um.

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- Você é um idiota!

Seus olhos se fecharam com a frase dita pela sua mãe, novamente ela estava discutindo com o seu pai, e você sequer sabia o motivo. Na verdade, não se interessava em saber.

Eles sempre brigavam por alguma razão, descontavam as frustrações do casamento nas brigas diárias. Não seria mais fácil apenas se divorciarem? Adultos parecem amar estarem presos a relações desgastantes e tóxicas.

Bufou saindo da casa, seus dedos foram até as suas orelhas, apertando os botões dos aparelhos auditivos.
Finalmente, o silêncio.

Normalmente iria de carona até a escola, mas iria odiar ter que ouvir sua mãe reclamando durante todo o trajeto, mesmo que sempre desligue os objetos, ela sempre percebe.

Seus cabelos cobriam os aparelhos, impedindo que qualquer pessoa ao seu redor os note. Talvez seja uma forma inconsciente do seu cérebro de evitar responder alguns comentários.
Sequer ouvia seus passos direito, e muito menos os carros barulhentos, e tão pouco os pássaros que cantavam sobre as árvores.

Um grande silêncio, aquele que chegou na sua vida quando tinha apenas oito anos de idade, após um acidente.
Quando menos esperava, já estava em frente à escola, era seu último ano do ensino médio, muito perto de se formar e provavelmente vazar dessa cidade. Assim como se mudou após o acidente, que ocorreu em sua cidade natal.
Apertou novamente os botões, levando alguns segundos para se ajustar àquele mundo barulhento. Os passos, as conversas paralelas e os objetos caóticos.

- [Nome]! - levantou o olhar ao ver Yuzuha de longe. - Estava te procurando!

- Ei Yuzuha. - sorriu sem mostrar os dentes. - Aconteceu algo?

- Nosso treino vai acontecer mais cedo hoje! Sabe por causa do torneio e... - se perdeu no que Yuzuha estava falando ao sentir estar sendo encarada por alguém.

Mirou os olhos no canto do corredor, um garoto alto de cabelos loiros estava com uma feição nada agradável encarando-a.

Uma expressão de confusão surgiu em seu rosto, porque diabos ele estava te matando com o olhar?

- [Nome]?

O loiro desviou o olhar, voltando a caminhar pelos corredores, como se nada tivesse acontecido.

- [Nome]!

- Hm!? - se irritou ao ser chamada pela segunda vez.

- Estou falando com você! Parece até estar surda! - sua feição se fechou na mesma hora, ignorando completamente Yuzuha. - Volta aqui! O que foi!?

- Eu tenho que estudar para uma prova. - continuou a caminhar. - Nos falamos depois.

Sem deixar Yuzuha se pronunciar, se afastou da garota, caminhando em direção a sala de aula, pronta para se isolar no fundo da sala.

- Gente idiota... - resmungou para si mesma.

Do outro lado da escola, se encontrava Draken, junto com os seus amigos. Prolongando o quanto podiam o tempo para não entrarem na sala.

- Que cara é essa aí, capitão? - indagou Takemichi.

- Ahn? - o encarou. - Apenas me irritei com uma pessoa.

- O que aconteceu? Quem te irritou? - questionou Matsuno.

- Eu fui pedir uma informação para uma garota da escola, e ela me ignorou! Fingiu que eu não existo. - revirou os olhos. - E não foi a primeira vez.

- Porra, que garota idiota! - disse Baji. - Essa gente dessa escola são um bando de canalhas.

Draken afirmou com a cabeça, estava irritado com tal situação, porque diabos ela finge que ele não existe ?

- E quem é essa menina? - questionou Matsuno.

- Só sei que ela é capitã do time de vôlei. - afirmou o loiro.

- Há! Agora tá explicado! - exclamou Kazutora, roubando um olhar confuso de Draken. - Olha, eu sei que você acabou de virar o capitão da equipe de basquete, mas deveria saber que o time de basquete e o de vôlei não se entendem.

- Como assim?

- Ah, é uma loooonga rixa que eles possuem, nunca se deram bem, são inimigos. - soltou um riso baixo. - Deve ser por isso que ela te ignora, bem vindo ao mundo dos esportes Draken.

- Se ela fez isso, é uma idiota infantil. - cruzou os braços. - Ela nem me conhece pra agir desse jeito! Quem ela pensa que é!?

- De qualquer forma, cada um em seu canto. - disse Matsuno. - As meninas do time de vôlei me intimidam, sempre sinto que elas vão usar minha cabeça como bola!

- Faz parte de uma gangue e tem medo de meninas que jogam vôlei!? - indagou Keisuke, indignado.

No momento que o loiro iria abrir a boca para fazer outro comentário, a voz da diretora ecoou pelo corredor.

- Pra sala, agora. - bastou apenas essa ordem para o grupo se levantar e se separar, cada um indo em direção à sua sala.

Não demorou para Draken estar na sala dele, os olhos percorreram por toda a sala quase cheia, restava apenas dois lugares vazios. Um perto da professora e um perto de você.

Sem pensar muito, o loiro se sentou na carteira da fileira ao lado, novamente perfurando os olhos em você.
Estava distraída encarando o teto, sem perceber a existência alheia, Draken sentiu que ele estava sendo ignorado de propósito.

Ele tentou ser legal em puxar assunto com você em outra aula, e recebeu ignorância em resposta? Por causa de uma rixa que ele sequer tinha conhecimento? Sério?
Eram esses pensamentos que se passavam na mente dele, se auto torturando em entender porque foi tratado desse jeito.

O chamado de sua amiga a despertou, indicando que iria sussurrar algo em seu ouvido.

- Esse dai é o novo capitão do time de basquete. - você a encarou surpresa. - Esse idiota está te olhando com fúria, pelo visto é outro idiota que liga para essa rixa. Além de que é um delinquente também... vice da Toman.

Seu olhar lentamente se fixou sobre ele, ambos trocaram novamente olhares, dessa vez com feições nada agradáveis.

- Ele está mesmo. - sussurrou. - Outro canalha.

- Se ele vier falar algo, roubamos a quadra deles.

Soltou um riso baixo, se afastando.
- Risinho debochado? - Draken murmurou monótono, indignado. - Então temos mesmo uma rivalidade agora.

Draken observou você levantar a mão, mostrando o dedo do meio para ele, esboçando um grande sorriso sarcástico.

- Draken, por favor olhe para o quadro. - disse o professor de física. - Sua antiga professora me contou que não estava indo bem nas provas.

De fato, Draken estudava no turno noturno da escola, até virar capitão do time de basquete e ser obrigado a estudar de manhã.

- Mas... - o loiro bufou com a repreensão. - Ela... - foi novamente interrompido pelo mais velho, o homem não estava afim de ouvir tais desculpas dele. Tão pouco ligava.

- Vamos continuar a matéria turma, foquem em mim, está bem?

𝚂𝚒𝚕𝚎̂𝚗𝚌𝚒𝚘... - 𝙺𝚎𝚗 𝚁𝚢𝚞𝚐𝚞𝚓𝚒, 𝙳𝚛𝚊𝚔𝚎𝚗. Onde histórias criam vida. Descubra agora