Capítulo 5

239 39 7
                                    

Eren ainda não tinha chegado. Era mais precisamente três da manhã, a chuva lá fora batia fortemente contra o solo e o tempo não estava nada bom, talvez os relâmpagos fossem prova disso. Levi não sabia o porquê de estar acordado aquela hora, a única certeza que tinha era que não conseguia dormir, não importa o quanto tentasse. Ele já tinha conhecimento de sua insônia mas mesmo com remédios não conseguia pregar os olhos, fazendo os comprimidos serem totalmente inúteis. Ah, ele havia notado bem a ausência de um moreno de olhos verdes, mas sabia que ele estava com o novo amigo dele, aquele loiro idiota, o que supostamente eram amigos de infâncias mas que nunca havia ouvido falar antes dessa amizade.

Estava debaixo de suas cobertas limpas e cheirosas, fitando o escuro do quarto pensando se ligava ou não para o maior. O orgulho em seu peito não permitia mas a preocupação era enorme. A perda da memória do garoto poderia ocasionar em vários problemas, mentalmente ainda era uma criança, eram anos perdidos de experiência. Todo aqueles pensamentos estavam girando em círculos em sua mente, até ouvir um barulho alto no andar de baixo, algo caindo como se fossem chaves e passos pesados. Franziu o cenho pensando ser Eren, levantando-se da cama sem exitar, pouco se importando com o frio. Desceu as escadas com pressa, não esperando encontrar de verdade seu namorado bêbado e deitado no sofá, sem trocar de roupas! Estava encharcado pela chuva e teve que contar até dez para não estripa-lo ali mesmo por estar molhando a casa inteira. Suspirando pesadamente, foi até o mais novo o pegando sem cuidado algum, levantando-o até o banheiro. Ele estava balbuciando palavras confusas e impossíveis de entender, algo que ignorou com prazer para não se irritar ainda mais com ele.

O acastanhado, entretido com suas palavras confusas, tomou um susto quando de repente foi jogado na banheira de qualquer jeito, tendo um contato direto com a água quente. E se não fosse isso, os tapas que levou e os as mãos brutas do mais velho em contato com sua pele o fez rapidamente ficar mais sóbrio, não entendo o motivo da agressão sendo que supostamente ele deveria estar ajudando. Oh, por que diabos estava sendo agredido? Ao olhar para cima, encontrou um par de olhos azuis nublados de raiva e nojo, desprezo, tudo direcionados a si, nunca havia visto o mais velho com esse olhar desde que o conhecera, isso é, nesses poucos dias. Quando identificou que ele não lhe encarava nos olhos e sim algo em seu corpo, seguiu seu olhar, se deperando com marcas por toda a extensão de sua pele bronzeada. Havia chupões que chegaram a ficar roxo pela brutalidade e pelo tempo que havia passado. Em sua mente bêbada não entendia o porquê do Ackerman estar sendo tão bruto ao lava-lo, mas se sentia aquecido ao sentir aquelas mãos pequenas mas ainda sim firme passear pelo seu corpo, deslizando com a ajuda do sabão. Acabou por ignorar a força exercida desnecessariamente, preferindo focar apenas na sensação daquele homem o cuidando.

Sorte seria sua se ele continuasse só com as mãos, pois logo Levi puxou uma bucha e começou a esfregar dolorosamente sua pele, chegando a ficar vermelha. Ele o lavava como se estivesse limpando algo imundo e enquanto isso, os dois permaneciam em completo silêncio com apenas o barulho da forte chuva e a os movimentos da água da banheira preenchendo o local. O mais velho estava com uma cara nada boa e quando Eren o encarou para implorar que usasse menos força, as palavras ficaram presas em sua boca, como se estivessem entaladas em sua garganta e não saíssem por nada. Ele sentiu medo. Aquele homem estava com um olhar assassino que Eren nunca tinha testemunhado em sua vida toda, um olhar tão frio que jamais havia visto em qualquer um que tivesse conhecido. Mas o que ele havia feito de errado? Era pelas marcas em seu corpo? Por ter chegado bêbado? Por ter encharcado seu sofá? Ele só queria que ele parasse de encara-lo com aqueles olhos. Se sentia intimidado, passando a se sentir sufocado pelo próprio ar. Desviou aquelas belas orbes verdes para a água da banheira, apenas sentindo Levi o lava-lo como se fosse a coisa mais imunda do mundo. Tinha percebido seu complexo de limpeza mas aquilo por algum motivo, não parecia ser só isso. Foram minutos dolorosos sentindo a bucha de arrastar por sua pele em movimentos nada gentis.

MEMORIES (Ereri/Riren)Onde histórias criam vida. Descubra agora