me rapidamente desejando ser qualquer pessoa -

       — Ah, é você! - digo em um abraço, aliviado em ver Bia sozinha -