Prólogo

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Sakura 


— INOOOOOO, EU VOU ME JOGAR! — Disse eu, pobre, triste, sequelada e corna, agarrando meu pote de sorvete como se ele fosse a única coisa que prestasse nesse mundo cão. 

— Você vai se jogar de onde, garota? Sedentária do jeito que é, tá nesse sofá já faz 5 dias. Sakura, você tem que superar esse mantra depressivo logo e voltar a ser feliz. Você anda tomando banho? — retrucou Ino, não fazendo questão de esconder sua curiosidade enquanto se sentava ao meu lado. 

— Não... sábado passado foi a última vez que o Sasori me abraçou e eu não quero perder o cheiro dele. — Uma lágrima solitária escorregou pelo meu rosto, e me forcei a tomar mais uma colherada do meu sorvete caro que não vale o preço que se paga. De verdade, 15 dólares num pote? Governo corrupto. 

— Então é por isso que as ratazanas voltaram? — Os olhos dela dobraram de tamanho, e sinceramente, até eu senti um arrepio sinistro só de me lembrar. — Eu disse que você iria atrair aqueles ratos mutantes se não tomasse banho. Até o dedetizador ficou com medo. 

— As ratazanas não são o problema! — E sim eu, pobre de dinheiro e de alma, que se iludiu por um cara que me botava chifres. 

Safado vagabundo. 

Ino ficou em silêncio e passou a me analisar melhor, reparando no quão derrotada eh estava. Sendo sincera, se eu me visse na rua agora seria capaz de oferecer alguns trocados e um pão. Estou destruída de dentro pra fora, não tomei banho, já passei da fase da negação e já arranjei uns amigos nas ruas por eles me acharem que sou parecida com eles.

Digo, entrar para a gangue dos "sem teto, porém resilientes" foi um grande passo na minha carreira. Ino não sabe, mas todos os meus amigos moradores de ruas concordaram comigo quando eu disse que sofri mais do que a aranha tentando escalar a parede com a chuva forte. Me deram até um apelido.

"A menina que só sabia sofrer". Disseram que vão pintar um retrato meu em um muro como homenagem. 

— Amiga... — Ino quebrou o silêncio de repente, entortando os lábios enquanto me analisava com destreza. — Eu sei que você gostava muito do Sasori, mas está na hora de você seguir em frente. Sabe, um banho seria um ótimo começo... 

— Como é que eu vou tomar banho sabendo que o meu macho de piroca mediana está beijando outra garota? — Isso é, no mínimo, inaceitável. 

— Vocês não tinham uma amizade colorida? 

— Sim, mas o amor era eterno! — Eu sou a última romântica mesmo. Por isso que só me ferro. 

Digo, tá, e daí que tecnicamente era só pegação? E daí que, tecnicamente ele sempre deixou bem claro que não tinha sentimentos por mim? Sabe, é por isso que o mundo tá do jeito que tá. E o amor? Cadê? Não tem. Buquê de flores? Agora é buquê de camisinhas. 

Já ganhei um, sinistro. 

— Eu sei amiga, é terrível levar um fora de um cara. Mas sabe qual é a melhor sensação do mundo? A que vem logo depois? — Os olhos dela se encheram de expectativa, enquanto um mini sorriso surgia em seu rosto. 

— Qual é? — retruquei com voz de choro, tomando mais uma colherada de sorvete. 

— Mostrar pro corno o que foi que ele perdeu! — Dessa vez quem arregalou os olhos fui eu, enquanto Ino parecia vibrar de felicidade. 

Olha, faz sentido. 

Claro, mostrar pro seu ex vagabundo o que foi que ele perdeu me parece ser uma ótima ideia. Porém, isso significa que eu vou ter que me levantar do sofá para me arrumar? Desisto. Prefiro tirar uma foto minha, colocar um photoshop e torcer para que as pessoas acreditem que eu virei a Megan Fox do dia pra noite. 

O inferno é RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora