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        *Pov Sn Stark*


Passaram-se duas semanas, e com elas surgiu uma espécie de rotina.

Todos os dias euchegava na Granta House às oito da manhã, avisava que estava lá e, quando Alex terminava de ajudar Josh a se vestir, eu ouvia cuidadosamente ele me dizer o que euprecisava saber a respeito dos medicamentos de Josh e, o mais importante, como estavao humor dele.

Depois que Alex saía, eu sintonizava o rádio ou a TV para Josh, dava seus
comprimidos, às vezes amassando-os no pequeno pilão de mármore.

Geralmente,depois de mais ou menos dez minutos ele deixava claro que estava cansado da minhapresença. Eu então realizava com dificuldade as pequenas tarefas domésticas do anexo,lavando panos de prato que não estavam sujos ou usando partes aleatórias do aspiradorpara limpar os menores cantinhos de cortinas ou peitoris de janelas, enfiando minhacabeça pela porta religiosamente a cada quinze minutos, conforme a Sra. Beauchamp me
pedira.

E, quando eu fazia isso, Josh continuava sentado em sua cadeira, olhando para
fora na direção do jardim.
Mais tarde, eu levava um copo d’água, ou uma daquelas bebidas calóricas que
serviam supostamente para manter seu peso e que pareciam cola para papel de paredenum tom pastel, ou lhe dava comida.

Ele podia mexer um pouco as mãos, mas não os
braços, por isso precisava ser alimentado garfada a garfada. Essa era a pior parte do dia;parecia errado que, de algum modo, um adulto recebesse comida na boca e meu embaraço me fazia parecer desajeitada e inábil. Josh odiava tanto isso que não
conseguia nem me olhar enquanto eu o alimentava.

E então, pouco antes da uma da tarde, Alex chegava e eu pegava o meu casaco e
sumia para andar pelas ruas. Às vezes comia meu almoço no ponto de ônibus que ficava
do lado de fora do castelo.

Fazia frio e provavelmente eu parecia patética empoleirada
ali, comendo sanduíches, mas eu não ligava. Não conseguia passar o dia inteiro dentro
daquela casa.

À tarde, eu colocava um filme — Will era sócio de uma locadora de DVDs e chegavam filmes novos pelo correio todos os dias —, mas ele nunca me convidou para assistir a nenhum com ele, então eu costumava ficar na cozinha ou no quarto extra.

Passei a levar um livro ou uma revista, mas me sentia estranhamente culpada por não
estar trabalhando de verdade, e não conseguia me concentrar nem um pouco nas palavras. De vez em quando, no final do dia, a Sra. Beauchamp aparecia — embora nunca
falasse muita coisa comigo além do “Está tudo bem?”, cuja única resposta aceitável
parecia ser “Sim”.

Ela perguntava a Josh se ele queria alguma coisa, às vezes sugeria algo que ele
poderia gostar de fazer no dia seguinte — sair ao ar livre, ou visitar algum amigo que havia perguntado por ele —, e ele quase sempre respondia com desprezo, quando não diretamente com uma grosseria.

Ela parecia magoada, corria os dedos por sua correntinha dourada e sumia de novo.
O pai de Josh, um homem gorducho de aparência gentil, costumava chegar quando
eu estava saindo.

Era o tipo do sujeito que pode ser visto assistindo a um jogo de críquete
usando um chapéu panamá e que, aparentemente, desde que se aposentara de seu
emprego bem-remunerado na cidade, supervisionava a administração do castelo.

Eu desconfiava de que era como um daqueles ricos fazendeiros que de vez em quando
planta alguma coisa ele mesmo, só para “manter a mão na massa”. Ele encerrava o
expediente todos os dias às cinco em ponto e vinha ver TV com Josh.

COMO EU ERA ANTES DE VC _BEAUSN_Onde histórias criam vida. Descubra agora