Capítulo 16 - A Chuva

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Desde criança que sempre fui uma romântica incurável e aquele cenário eu conhecia bem dos filmes: a chuva, a despedida e o beijo. É esta a altura em que a cena corta mas ali, naquele lugar, na nossa zona catorze, não havia produtores nem cortes, quem escrevia a história éramos nós, eu e ele.
Foi tudo muito rápido, deste o momento em que estava a argumentar com ele até àquele em que em que as nossas bocas se reencontraram. Se dissesse que foi um beijo de contos de fadas estaria a mentir, podia ser descrito de inúmeras formas, tudo menos suave e romântico. Intenso? Desesperado? Possessivo? Talvez... Naquele espaço de tempo eu e ele éramos um, éramos nós. Completávamo-nos num só. O desejo de duas bocas que embora não soubessem o motivo precisavam uma da outra. A cada toque soltavam-se faíscas, éramos um fogo que nem a chuva conseguia controlar. Não interessava se estávamos sozinhos ou se toda a zona catorze nos observava, nada importava porque estávamos novamente perdidos um no outro.
Com os batimentos cardíacos sincronizados e depois de muita dopamina libertada entregámo-nos a um abraço.
- Ainda tens frio? - sussura ao meu ouvido já sabendo a resposta antes de perguntar.
- Tenho. - respondi a sorrir enquanto ele apertava mais os seus braços em redor da minha cintura.
Seguiu-se uma sequência de beijos mais suaves, a chuva tinha abrandado depois do fogo nos ter consumido por dentro.
Separei-me dele, voltei ao meu bungalow e as minha fofoqueiras de serviço estavam deitadas cada uma na sua cama e ainda bem, precisava de um tempo para processar o que acabara de acontecer. Deitei-me na cama e o meu telemóvel acendeu com uma mensagem, era ele. "Já tens a mala arrumada ou precisas de companhia para acabar?" era o que dizia a mensagem.

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