First decisions

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"Vem, noite! Vem, Romeu! tu, noite e dia, pois vais ficar nas asas desta noite mais branco do que neve sobre um corvo. Vem, gentil noite! vem, noite amorosa de escuras sobrancelhas! Restitui-me o meu Romeu, e quando, mais adiante, ele vier a morrer, em pedacinhos o corta, como estrelas bem pequenas, e ele a face do céu fará tão bela que apaixonado o mundo vai mostrar-se da morte, sem que o sol esplendoroso continue a cultuar”.

𖥸

- Você tem certeza disso, Letty?

- Conversei com meu pai ontem. Expliquei que, bem, William não havia se adaptado muito bem, e que precisava voltar para casa - o menino arquea as sobrancelhas.

- O que ele disse?

- Ficou meio chateado, claro. Principalmente pela empresa estar indo muito bem ao meu comando - ela responde, sem soar pomposa - Mas eu o informei sobre Laura. Disse que ela ficaria no meu lugar, afinal de contas, ela é a mais qualificada para esse trabalho. Talvez até mais do que eu.

- E onde pretende morar? - Juliette o olha, tentando não deixar os olhos marejados. Sentia as orbes queimar, tanto por segurar as lágrimas, quanto pela falta de sono. Havia passado a noite em claro, ainda ouvia a voz de Calliope em seu ouvido - Esqueceu que vendeu a casa?

- Não, não esqueci - Ben cerra os lábios, fitando os olhos claros da melhor amiga através da tela acesa do computador - Ben...

- Eu nunca conseguiria dizer não à você. Vocês dois podem ficar aqui o tempo que precisarem - ela sorri de lado, descansando o queixo contra o punho cerrado.

- Somente o tempo que procuro uma outra casa boa pela região. Não demorarei - ele acena com a cabeça, em compreensão - Jonathan não se importará?

- Ele ama você e adora o vampirinho. Vai amar ter vocês dois por perto. Mas, Letty, você tem certeza mesmo de que é isso que quer fazer?

Juliette descansa a cabeça no punho fechando. Sentia a garganta queimar e o estômago revirar. Não estava bem, não desde ontem, desde o pesadelo, desde a ligação de Calliope no dia anterior.

A caçadora parecia começar a ceder, e Juliette não sabia o que sentir sobre aquilo. Seu coração latejava de vontade, mas todo seu corpo rejeitava a aproximação de Calliope. Não, ela não podia. Não podia arriscar o bem estar de uma das únicas pessoas que se importava de verdade somente por um capricho seu.

Calliope já fora sua. Um dia. A amou até onde podia, e isso bastava. Precisava deixar Calliope ir.

- Não - ela responde, soltando uma risada anasalada.

- E por que, sequer estamos debatendo sobre isso?

- Porque eu preciso. Eu preciso, Ben. Não posso continuar aqui, não posso continuar perto de Calliope.

- Você pode me explicar, por favor? - ela conta rapidamente sobre o pesadelo que tivera, se policiando para não fitar as mãos. Ainda parecia real demais - Letty, foi só um sonho ruim.

- Não, Ben. Foi o meu maior medo - ela para de falar quando a voz embarga - Sempre fiquei desesperada com a possibilidade de acabar fazendo com Calliope a mesma coisa que fiz com Theo. Eu nunca me perdoaria se a machucasse. Nunca me perdoaria se machucasse Tim.

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