Agridoce

Testando a receita do fracasso

 Gumball era um rato de biblioteca, entendia tudo o que estudava, mas naquele momento estava completamente perdido no seu novo e complexo estudo, ele olha a lousa em seu laboratório com a pergunta "por que eu gosto do Marshall?" E não conseguia achar a resposta correta, não havia um padrão, um status quo que fizesse sentido.

— Cabelo? Não, me dá vontade de pentear... roupas? Não, muito largado... corpo... — Gumball fica vermelho ele pega o marcador e risca a palavra da sua lista, melhor passar para a próxima — personalidade? Com certeza não... inteligência? Questionável... sorriso? Irritante.... olhos? Não...

A lista continua sem nenhum sucesso, estava parecendo que Gumball odiava Marshall, mas ele sabia que não era verdade, de algum modo aconteceu, Gumball esfrega lentamente seu dedo em seus lábios se perguntando se não havia nada que o atraia profundamente em Marshall porque permitiu que o vampiro o beijasse... em estudos você precisa de testes, mas Gumball não tinha ideia de onde acharia uma cobaia.

— Ei Gumball... — Marshall lee aparece na sala e Gumball rapidamente vira sua lousa para o lado com equações matemáticas agradecendo por ter feito uma que girava — Parece que viu um fantasma... você viu um?....

— Eu só estava... estudando um problema... no hipocampo, no hipotálamo e no córtex cingulado anterior de um cérebro um tanto desenvolvido — Marshall assenti devagar fingindo que entendeu o que o garoto falou e Gumball agradece isso, ele fica na frente da lousa tentando Marshall ignorar ela — Eu sei que você não entende essas coisas cientificas, não vou te entediar com isso.

— Com certeza eu não entendo... mas eu sei ler, e meu nome está escrito do outro lado dessa lousa, esse cérebro desenvolvido é péssimo em disfarçar. — Gumball fica vermelho abaixando sua cabeça e Marshall se aproxima muito do príncipe esticando seu braço e girando a lousa de volta — Pode explicar tudo isso? essa ciência me parece muito interessante.

— E-Eu... estava tentando achar a norma que causou aquilo ontem... — Marshall fica um pouco envergonhado, ele se afasta um pouco de modo desajeitado —Mas nada parece a resposta certa...

— Você... está me estudando? por causa de um beijo? — Marshall não consegue segurar o riso, não sabia se aquilo era completamente estranho ou um pouco fofo, talvez os dois — Eu já estou aqui, porque não me estuda desse jeito?

— Eu queria uma cobaia, mas você é o objetivo do estudo, isso é completamente antiético — Gumball também tinha outro problema, ele não queria que Marshall visse ele levando tudo a serio outra vez, mas era assim que seu cérebro funcionava e aquela era sua chance de entender tudo — mas... usando você minha pesquisa teria uma maior porcentagem de sucesso

— Eu não me importo pode me usar... — Marshall nota o duplo sentindo da frase ficando completamente vermelho — Eu quis dizer no seu estudo, no estudo, ah... droga eu... eh...

— V-Vamos começar com um teste simples... — Gumball pega seus grandes óculos de leitura e seu jaleco para se sentir mais profissional e isso daria uma desculpa para ele não olhar Marshall e se acalmar — A primeira pergunta seria o que você acha que mais atrai as pessoas em você? E o que atrai você mais nas pessoas?

— hmmm o que atrai mais as pessoas?... o meu estilo... minha voz... já que eu sou um cantor é a primeira coisa que as pessoas percebem. — Gumball não viu muitos show do Marshall, não era fã do estilo de música e ainda menos do visual, mas ele realmente tinha uma boa voz — Já nas pessoas... eu gosto de alguém divertido, boa aparência e bom papo...

— isso, me deixa na estaca zero novamente, nada disso combina com os perfis que eu procuro. — Marshall não combinava com o perfil de Gumball e vice-e-versa, aquilo era um fracasso — O que eu faço, eu estou mais confuso do que antes... nunca achei um problema que ciência não funcionasse.

— Talvez você só... precise de uma nova abordagem, fata... como se diz isso cientificamente... as variáveis? — Gumball concorda, ele não poderia generalizar um experimento, isso era incrivelmente inteligente — Tenta me dar um elogio, qualquer coisa, e vai tentando desenvolver dai...

— Eu... gosto que... você esteja fazendo isso, mesmo sendo uma idiotice. — Gumball se senta na sua mesa e coloca os braços sobre ela inclinando sua cabeça — Gosto como você é o único que diz o que realmente pensa de mim, mesmo que as vezes eu não queira admitir... é claro que você é... fisicamente atraente... mas esse não é o motivo para gostar de você.

— Eu pensei que fosse um gato para você. — Marshall sorri e Gumball fica ainda mais constrangido se perguntando o motivo que disse aquilo — Acho que é minha vez, eu gosto do jeito como você fica envergonhado facilmente, como pensa demais fazendo eu me sentir... importante e eu gosto que mesmo sendo tão diferentes você está tentando me entender... eu também estou fazendo meu melhor.

— Esse estudo foi um fracasso, mas talvez eu tenha aprendido algo, eu tenho motivos para gostar de você, mas eles não são facilmente explicáveis — o sentimento de Gumball era como o número pi, ele poderia decorar alguns números, mas nunca terminaria a equação — Agora só preciso saber o que fazer com esse sentimento...

— Que tal isso...

Marshall se aproxima beijando o príncipe de novo, Gumball só percebe naquele momento o quanto estava ansioso para aquilo novamente, mal percebe quando se inclina quase sentando na mesa, Marshall passa a mão no seu corpo descendo até a coxa e a levantando um pouco, Gumball então percebe os pequenos sinais que os dois estavam dando e empurra o vampiro assustado.

— Eu...ah...eh... tenho trabalho a fazer, te vejo ah... em outro momento, obrigado por me ajudar. — Marshall fica desconcertado sentindo que avançou demais e com medo de Gumball ter ficado ofendido, ele assenti se virando para a saída, mas Gumball diz antes dele ir — Eu quero ver você depois... venha quando puder.

Marshall sorri então flutua pela sala até sair pela porta procurando a janela que ele deve ter entrado, Gumball coloca as duas mãos na mesa pensando, sua mente em um turbilhão revivendo aquela cena, se ele não tivesse parado os dois teriam.... não, ele tenta esquecer esse assunto, mas como fazer isso quando ainda podia sentir os dedos de Marshall o tocando de uma forma... Gumball balança a cabeça, precisava começar seu trabalho, mesmo que Marshall ocupasse todos os seus pensamentos.