First broken heart

1K 138 69
                                    

"Amor é uma fumaça que se eleva com o vapor dos suspiros; purgado, é o fogo que cintila nos olhos dos amantes; frustrado, é o oceano nutrido das lágrimas desses amantes. O que mais é o amor? A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, doçura que preserva.” – Romeu.

𖥸

Os olhos curiosos escaneavam todo o cenário que a encobria. Estava ao ar livre. Seus pés descalços tocavam, timidamente, a grama podada e tão verdinha que ela sentiu vontade de se deitar. Seu corpo pequeno estava coberto pelo vestido branco e solto e seus cabelos pareciam mais curtos, talvez uns quatro ou cinco dedos. O local não estava lotado, mas também não parecia vago. Ela observa a pequena e modesta lagoa, um punhado de pombos coletando comidas perdidas pelo chão e então vê um banco. Um banco de concreto com alguns desenhos feitos, talvez, pelas pontas de pedras afiadas. Ela passa o indicador por iniciais, corações e flechas. Seus olhos cerram até que seu olfato capta um odor familiar. Seu perfume favorito de sua garota favorita.

- Cal? - a mulher sorri grande para ela, tombando levemente a cabeça para o lado - Você está mesmo aqui? - Calliope ri.

Seus cabelos estavam soltos e esvoaçantes, tendo uma coroa branca de flores a deixando ainda mais angelical. Como Juliette, ela também usava um vestido champagne, porém, um pouco mais curto, e comprido e esvoaçante nas mangas. Calliope Burns era um anjo.

- Hey, Jules - ela se abaixa, ficando do tamanho da Fairmont, já que a mesma permanecia sentada - Não vai me dar um beijo?

E ela a obedeceu em um milésimo de segundo.

Seus lábios eram como imãs magnéticos. Se buscavam a todo momento e negavam a distância. Juliette acariciava a nuca quente de Calliope, e Calliope acariciava a cintura de Juliette. Não importava o lugar, não importavam as circunstâncias, Juliette se sentia viva. Tinha os lábios de Calliope sob os seus, e aquilo era tudo que precisava naquele momento.

Mas seu êxtase não demorou muito.

As duas se separaram abruptamente. Juliette só foi perceber o que realmente tinha acontecido quando abriu os olhos avermelhados, fitando Calliope em sua frente.

- CAL!

O jardim esverdeado havia sumido. Os pombos pareciam mortos, deitados sob o gramado sofregamente, e o céu havia claramente escurecido sob suas cabeças. Ela pegou Calliope antes que a mesma pudesse vir ao chão. Sua roupa, antes branca como papel, agora vermelho escarlate.

- Não, não, não! Cal! Cal! Por favor, não me deixa. Não me deixa. De novo, não - Calliope abre e fecha os lábios um punhado de vezes.

A mão pequena de Juliette lhe circundando o pescoço que jorrava sangue, os lábios cerrados e os olhos marejados. Ainda sentia o gosto marcante do sangue da amada em seus lábios, em sua língua, passando por sua laringe. Ainda sentia a pele quente de Calliope sendo invadida por suas presas.

Como imaginou e sempre temeu, não havia conseguido se controlar.

Juliette fita as mãos trêmulas em cima do corpo pálido de Calliope. Vê o punhado de sangue espalhado e percebe os olhos negros perdendo a cor, perdendo a vida, e escuta um rápido e baixo sussurro que tirou dela as lágrimas mais duradouras.

Fechando o ciclo Onde histórias criam vida. Descubra agora