Estava entediado.
Voltava para casa depois de assistir seis aulas para repor aquelas que faltou. Está no último ano, caminhando para ser um veterinário profissional.
Chifuyu Matsuno é um ômega masculino de 22 anos. Embora as coisas para um ômega não seja tão fácil como para betas e alfas, sua vida sempre foi perfeita demais. Com mães admiráveis dignas de inspiração, teve apoio e carinho enquanto crescia.
Acredita que, como todo adolescente, foi normal ter dificuldades quando chegou a puberdade e completou seu primeiro ciclo de cio. Porém, não contava que seria perseguido por alfas, consequentemente teve que se defender, quando ele venceu um alfa sozinho, sentiu uma grande satisfação. Seu antigo passa-tempo era massacrar alfas, sem ligar para qualquer dúvida em relação ao gênero oposto.
Bocejou preguiçosamente se esquiando pelo meio-fio, olhou para o céu azul com poucas nuvens desbotadas pelo vento de verão. Verificou a hora, depois voltou a caminhar depressa. Queria chegar em casa à tempo de assistir sua novela favorita.
Mora no segundo andar de um prédio no centro da cidade, a universidade fica à dois quilômetros para o sul. Entrou em uma rotina para realizar essa caminhada pela manhã e à tarde chama um Uber; hoje foi diferente porque esqueceu o celular.
Antes de chegar em casa, há uma delegacia. Ele nem perde tempo olhando pra lá quando passa pela manhã, porém, hoje algo diferente chamou sua atenção.
Uma bola de pelos negros, estava enrolada, dormindo ao lado da entrada da delegacia. A cena fez os passos cessar e os olhos brilharam. Quando percebeu, já estava agachado, olhando o gatinho ronronar enquanto dormia.
─ Que fofo..! ─ O pêlo preto brilhou vivamente em sua visão. Assim que sua mão ergueu-se para acariciar, as pálpebras esticaram ligeiramente revelando olhos dourados, em seguida, unhas afiadas rasparam na costa da mão de Chifuyu, este fechou os olhos contendo a dor. ─...E valente também.
O gato preto esticou a cauda e o traseiro, bocejando quando se espreguiçou. Piscou duas vezes e olhou o universitário que choramingava pelo arranhão. Ele carrega uma coleira vermelha no pescoço, deu a volta e entrou na delegacia tranquilamente.
─ Uh... ─ esfregando a mão, Chifuyu apertou a alça da mochila e saiu com passos largos. ─...Gatinho mais brabo'... Ele tem coleira e entrou aí, talvez seu dono seja um policial daqui?
Com o gato preto perturbando a mente, o universitário foi direto pra casa.
No outro dia, lá estava o universitário, caminhando de tardezinha em direção a delegacia. Pensou que seria diferente se a bola de pêlos o visse pela segunda vez.
Porém, foi arranhado novamente, desta vez o gatinho parecia bem irritado, os pêlos do pescoço arrepiaram quando ele miou raivoso. Chifuyu saiu correndo e rindo da reação engraçada do felino.
Quem disse que Chifuyu desistiria de acariciar aquele gatinho selvagem? Ele voltou no outro dia com um petisco para ganhar a confiança dele.
Lá estava a bola de pêlos, dormindo no mesmo local. Dessa vez foi mais cauteloso, deixou o biscoito de gato em forma de peixe ao lado, agachou-se e esperou o cheiro acordar o dorminhoco.
O plano estava caminhando à perfeição, tanto que Chifuyu sorriu vitorioso quando o gatinho acordou, olhou para sí e depois para o biscoito, meio hesitante ele deu a primeira mordida. Momentos depois já não hesistia mais a forma original do petisco.
Os olhos dourados olharam pidão para os azuis/verdes, queria mais, é uma perdição à fofura. Foi impossível resistir. Chifuyu explodiu de emoção. Tirou a mochila das costas e procurou o pacote de biscoito, comprou especialmente para esse danadinho que o arranhou duas vezes.
─ Aqui. ─ Estendeu o biscoito na mão. O gato olhou de soslaio como um humano desconfiado para o universitário, este que o achou ainda mais adorável. ─ Kyah!...Quero te roubar pra mim...!
