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Pov.Sn Stark

Seria essa uma pergunta do tipo armadilha?...

— Eu… realmente ainda não pensei muito sobre isso. Desde que perdi o emprego,
eu apenas… — engoli em seco — Eu só quero voltar a trabalhar.

Pareceu uma resposta fraca. Que tipo de pessoa vai para uma entrevista de emprego
sem sequer saber o que quer fazer?

A expressão da Sra. Beauchamp sugeria que ela também pensava assim.

Ela pousou a caneta.

— Então, Srta. Stark, por que acha que devo selecioná-la em vez de, por exemplo, o
candidato anterior, que tem vários anos de experiência com pacientes tetraplégicos?

Olhei para ela.

— Hum… honestamente? Não sei. — Tal comentário encontrou o silêncio, então acrescentei: — Acho que isso compete à senhora.

— Você não pode me dar uma única razão para contratá-la?

De repente, o rosto da minha mãe surgiu à minha frente. A ideia de voltar para casa
com um tailleur destruído e outra entrevista fracassada era demais para mim. E aquele
emprego pagava mais de nove libras a hora.

Sentei-me ereta por um instante.

— Bom… aprendo rápido, nunca àco doente, moro logo do outro lado do castelo e
sou mais forte do que pareço… provavelmente forte o bastante para ajudar seu marido a se locomover…

— Meu marido? Não é com o meu marido que você trabalharia. É com meu filho.

— Seu filho? — Pisquei. — Hum… não tenho medo de trabalho duro. Tenho
facilidade para lidar com todo tipo de gente e… faço um ótimo chá. — Comecei a
tagarelar para preencher o silêncio. A ideia de que o tetraplégico era filho dela me derrubou. — Quer dizer, meu pai não acharia que essa é a melhor das referências. Mas
minha experiência diz que não existe nada que não possa ser resolvido com uma boa
xícara de chá…

Tinha algo um pouco estranho no jeito como a Sra.Beauchamp me olhava.

— Desculpe-me — gaguejei, ao perceber o que tinha dito. — Não estou querendo dizer que a coisa… a paraplegia… tetraplegia… do seu filho… possa ser resolvida com
uma xícara de chá.

— Devo dizer, Srta. Stark, que o contrato é provisório. Deve durar, no máximo, seis
meses. Por isso o salário é… proporcional. Queríamos atrair a pessoa certa.

— Acredite em mim, quando você trabalhou em turnos numa processadora de frangos, trabalhar na baía de Guantánamo àca interessante. — Ah, cale a boca, Sn.
Mordi o lábio.

Mas a Sra. Beauchamp pareceu não se alterar. Fechou a agenda.

— Meu filho, Josh, sofreu um acidente de trânsito há quase dois anos. Ele precisa de
cuidados intensivos, que são, em grande parte, realizados por um enfermeiro treinado.
Há pouco tempo voltei a trabalhar e o cuidador precisaria estar aqui durante o dia para fazer companhia a ele, ajudá-lo a comer e beber, e geralmente é sensato ter um par extra de mãos, para garantir que ele não vá se machucar. — Úrsula Beauchamp olhou para o colo. — É de extrema importância que Josh tenha alguém aqui que compreenda essa responsabilidade.
Tudo o que ela disse, inclusive a maneira como destacou as palavras, parecia sugerir algum nível de idiotice da minha parte.

— Sei. — Fui pegando minha bolsa.

— Então, você gostaria do emprego?

Foi tão inesperado que pensei ter ouvido errado.

COMO EU ERA ANTES DE VC _BEAUSN_Onde histórias criam vida. Descubra agora