Nenhuma dor poderá superar a alegria que um só instante me dá ao lado dela
𖥸
"Precisamos conversar. Novidade na cidade. SOS."
- Novidade na cidade? Novidade na cidade?
- Ei! - a voz sai esganiçada em reclamação, assim que sua cabeça é atingida por um tapa não tão agradável - Qual a minha culpa nisso?
- Não ter me ligado? Deixar uma mensagem e não ter insistido em me contatar. Você poderia ter mandado a porra de um pombo correio, Apollo! - o homem solta um suspiro, irritado, franzindo as sobrancelhas bem preenchidas.
- Achei que preferia deixar pra lá, maninha.
Calliope solta uma risada alta e irônica, massageando as têmporas com pouca paciência.
- Deixar pra lá, Apollo? Até parece que você não sabe que eu passei os últimos vinte anos buscando uma forma de matar a... - Calliope engole a seco, fitando os pés até que tivesse coragem o suficiente para voltar a fitar os olhos culpados do irmão - aquela mulher. Sabe que minha única forma de paz será quando eu perceber que, definitivamente, ela não passará de pó.
- Cal...
- Não, Apollo! Deixa, okay?
Ela tenta pegar a bolsa e as chaves do carro, mas o irmão não permite, passando o corpo em sua frente, atrapalhando sua passagem.
- Você não vai sair daqui. Não agora, não assim, não antes de bebermos até esquecermos nossos nomes! - Calliope revira os olhos, tediosamente.
- Não temos mais dezessete anos. Tenho um filho que precisa de mim, e um trabalho. Trabalho, sabe o que significa isso?
Ele passa a chave prateada pela fechadura da porta, guardando o objeto no bolso traseiro de sua calça jeans clara. Calliope o observava com ambas as sobrancelhas arqueadas em desafio, e braços cruzados abaixo dos seios. Odiava quando Apollo começava a brincar de ter sete anos de idade novamente e ser um pé no saco.
- Número um, não levarei isso para o pessoal. Você está chateada - ela abre os lábios para retrucar, mas não tem tempo - Número dois, Tim está bem. Está na aula de piano, e, se minhas fontes estiverem corretas, vai estar na casa de um amigo após isso.
- O que...
- Número três - ele estende três dedos em frente ao nariz de Calliope, que precisa pedir paciência aos céus para não torcer seu braço esquerdo - papai me trouxe um ótimo Chardonnay. Não trouxe, ele meio que esqueceu aqui semana passada, então significa que é meu.
- Apollo...
- Vamos lá, maninha. Por favor? Só hoje?
Segredo super secreto da família Burns: biquinhos fofos e olhos de gatos de bota, quase sempre eram chave para se ter o que quisesse e de qualquer um deles. Apollo sabia disso, e costumava usar bastante do artifício para ter a irmã mais nova na palma de sua mão; aquela não era excessão.
- Tudo bem. Uma hora, uma taça. Nada mais que isso.
- É só o que eu preciso.
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Fechando o ciclo
RomanceCalliope e Juliette tiveram um amor adolescente, puro e passageiro. Amor esse que fora transformado em ódio no instante em que Juliette resolveu transformar o irmão de Calliope em um vampiro, transformando-o no monstro que Calliope sempre temeu e fo...