O gatinho com um movimento rápido, pegou o biscoito da mão do ômega com a boca e correu para longe, o deixando perplexo e decepcionado.
Metros distante, ele pôs o biscoito no chão e comeu olhando de longe, Chifuyu não sabia porque, mas aquele gato parece fazer expressões engraçadas. Ele é diferente.
Por fim, não importou-se quanto a falha do plano de ganhar a confiança dele. Voltaria amanhã, de qualquer forma. Ainda há muito tempo para um bom desenvolvimento.
─ ...Gostou dele? ─ uma pessoa perguntou, entregando animação na voz. Chifuyu levantou-se reto e sério, encarando com indiferença o policial de cabelo preto e preso em um rabo de cavalo. Seus olhos castanhos claros são quase idênticos aos do felino, afiado às intimidação. ─ Espera... Que porra você deu pra ele?
Chifuyu é um doce com animais, oposto com humanos. Ainda mais quando se trata de alfa. Ficaria em alerta.
─ Você é o tutor dele? ─ passou a mão pela roupa, como se retirasse alguma poeira. ─...Eu só estava dando um petisco para ele.
─...Porque você faria isso? ─ deu um passo afrente, aproximou-se de Chifuyu com um olhar mortal. A aura insana de um alfa atacou o ômega através de feromônios. Ele teve que tampar o nariz com a mão e dar um passo para trás, tremendo. ─...Não tá envenenado, né?
─ Quê?...Não! Eu nunca faria isso. ─ gesticulou com as mãos, nervoso e abismado com a acusação.
O cheiro estava cada vez atacando Chifuyu, deixando fraco e indefeso. Ele odiou isso. Acredita que se não tivesse tomado supressor, já estaria andando de quatro, implorando à este desconhecido para que o tome.
Entretanto a acusação é forte demais para sí; andava por um fio de consciência, para mostrar a este alfa que não fez nada mal ao felino.
─...Ele te arranhou toda vez que veio aqui, agora você vem com um biscoito envenenado para se vingar... Não é?
─ Eu juro que não! Não está envenenado! ─ respondeu assim que o alfa fechou a boca, negando repetidamente. Por acaso tem cara de quem faria uma coisa dessas? ─...Eu estou me formando em veterinária! Trabalho em um pet shop, de vez enquando ajudo com doação de animais, procurando abrigar animais de rua. Acredite em mim, eu nunca faria mal a um animal indefeso! Faço isso porque gosto. Porque amo animais.
Entre tantas palavras, o policial ainda aparentava não acreditar. Afinal, porque um alfa é um policial? Betas são recomendados para isso, já que os feromônios podem acabar atrapalhando. Como agora.
─ ...Eu odeio quem fala demais, quero ver ação. Se algo acontecer com o Kililito, eu vou te caçar.
Naquele momento de pressão, Chifuyu nem quis dar atenção ao nome vergonhoso que o policial deu ao felino.
─ Uau... Alfas são mesmo sem noção, hein. Não deveria ser um policial, seu ignorante. ─ Franziu a testa. Com o dedo indicador apontou para o peito do alfa a sua frente, não importou-se com a altura considerável ridiculamente alta comparada a sua. Antes disso, o alfa teria cessado a liberação de feromônios, os últimos vestígios se desfez no ar. Então, Chifuyu estaria com a razão nas mãos. Não deixou o sacasmo passar ─...Pra facilitar sua caçada, eu vou deixar uma pista. Moro naquele prédio ali. ─ apontou para o edifício ao lado. ─ Passar bem.
─ ...Tch. Fique longe do meu gato. ─ chiou estridentes novamente, vendo o ômega dar as costas com passos irritados.
No elevador, Chifuyu esfregou o rosto e varreu com os dedos a franja pra trás, bufando de raiva. Tal gato, tal tutor. Tão tão parecidos e brutos.
Ele só queria acariciar aquela bola de pêlos, vê-lo ronronar com seu carinho. Como foi chegar a isso?
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DEVOLVE MEU GATO
FanfictionConheça Chifuyu Matsuno, um ômega de 22 anos louco por animais, principalmente os domésticos. Certa tardezinha na volta para casa encontra um gato valente, tentou acariciá-lo, mas antes disso recebeu arranhões ferozes. Mesmo depois de arranhões e m...