The Price of a Life

Ombro amigo

      — E então, Benjamin. O que tens para me dizer hoje? - Marília me questiona -

     Já faz cinco minutos que estou aqui mas parece uma eternidade, assim que concordei em fazer terapias, meus pais me trouxeram o mais rápido possível.

     Tento me acomodar na cadeira confortável  e recompor minha postura, engulo em seco e respondo:

      — Você acha que a morte resolveria meus problemas? - pergunto -

     Ela então arruma uma de suas mechas atrás da orelha e umedece os lábios, colocando uma mão por cima da outra.

       — Não Benjamin, a morte não é a solução para seus problemas. Eu entendo que sua vida se encontra nos trilhos errados mas isso não significa que está tudo perdido.

       — E tu me indicas fazer o quê?

       — Eu não tenho a resposta para isso, quem deves saber disto é você mesmo. Aconcelo você a rever suas questões, há muitas coisas na sua vida que não valoriza.

       — Se eu realmente sei o que fazer, por que estou aqui? Pelo que eu sei, uma psicóloga ajuda às pessoas.

       — Isso mesmo, eu ajudo pessoas. Mas não estou aqui para que tu sigas minha opinião, estou aqui para te mostrar o caminho mais fácil e tu quem vai escolher o melhor para ti.

      Permaneço uns minutos calado refletindo sobre o assunto, não consegui montar mais roteiros de fala para a sessão do dia que ficamos nos observando.

[...]

       — Como foi hoje na terapia, filho. Gostou?

       — Foi bem relativa. - digo me aprontando para o jantar -

       — Teu professor me passou a prova de hoje para que tu faças o quanto antes. - ele dita enquanto digita em seu notebook - Coloquei no seu bidê, não esqueça de fazê-la.

      Estar no meio dessa farsa me enoja constantemente, viver em um lugar fictício tem seus problemas.

      Embora eu ter que suportar o momento, uma válvula de escape surge em meio o tormento. Patty meio esquisito participa do jantar conosco e não comenta nada durante o tempo, algo parecia incomodá-lo ali. Antes mesmo de terminar a refeição, percebo suas breves olhadas para o celular e um semblante fechado surgiu de repente.

      Ele se retira rapidamente para a sala de estar e escuto seus sussurros de longe. Tento chegar o mais perto possível para entender o que estava acontecendo e ele nota minha atitude idiota de sempre.

       — O que foi, Benjamin? Pode sair de trás dos cômodos. - percebo sua frustração -

       — Há algo de errado? - tento puxar qualquer brecha de informação dele -

       — A pergunta correta é cê há algo de certo, mas parece que o karma me persegue.

       — A propósito, você tem falado com a Bianca?

       — Não, ela está meio estranha sabe.... parece que algo está mudando o comportamento dela.

       — Como assim? - começo a ter falta de ar -

       — Ela sumiu de repente depois da aula, nosso momento Cryspi não foi completo.

      O momento Cryspi é os acontecimentos que temos de fofocas e das teorias dos alunos na hora do recreio.