CAPÍTULO 3

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LAURA AGUIAR

Minha relação com o Bruno e o resto da sua família,  estava um pouco melhor. Desde que me abri com ele e falei sobre o meu trauma, sentia que estava fluindo uma amizade,  e que as coisas estavam mais leves... não sabia explicar o porquê, afinal ele era um estranho.

Estávamos na casa de campo da família rezende,  Bernardo havia convencido a minha mãe semanas atrás para virmos e ela me obrigou a vir, pois seria ótima pra me distrair e sair um pouco da empresa.

- que Milagre seus amigos ,não estarem aqui.
Falei, dando um susto nele, que fazia uma caipirinha.

- olha só ela tá falando comigo, sem eu precisar me humilhar.
Falou ironicamente e gargalhei.

- se humilha porque quer.
Falei dando de ombros.

- vai querer uma?
Perguntou, oferecendo a que ele acabou de fazer.

- vou sim.
Respondi, e ele sorriu mostrando até o ciso pra mim, quando entregou o seu copo

- pra ver como não sou egoísta, e sei repartir.
Falou rindo baixinho.

- tá bom Bruno.
Falei ironicamente,  provando a sua caipirinha e fazendo uma cara feia.

- tá tão ruim assim?
Perguntou assustado.

- cadê o limão? Só tem cachaça.
Falei e ele riu.

- tem limão sim, mas ele tá discreto.
Falou

- ele nem tá aqui. Agora entendo porque te chamam de cachaceiro.
Falei, e ele colocou o pano de prato no ombro e colocou a mão na cintura me encarando.

- não sou cacheiro, você que é bem nojenta.
Falou e revirei os olhos.

-  que bom que estão mais próximos.
Bernardo falou, dando o maior susto na gente

- não é fácil aguentar seu filho, mas a gente tenta.
Falei , dando um sorrisinho e Bruno gargalhou

- ouviu isso pai? Audácia dessa garota!
Bruno exclamou rindo.

- já vi que tão se dando bem.
Bernardo falou rindo

- a gente tenta. Quer um drink?
Perguntei

- vou pegar uma cerveja pra mim e pra sua mãe.
Ele falou, abrindo a geladeira que estava lotada de bebida.

- vão dar uma festa?
Perguntei

- eu sei é um exagero.
Bernardo falou rindo, e saindo em seguida.

- vai ficar aí?
Bruno perguntou na porta da cozinha.

- vou pro meu quarto.
Falei, bebendo tudo de una vez só.

- ei não.vai não, me deixa te mostrar uma coisa?
Perguntou, sorrindo de canto.

- porque?
Perguntei.

- para de fazer pergunta e vem.
Falou, indo na frente e segui ele. Estava um lindo por do sola, quando saímos de dentro da casa. Bruno caminhava na frente,  até que avistei um pier,  ficava um pouco longe da casa. Ele sentou na beirada,  e bateu sua mão do seu lado ,me chamando pra sentar do seu lado. Sentei!

- incrível a vista daqui.
Falei, admirando aquele por do sol lindo.

- muito né.
Ele falou, e peguei ele me encarando.

- por do sol é do outro lado.
Falei rindo fraco.

- tô olhando algo mais bonito que ele.
Falou, e engoli a seco.

- acho que o álcool mexeu com as suas ideias, melhor voltar.
Falei, tentando me levantar e ele me puxou pela mão... tirei minha mão da sua.

‐ não precisa ser arrisca comigo.
Bruno falou, ficando de pé na minha frente.

- arrisca?
Falei soltando um riso irônico.

- sim arrisca, eu toco em você e você se afasta como se eu tivesse uma doença contagiosa.  Só quero me aproximar, e tentar uma amizade. Qual é o seu problema?
Perguntou e gargalhei.

- qual é o seu? Começou a me elogiar do nada, tocar em mim... o que você quer comigo, Bruno? Me conheceu ontem!
Falei e ele riu baixinho.

- eu quero me aproximar,Laura.
Falou, descendo seu olhar pra minha boca.

- nem pense nisso.
Falei, fechando os meus olhos.

- tá lendo meus pensamentos?
Perguntou,  sorrindo pra mim.

- vamos  para dentro.
Falei, e ele negou com a cabeça.

- vamos ficar aqui... eu sei que você passou por traumas, mas tá na hora de deixar eles para trás.
Falou, e ri.

- você não sabe nada. Não sabe o quê é ver a pessoa que tu ama morrer na sua frente, agonizar e dar o seu último suspirou... e você não poder fazer nada.
Falei, sentindo meu peito apertar, a voz falhar, e as lágrimas inundarem meu rosto. Minhas mão ficarem trêmulas, e o nó na garganta se formar... e a crise de ansiedade bater na porta. Cruzei os meus braços, e sai dali o deixei sozinho. Tufo o que eu menos queria era ouvir a sua voz, me questionando sobre um trauma meu, que eu seu como me afetou e como me afeta até hoje.

Minha vida não foi mais a mesma desde aquele verão cruel,  que levou de mim a pessoa que eu mais amei na vida. Tudo virou cinzas desde aquele dia, me fechei no meu casulo,  sentindo as cobranças e as pressões sobre mim. Meus pais queriam que eu volta-se a ter o brilho de antes, meus amigos que eu tivesse a vida social badalada. Quando eu saio pra uma festa ou algo do tipo, me sinto incompleta.

Algo falta em mim...

Sinto a culpa nos meus ombros,  por não ter feito nada pra salvar a vida dele, e por eu estar na direção e não ver a carreta cortar a nossa frente...

(...)

Passava das duas da manhã,  tinha tomado meus florais, tentava algo natural no combate à minha crise de ansiedade e na insegurança... mas dessa vez eles não me fizeram dormir,  igual das outras vezes. Me revirava na cama, sentindo um vazio em mim... e as palavras do Bruno ecoando na minha mente.

Sai do quarto, e dei de cara com ele na cozinha,  tomando um copo de leite e comendo um pedaço de bolo de chocolate.  Ele me serviu uma fatia e um pouco de leite e colocou na minha frente,  sem dizer uma palavra.

- desculpa pelo o que eu disse..  realmente não sei o que é isso. Fui idiota em falar tudo aquilo pra você.
Falou de cabeça baixa.

- não é fácil carregar a culpa de uma morte.
Falei, e ele me fitou.

- você não é culpada Laura..  você não tem culpa, e aposto que ele odiaria ver essas palavras na sua boca. Eu realmente, quero te ajudar.
Ele falou suspirando.

- já ajudou com esse bolo.
Falei, arrancando um sorriso dele.

- preciso me redimir né.
Falou e ri balançando a cabeça negativamente.

- tem que fazer algo que preste.
Falei, e ele riu.

- viu só tá melhor, tá até me xingando.
Falou rindo.

- porque você irrita, sabia.
Falei e ele revirou os olhos.

- só irrito quem eu gosto.
Falou me dando uma piscadela,  e saindo da cozinha.  Ri baixinho  com atitude dele, e comecei a comer meu bolo.

(CONTINUA...)

Capítulo curto, pra vcs não ficarem tantos dias sem.❤❤

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