Capítulo 18

124 18 22
                                    

Eu era uma tremenda idiota.

Eu estava a poucos passos de conseguir algo que eu almejava a tempos e fugi como um coelho assustado para o carro de um nerd, nem mesmo em meus piores pesadelos eu seria capaz de algo tão absurdo, porém de certa forma, enquanto Luke dirigia a caminhonete velha e cheirando a graxa de seu pai em direção as estradas de saída de Beverly Hills, eu conseguia apenas me sentir euforicamente bem e segura.

Luke não havia dito nenhuma palavra desde que havíamos entrado no carro, nem ao menos cantarolou junto com o rádio, ele parecia sério e perdido, eu não o culpava, mas eu torcia mentalmente para que ele voltasse a me falar coisas fofas e melosas, que me fizesse se sentir amada como nunca alguém me amou, que as coisas entre a gente voltasse a ser tão especial quanto antes.

Luke estacionou o carro em frente a lanchonete que ele havia me mostrado com Rachel, o mesmo lugar onde eu havia o abraçado pela primeira vez, seu olhar permanecia fixo na rua a frente, deserta e gelada, por um tempo suas mãos continuaram a segurar o volante firmemente, eu sentia que tantas palavras continuavam presas a minha garganta, me impedindo de dizer a ele tudo que estava sentindo, todas as sensações gloriosamente belas que ele me trazia.

--- Eu amo você Emy Westlynn Chermont – Luke ajeitou os óculos e senti meu coração palpitar em um ritmo estranhamente descompassado --- Eu odeio amar você, não foi algo que escolhi, nem que escolheria se tivesse a chance, você é a garota mais mimada e confusa que eu já conheci, mas... ao mesmo tempo também é a pessoa mais intensa, bonita, inteligente e engraçada, você... de-derrete todo meu coração quando olha pra mim, e quando eu escuto seu nome eu quase perco o ar, e eu sei que você nunca vai conseguir me amar como eu amo você, sei que isso jamais vai ser correspondido, e isso, me destroça por dentro, e-eu não teria problema em ser apenas seu amigo para continuar do seu lado, porque ao menos vou estar próximo a você, eu pelo menos vou poder encarar seu sorriso na esperança que um dia ele seja para mim, mas você, você é rude e grosseira, sempre prefere estar a metros de distância, prefere me colocar o mais longe possível, e quando eu penso que as coisas entre a gente talvez pudesse dar certo, você tira qualquer esperança, e eu me sinto ridículo despejando esse turbilhão de sentimentos em você, mas eu preciso entender o que você quer afinal, porque eu não posso continuar me arrastando para você apenas quando lhe convier, eu não posso deixar você me controlar assim, então me diz Emy, o que você quer de mim? – Luke deixou de encarar a rua deserta e fria e seus olhos me prenderam como um imã.

Eu queria gritar que meu coração me fazia sentir as mesmas coisas, que me pregava a mesma peça, mas não podia dizer a ele que nossos sentimentos eram recíprocos, não poderia estragar tudo, eu me conhecia o suficiente para saber que eu me arrependeria, mas eu também não queria dizer a ele que não existia qualquer chance entre a gente, porque era claro como o dia que eu estava ali naquele momento, o desejando com todas minhas forças.

--- Eu sinto muito Luke, eu, não posso – Luke se aproximou de mim parecendo ainda mais confuso, eu iria machuca-lo, mas não conseguia impedir, pela primeira vez eu estava com medo de ferir os sentimentos de alguém.

--- Por que não Emy? – Ele suspirou levando uma de suas mãos ao meu rosto com um toque suave.

--- Você sabe que eu vou te machucar, eu... eu não posso machucar você Luke, não me deixe fazer isso – Senti meus olhos novamente se lacrimejarem à medida que nossas respirações se juntavam ofegantes, o que eu estava fazendo, eu deveria correr enquanto ainda havia tempo.

--- Eu acho que não me importo mais com isso.

Luke juntou por fim nossos lábios em um beijo desesperado e sedento, eu sentia meu coração palpitando forte enquanto me entregava cada vez mais a aquele beijo, e sentia que era apenas o que queria, eu poderia permanecer aos braços de Luke pelo resto da minha vida, e aquilo com certeza era a coisa pela qual meu coração continuava a bater de maneira agitada e esperançosa.

DescoladosOnde histórias criam vida. Descubra agora