Presas sobre abutre

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      A pior parte de estar na sensação de liberdade possivelmente nunca reparamos quando a sentimos, porém, nada é para sempre e algo novo sempre surge. Querendo ou não, a história sempre terá duas versões diferentes uma da outra, o certo e o errado, o bem e o mal. É inevitável escapar disto, mesmo tentando de diversas formas se esquivar do prejuízo.

       — ALÔ, É DA EMERGÊNCIA? PRECISO DE AJUDA, ESTOU SENDO PERSEGUIDO POR ALGUÉM! - solicito em alta velocidade em alguma estrada velha deserta -

       — Preciso que se acalme moço. Poderia me dizer seu nome e sua localização, por favor? - a atendente permanece calma do outro lado da linha mesmo com minha entonação elevada -

       — A-AH, NÃO SEI DIZER AO CERTO! TERIA COMO LOCALIZAR ESTA CHAMADA, NÃO? ALÔ, MOÇA. TÁ AÍ?! - a chamada é encerrada antes mesmo de eu terminar de falar -

      Sigo pela estrada até achar um terreno abandonado e uma possível comunidade mais a frente, senti um alivio imenso de ver aquilo que lacrimejei eufórico. Em menos de vinte quilômetros do local, um dos pneus estourou e tive que abandonar o veículo e seguir a pé até lá. Com minha respiração ofegante tive problemas em manter um ritmo mais rápido que dificultou na corrida me fazendo tropeçar em algum tipo de paralelepípedo, me esfolando inteiro no chão. Ignorei o fato de ter deslocado qualquer membro do meu corpo que levantei com as forças que me restavam e segui o caminho a mancar.

       — SOCORRO!! ALGUÉM... Alg....... - desmaiei cansado pelo esforço que fiz -

...

      Acordo meio zonzo e com dificuldade de me levantar, sinto-me preso e impossibilitado de se quer mover um músculo. Meus braços e pernas estavam amarrados, vejo sedativos na mesinha ao lado e uma sombra parada em minha frente.

       — É por precaução, não me leve a mal. - ele se refere quando percebo -

       — Por quê está...

       — Não achou que iria escapar assim tão fácil, né? - sou interrompido rapidamente - Olha sendo bem sincero, você é bem corajoso e ardiloso mas não abuse da minha bondade. Nunca fui com a tua cara desde o início....

       — Tu estás tão deplorável quanto antes - não deixo ele terminar de me insultar ainda vulnerável - e se ele te visse desse jeito?

       — Como se atreve a mencioná-lo no assunto?!

       — É por isso que estou sendo mantido aqui?

       — JÁ CHEGA!! Levem-no para o quarto e preparem meu carro, tenho que resolver um assunto! - ele se retira juntamente com seus capachos e sou levado para o quarto em seguida -

      Até quando terei que viver assim? E o que me espera lá fora? E se minha vida fosse como este cenário? É tantas perguntas para poucas respostas, essas paredes e os fechos de luzes destrancam questionamentos que nunca tive.

[...]

      Novamente em meu " quarto ", sentei-me a beira da cama e fiquei observando aquela parede com uma única janelinha perto do forro, hoje foi o único dia em que pude ver a luz do sol refletir minha pele e sentir a brisa da primavera. Não tinha como saber a hora mas suponho que já se passam das duas da tarde, que relevância tem isto?

      Avisto algumas feridas em meu corpo infeccionadas por falta de cuidados e as marcas das algemas nos pulsos, mesmo trocando de roupa o cheiro era evidente de falta de higiene e traços de anemia pela pele pálida com falta de nutrientes importantes para o corpo. Assim como minha mente, meu corpo estava fraco e sem vida, a esperança de sair desse cubículo era algo além do meu alcance que a única coisa que conseguia fazer era ficar o dia inteiro deitado encarando o forro branco do quarto. Em poucos minutos de sossego, ouço a porta ser destrancada e aberta logo em seguida, iluminando um pouco o cômodo; o homem com um blazer azul marinho e sapatos italianos, acompanhado de anéis nos dedos em um grande relógio de ouro no punho esquerdo suspira seco e ordena que eu me levantasse perante sua presença ali.

       — Por acaso está envolvido nisto? - vejo um trapo velho em suas mãos -

       — Não faço ideia do que seja isto e como eu teria relação nisso sendo que estou aqui?

       — Você pode parecer esperto mas comigo não cola, eu sei que isto pertence a sua amiga e sabe onde achamos? - suspiro aflito com a pausa dramática - Perto de umas terras minhas lá no bosque, que por coincidência, um dos meus homens foi abatido.

       — Não posso fazer nada se eles são incompetentes. - dou uma resposta irônica -

       — Olha aqui, mocinho. Acho bom você colaborar comigo ou então, não verás a luz do sol nunca mais.

       — Faça o que quiser, por mim não terá diferença nenhuma. - bato de ombros sem esperança alguma de sair dali -

       — Dispa-se!

       — Como é? - noto seu tom fora do comum me assustar -

      O homem sem me fornecer a resposta rasga a blusa que eu estava vestido e abre o zíper da calça brutalmente, me deitando sobre o colchão velho que durmo todas as noites. Ouço logo em seguida o mesmo desbotar o nó de sua gravata e envolver no meu pescoço, contraindo com um pouco de força para que eu obedece-se seu comando.

       — O que está fazendo?! - exclamo esbaforido sentindo às mãos quentes do rapaz -

       — Uma distração! - em risos ele informa sem parar de me apalpar e passear com sua língua nos meus maxilar - Você é tão gostoso!

      A cada instante, me anojo mais da situação que permaneço impedido de sair, ele causa marcas no meu corpo inteiro e ri da situação saciado de aliviar sua raiva em mim. Era impossível não sentir a ereção daquele homem passar em minhas coxas e fingir que tudo iria passar, quanto mais me debatida por liberdade pior ficava a tortura.

       — Isso aí, bom garoto! Fique parado até que me sinta satisfeito, delicinha! - em sussurrar em meus ouvidos, sou informado com prazer -

      Não contenho às lágrimas escorrerem nas maçãs do rosto e caírem alfinetando os dedos das mãos enraivado de passar por isso outra vez, o homem geme com tanto prazer de me ver daquele estado que cala minha boca com a palma de suas mãos sujas de graça; a consequência de não impedir seu orgasmo.

      Lembranças me tomam quando fui abordado por James e o próprio me fez escravo do seu desejo imundo, os mesmos gritos que preenchiam minha mente voltaram com maior entonação e desespero, a dor virou minha melhor amiga desde então. Fios bagunçados, suor de sangue e corpo estagnado me descrevia no momento.

      Luxúria nojenta!

The body cut into crumbs for the poor.

The Price of a LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora