Capítulo 11 - As tintas

11 2 0
                                    

Acordei com a cabeça pesada. Levantei-me, peguei no termómetro em cima da mesa e confirmei: tenho febre e dores de garganta. Já consigo ouvir a minha mãe a dizer para me agasalhar hoje quando sair e beber um chá. Volto ao meu quarto, pego no telemóvel e ouço exatamente a mesma coisa, "Eu disse-te para vestires o outro casaco blá blá blá" toda a conversa de mãe, termino com um "Eu hoje visto o outro casaco" sabendo perfeitamente que é mentira,  primeiro porque não combina com o outfit e segundo porque hoje é a festa das cores e é basicamente para estragar a roupa e eu não vou estragar aquele casaco.
Bebi o chá, comi umas torradas, tomei os comprimidos, vesti uma sweatshirt e saímos para a praia. Estava frio e vento, limitei-me a ficar debaixo de uma árvore sob o efeito da medicação só para não ficar sozinha em casa.
A noite chegou e pensámos em casar dois dos nossos amigos do bungalow quatro, Rita e o namorado. Com restos de camisolas cortadas para a festa fizemos um véu, com os pequenos elásticos de cabelo anéis. Guardámos bem para surpreender a noiva na discoteca. Tivemos um pequeno problema com o padre que não apareceu então decidimos fazer despedidas de solteiros que não resultaram porque os noivos não queriam passar a festa separados.

Começou a contagem decrescente, iam começar os jatos de tinta e eu, esperta como sou, fui de lentes para a festa, logo tirei os óculos da cabeça para proteger os olhos. Estavamos praticamente na frente da multidão, nunca tinha levado com tanta tinta toda a minha vida! A tinta escorria-me pelas faces, já não tinha a maquilhagem bonita com que tinha saído de casa, tinha as lentes cheias de tinta e via tudo rosa.
- Ai de ti que mexas da minha frente! - gritei ao Leo enquanto me escondia atrás dele para limpar os olhos.
- Na próxima escondo-me eu! - gargalhei porque jurei fugir da guerra de tintas durante o resto da noite.
- QUERO VER TODA A GENTE ÀS CAVALITAS DO AMIGO AO LADO!! - gritou o apresentador.
Ele olhou para mim. Eu olhei para ele. E nada.
- Vens lá fora comigo a seguir?
Respondi-lhe que não me apetecia.
Ouvi a Rita dizer: "Amiga, queres vir lá fora à casa de banho?"
Acenei que sim. Senti o olhar dele cair sobre mim mas não me importei mal sabia ele o que ainda ia penar naquela noite.

Escrito no teu olhar Onde histórias criam vida. Descubra agora