Scar Tissue (SUPERCORP/YOU)

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S/n

- Você perdeu de novo! - Dudu comemorou após ganhar mais uma partida de futebol do videogame. - Só não tô mais feliz porque parece que você nem tá prestando atenção no jogo.

- Desculpa, eu não tô muito no clima. - Larguei o controle na mesa de centro e tomei mais um gole da cerveja.

- Cara, cê tem que superar esse sonho!

- Não foi um sonho, se tivesse sido eu não teria sumido por meses e a última coisa que lembraria não seria o dia da estação de energia. - Respondi emburrada.

- S/n você estava desacordada, pode ter batido a cabeça e por isso só lembra do sonho. - Ele falou sem paciência mas logo respirou fundo. - Olha, eu sei que você não tá contente com essa situação, mas temos que ser realistas aqui, qual a chance de você ter ido para outra dimensão?

- Outro universo, isso não é Stranger things...

- Você me entendeu! Qual é a chance de existir um multiverso? Isso é coisa de filme, nem vamos mencionar os poderes. Isso é loucura minha amiga, parece aqueles malucos que tomam aquelas paradas em raves e ficam vendo gnomos. - Ele fez uma careta olhando para o nada e eu acabei sorrindo um pouco. - Tá vendo, nem você mesmo se aguenta, super choque!

Rimos mais um pouco e eu parei para pensar, já fazia mais de uma semana que estava aqui e nada tinha acontecido, ninguém veio atrás de mim, zero poderes, e olha que eu tentei, até enfiei o dedo na tomada e passei quase uma hora sem conseguir parar de me sentir mal. Foi horrível! Talvez Eduardo tenha razão e tudo não passou de um sonho, tentei engolir a dor do meu coração partido, sonho ou não, eu estava apaixonada e nunca mais iria as ver, nem mesmo na tv, não teria coragem mais de assistir a série.

- Talvez você tenha razão! - Falei aceitando aquele fato, se tivesse sido real elas já teriam vindo atrás de mim. - Vou ter que arrumar minha vida por aqui então.

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Depois de um tempo tentando achar uma maneira de trabalhar em algum lugar sem ser reconhecida, desistimos, essa não era uma das cidades grandes, e aparentemente todos sabiam o que eu tinha feito. O único jeito de ganhar dinheiro num lugar onde ninguém iria me julgar eram as corridas. E era exatamente para onde nós estávamos indo, eu estava um pouco nervosa, fazia tempo que eu não pilotava nada além de mim mesma, quer dizer, em sonho. Revirei os olhos e desci da moto, Eduardo foi pilotando, ele me emprestou sua moto para que eu consiga a minha própria aqui, eu iria correr com ela.

- Esse lugar continua mal frequentado mesmo! - Escutei e virei para ver a ruiva bem atrás de mim.

- Infelizmente vou ter que concordar com você Helena, quando você se faz presente, impossível dizer que esse é um lugar bem frequentado.

- Você deveria estar menos atrevida S/n, a final, seu rosto esteve estampado nos jornais do estado todo como foragida. - Ela deu um passo a frente fazendo o seu melhor olhar de deboche.

- Aposto que antes do meu, o seu já estava lá! - Dei um passo em sua direção a olhando séria, ela mantinha seu olhar em meus olhos.

Ela finalmente abriu um sorriso maroto e abriu seus braços para me receber.

- Onde você esteve sua vagabunda?! Eu estava preocupada! - Ela disse me abraçando apertado.

- Eu nem sei pra dizer a verdade! Mas estou aqui agora! - Retribuo o abraço.

Helena era uma jovem de 23 anos, tinha quase 1,80 de altura, cabelos vermelhos e um temperamento questionável. Nos conhecemos num bar onde trabalhei, ela me ensinou a pilotar, era ela a responsável pelas corridas ilegais, ela e eu tínhamos esse jeito de lidar uma com a outra. Éramos o tipo de amigas que se viam pouco, porém nada mudava, é claro que se ver pouco não era o mesmo que passar meses sumida e foragida da polícia, totalmente compreensível a reação dela em me ver.