Escrito no teu olhar

Capítulo 6 - A noite do semáforo

Mais uma noite bem passada na companhia daqueles que seriam os meus novos amigos. Mais um dia de piscina sempre a conhecer gente nova e a tão esperada noite: a Festa do Semáforo.
Ao final da tarde o guia passou a informar que às dez tínhamos que estar na saída do resort porque era onde estariam os autocarros para nos levar e também que o tema da festa era Semáforo, ou seja, cada pessoa iria escolher um par de óculos para usar e os outros perceberem o estado civil dos outros, para não dizerem que não sabia. Óculos vermelhos para pessoas comprometidas, óculos amarelos para pessoas em situações complicadas e óculos verdes para os solteiros solteiríssimos.
Admito que estou à espera desta festa desde que pousei os meus olhos nos dele.
Pela primeira vez saímos de casa aos dez para as dez, um grupo com cerca de vinte pessoas. A animação na fila de espera para o autocarro é maravilhosa. Os quarenta e cinco minutos de viagem foram ocupados por belíssimos cantores.
A tenda é enorme e cheia de luzes.
Welcome to paradise.
Entrei. Peguei num par de óculos verdes. E, mais uma vez, encontrei aqueles olhos que agora acabaram de perder um pouco do seu mistério, tem óculos verdes. Significa que é solteiro.
Pedimos a primeira bebida e fomos curtir a festa. Um ambiente bem diferente do resort. Com zonas VIPs nas laterais do palco, e que palco! Enorme e todo decorado. Desde que furámos pela multidão para ver melhor que não vejo aqueles olhos. Não devo nada a ninguém, vou aproveitar a festa!
Quando estava a dançar vi um rapaz chegar-se a mim, temi que fosse o outro da sangria ou que tivesse as mesmas intenções, mas era diferente. Meteu conversa comigo, conversa fiada mas eu também já estava um bocadinho aquecida. Disse-me que estava gira, pelo menos alguém reparou! O outfit do dia é um top vermelho com umas calças pretas com florinhas, bem good vibes combinado com cabelo encaracolado bem rebelde.
Pediu permissão para me beijar. Olhei à volta e encontrei os olhos que tanto queria ver mas pensei "Mais vale um pássaro na mão do que dois voar". Movi a cabeça afirmativamente e beijámo-nos. Trocámos redes sociais mas dentro de mim não me sentia satisfeita, não era ele quem eu queria. Arranjei uma desculpa para sair dali.
Fui à rua apanhar ar fresco, respirar fundo e pedir outra bebida para ver se a coragem aparecia.
Voltei para a festa e encontrei só os meus queridos vizinhos do bungalow quatro e lá estava ele, no seu canto tímido a dançar. Aos poucos foi-se aproximando de mim, os meus batimentos aumentaram, o sangue corria quente pelo meu corpo.
- Olá - disse com um sorriso - acho que ainda não tivemos tempo para nos conhecermos bem, sou o Leo.
- Bia - retribui o sorriso.