✨05✨

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Pov.Sn Stark

— Aqui é o anexo. Eram as estrebarias, mas percebemos que serviria um pouco melhor
ao Josh do que a casa, já que fica tudo em apenas um andar. Este é o quarto de hóspedes, pois assim Alex pode passar a noite aqui caso seja necessário. No começo,
precisávamos sempre de alguém.

A Sra. Beauchamp andava rápido pelo corredor, gesticulando de uma porta a outra, sem olhar para trás, os saltos estalando no piso de pedras. Parecia haver uma expectativa de que eu fosse parar.

— As chaves do carro ficam aqui. Incluí você no nosso seguro. Estou confiando que
as informações que você me deu estejam corretas. Alex pode lhe mostrar como
funciona a rampa de acesso. Basta ajudar Josh a ficar na posição correta que o carro faz o restante. Mas… no momento ele não está desesperadamente ávido para ir a lugar nenhum.

— Está um pouco frio — falei.
A Sra. Beauchamp pareceu não ouvir.

— Você pode preparar seu chá e seu café na cozinha. Mantenho o armário
abastecido. O banheiro é por aqui…

Ela abriu a porta e olhei para o guincho de metal e plástico brancos que estava em cima da banheira. Havia uma área molhada sob o chuveiro, com uma cadeira de rodas
dobrada ao lado. No canto, um armário com porta de vidro mostrava pilhas arrumadas
de fardos de papel devidamente embalados. Não sabia para o que serviam, mas tudo ali exalava um leve cheiro de desinfetante.

A Sra. Beauchamp fechou a porta e virou-se brevemente para me olhar.

— Devo reiterar que é muito importante que Josh esteja sempre acompanhado. A
cuidadora anterior sumiu por várias horas para consertar o próprio carro e Josh… se
machucou durante a ausência. — Ela engoliu em seco, como se ainda estivesse traumatizada pela lembrança.

— Não vou a lugar algum.

— É lógico que você precisa de… intervalos. Só quero deixar claro que ele não pode
Ficar sozinho por mais de, digamos, dez ou quinze minutos. Se houver uma emergência, use o interfone, já que meu marido Ron deve estar em casa, ou ligue para o meu celular. Se você precisar sair, gostaria que avisasse com a maior antecedência possível.É difícil arrumar alguém para cobrir ausências.

— Não é fácil mesmo.

A Sra. Beauchamp abriu o armário do corredor. Ela falou como alguém que recita um discurso bem ensaiado.
Pensei brevemente em quantos cuidadores já tinham tido antes de mim.

— Se Josh estiver ocupado, seria bom que você fizesse o básico para manter o anexo
limpo e organizado. Lavar a roupa de cama, passar um aspirador por aí, essas coisas. O material de limpeza fica embaixo da pia. Talvez ele não queira você por perto o tempo todo. Você e ele têm de encontrar sua própria forma de se relacionarem.

A Sra. Beauchamp olhou as minhas roupas como se as visse pela primeira vez. Eu estava com o colete peludo que papai diz que me deixa parecida com um avestruz.

Tentei sorrir. Pareceu um esforço.

— Obviamente, espero que vocês consigam… se entender bem. Seria ótimo se ele
pudesse pensar em você como uma amiga em vez de uma profissional paga para isso.

— Certo. O que ele… hum… gosta de fazer?

— Ele assiste a filmes. Às vezes, ouve rádio ou música. Tem uma daquelas coisas
digitais. Se você colocar perto da mão dele, ele consegue, geralmente, operar sozinho. Tem um pouco de movimento nos dedos, embora sinta dificuldade de segurar.

Fui me alegrando. Se ele gostava de música e cinema, claro que poderíamos
encontrar algo em comum, não? Imaginei de repente eu e aquele homem rindo de
alguma comédia hollywoodiana, eu passando o aspirador pelo quarto enquanto ele ouvia
música.

Talvez fosse dar certo. Talvez acabássemos amigos. Nunca tive um amigo
deficiente físico, exceto por David, amigo de Any, que era surdo, mas que ficava
furioso se alguém sugerisse que isso era uma deficiência.

— Tem alguma pergunta?

— Não.

— Então vamos entrar e apresentar vocês. — Ela olhou para o relógio de pulso. —
Alex deve ter terminado de vesti-lo.

Hesitamos do lado de fora da porta e a Sra. Beauchamp bateu.

— Oi, estão aí? Josh, trouxe a Srta. Stark para conhecer você.

Não houve resposta.

— Josh? Alex?

Um forte sotaque neozelandês.

— Ele está arrumado, Sra. B.

Ela abriu a porta. A sala do anexo era ilusoriamente enorme, pois uma das paredes
era feita totalmente de portas de vidro que se abriam para o campo. Uma lareira
crepitava baixinho no canto e um sofá bege com almofadas cobertas por uma manta de
lã ficava de frente para uma grande TV de tela plana. O clima do ambiente era elegante e tranquilo: como o apartamento de um escandinavo solteiro.

COMO EU ERA ANTES DE VC _BEAUSN_Onde histórias criam vida. Descubra agora