First conviction

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Porque pedaços do seu coração claramente pesam mais quando estão despedaçados no fundo do estômago.

𖥸

Quarta-feira

- Hey, garoto.

- Oi, mãe - ele a olha por cima da armação dos óculos.

- Eu trouxe panquecas - ela estende o prato - Com mel e chocolate, exatamente como você gosta.

- Não estou com fome, obrigado - ela cai sentada ao lado do garoto, observando o caderno aberto em sua frente. Nele estavam gravados um punhado de sentenças que ela não conseguiu identificar, já que Tim logo o retirou de suas vistas.

- Estamos escondendo coisas agora? - ele cerra os lábios.

- Não é nada, ok? - Calliope arquea as sobrancelhas. Tim suspira, coçando a nuca à medida que voltava a abrir o caderno - É só uma carta idiota.

- Uma carta idiota? - o menino afirma com a cabeça, parecendo corado - Duvido que seja mesmo. O que vale é a intenção, certo? - o menino encolhe os ombros - Quer me dizer para quem é?

- Você sabe - ela arquea as sobrancelhas - Estou tentando fazer algo como, não sei, uma despedida. Algo legal que o faça lembrar de mim.

- Certo.

- Mas nunca saio da primeira linha - ele larga o lápis agressivamente, soltando um grunhido irritado - Droga.

- Ok, ok. Vamos acalmar, certo? - ela acaricia seu ombro, calmamente - Não precisa enfeitar demais. Escreva como se tivesse falando com ele. Como se William estivesse na sua frente, agora mesmo - ele a olha, com a cabeça levemente tombada para o lado - Você consegue fazer isso.

- É, eu consigo.

- E por que não tenta? - o menino observa as mãos cruzadas em cima dos joelhos.

- Porque não quero dar adeus - Calliope suspira.

- Vem cá - ela abre os braços. Tim não pensa duas vezes antes de se abrigar dentro dos braços da mãe, onde se permite fungar um par de vezes - Sinto muito por isso, querido.

- Você não é a primeira a falar isso - ele rebate, a voz arranhada pelo choro.

- O que quer dizer?

- Conversei com a senhorita Fairmont ontem - Calliope arregala os olhos, mas Tim não parece perceber a mudança rápida de comportamento da mãe - Ela também me pediu desculpas. Mas ela não cedeu. Não parece ter cedido. Saiu da escola com os papéis e tudo.

- Algo deve estar acontecendo - ela pensa alto.

- Acho que ela só me odiou.

- Hey, olhe para mim! - ela o segura pelo queixo, fazendo com que os olhos negros do filho chocassem contra o seu - Não importa o que ela acha ou deixa de achar sobre você, tudo bem? Você, Timeus Burns, é o melhor adolescente desse universo! - ele sorri de lado, olhos marejados - Você é sensível, incrível, doce, inteligente e sabe ser um ouvinte impecável. Dane-se Juliette e toda aquela família complicada dela - Tim ri, negando com a cabeça - Sim?

Fechando o ciclo Onde histórias criam vida. Descubra agora