First wild dream

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ROMEU - Quisera ser teu passarinho.

JULIETA - O mesmo, querido, eu desejara; mas de tanto te acariciar, podia, até, matar-te. Adeus;calca-me a dor com tanto afã, que boa-noite eu diria até amanhã.

𖥸

Sentiu beijos molhados sendo espalhados estrategicamente pela região de sua lombar. Um suspiro sófrego escapou pelos lábios, antes mesmo que ela pudesse controlá-lo.

- Está na hora de acordar, bela adormecida - a voz rouca atingiu seus ouvidos sensíveis, e o sorriso foi instantâneo - Vamos, amor. Hoje é sábado.

Mais um punhado de beijos subindo por sua nuca, até sentir as duas mãos gélidas lhe apalpar a cintura. Foi questão de instantes até se sentir arrepiada do dedinho do pé até o último fio de cabelo.

- Hum - ela grunhe - Que horas são?

- Dez e meia - mais um grunhido, seguido de uma risada anasalada - Temos que acordar. Sua mãe acha que está na Tess, lembra? - Calliope não pôde não perceber o desgosto na voz clara da namorada quando a mesma pronunciou o nome da ex namorada.

- Isso é ciúme na sua voz, Jules? - ela questiona, abrindo os olhos pela primeira vez naquela manhã. Queria nunca sair dali.

Juliette a observava, montada agora em sua cintura, coberta apenas pela blusa grande que Calliope usou na noite anterior, antes que Jules a tirasse de seu corpo com tanta fugacidade. Seus cabelos ondulados estavam presos em um rabo de cavalo bastante assanhado e suas bochechas avermelhadas. Era um anjo, Calliope pensou.

- Talvez - rebate, tombando levemente a cabeça. A maior não se aguentou por muito tempo, puxando a nuca da namorada, enquanto desferia um longo selinho contra seus lábios avermelhados.

- Sabe, no final do dia, você quem estará vestida com minha blusa favorita e me beijando em todos os lugares que desejar - a resposta parece ter pegado Juliette desprevenida. Calliope solta um sorriso convencido, afastando o corpo da namorada para conseguir levantar, totalmente desnuda e desprovida de vergonha - Não vai se juntar à mim no banho?

A Fairmont parece sair rapidamente de seu topor, soltando um grande sorriso ao fitar a namorada entrando em seu banheiro.

- Calliope Burns, você é...

- Inacreditável!

- Ouch! Pra que foi isso, sua maluca? - questiona, espremendo os olhos atrás das lentes grossas dos óculos escuros. Sentia a cabeça doer e o universo girar em baixo de seus pés.

- Não acredito que eu te deixo sozinha por dois minutos e você quase beija a sua ex namorada que, ironicamente, prometeu te matar na próxima vez que se encontrassem! - Juliette revira os olhos, bebericando um gole de seu café quente - É isso? Só isso que tem para me dizer?

- O que quer que eu diga? - questiona, quando a porta do elevador é aberta, apertando no botão do último andar - Primeiro de tudo, foi tudo culpa sua! - acusa.

- Minha? - Laura questiona, olhos arregalados e lábios entreabertos pela surpresa.

- Isso mesmo. Sua - rebate, de dentes cerrados. Tinham sorte de serem as únicas dentro daquele cubículo, já que as vozes pareciam três tons mais alto - Você quem me fez sair de casa para ir até esse lugar desconhecido e ainda me deixou sozinha.

Fechando o ciclo Onde histórias criam vida. Descubra agora