First realization

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"Este amor em botão, depois de amadurecer com o hálito do verão, pode se mostrar uma bela flor quando nos encontrarmos novamente.” – Julieta

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Calliope sequer rebateu o pedido velado de ordem de Juliette, apenas a entregou a chave do carro e mudou de acento com a outra, que parecia estática com as ações da mais alta. Ignorando os questionamentos explícitos lhe rondando a mente, Juliette apenas dirigiu.

Dirigiu por quase uma hora, mesmo sabendo que o percurso demorava apenas trinta e cinco minutos em um bom horário, sem muito trânsito. Mas ela parecia distraída demais, fitando de hora em hora os dois meninos sentados no banco detrás, um em cada extremidade, parecendo perdidos demais em seus próprios pensamentos. Além de fitá-los, Juliette observava, cuidadosamente com o canto dos olhos, Calliope ao seu lado. As mãos da mulher ainda tremiam, e a vampira percebeu os olhos negros inundados. Mas então Calliope apenas pigarreou, massageou as têmporas e voltou a agir como se nada naquele pequeno espaço de tempo tivesse a afetado. Juliette desistiu de tentar entendê-la naquele momento.

Quase uma hora após os últimos acontecimentos, o Porsche foi estacionado na ponta da calçada da casa dos Burns. Calliope retirou o cinto, e Juliette copiou seus movimentos, arrumando o laço do hobbie que já parecia frouxo. Ainda se sentia uma idiota por ter saído de casa com um pijama, ainda mais um pijama minúsculo.

- O que está fazendo? - a voz de Calliope quebra o silêncio, atraindo três pares de olhos para si.

- Saindo do seu carro - a Fairmont constata, como se fosse óbvio - Vou pedir um carro de aplicativo para William e eu.

- Você pode levar meu carro - Juliette arquea as sobrancelhas - Sabe que horas são? - a menor fita o céu ainda escuro pela janela do carro, e então dá de ombros - Madrugada. Vocês vão no meu carro, e depois eu o recupero.

Juliette quase sorriu.

Quase.

- Tudo bem. Se estiver tudo bem para você.

- Eu ofereci, então, sim, está tudo bem para mim - e lá vamos nós novamente, Juliette pensou, fitando uma nova Calliope de cenho impassível.

- Certo. Obrigada.

- Vamos, Timeus.

Tim lança um último olhar à William, que sorri de lado para o amigo, e então se volta à Juliette.

- Boa noite, senhorita Fairmont. Peço desculpas pelo incoveniente.

- Boa noite, Tim.

- Tchau, Will.

- Tchau, Tim.

E aquilo soou terrivelmente como uma despedida.

Juliette só deu partida no carro de Calliope quando, enfim, mãe e filho entraram na casa, fechando a porta amadeirada sob o olhar cuidadoso da vampira.

- Estou de castigo? - William questiona, em um suspiro, encarando a mãe através do reflexo do retrovisor.

- Agora não, William. Agora não.

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- Mãe - Calliope apenas o deixou falar, fingindo arrumar algo na bolsa enquanto subia as escadas - Eu sinto muito. Não queria ter fugido no meio da noite, e...

Fechando o ciclo Onde histórias criam vida. Descubra agora