Sasuke
— E não é como se fosse nossa culpa se o cara se machucou depois de se oferecer para ser a bola de bilhar. Tipo, ele sabia que o taco teria que entrar em algum lugar...
Karin tagarelava entre uma garfada e outra, deslizando seu olhar entre um Suigetsu levemente entristecido pela ressaca, e eu, que sequer conseguia manter a atenção. O prato de comida à minha frente parecia bem mais convidativo do que navegar nas lembranças da noite passada, e mesmo assim, algo parecia incomodar meu peito.
Bem, eu não deveria sentir desconforto em pensar na noite passada.
Uma pontada de dor atravessou minha cabeça, me forçando a soltar um suspiro baixo assim que meus dedos alcançaram a ponte do meu nariz. Talvez, só talvez eu tenha exagerado na bebida ontem, o que foi uma surpresa até mesmo para mim ao acordar esta manhã. Eu não sou o tipo de cara que bebe para ficar bêbado, e sempre tive um bom auto controle sobre isso.
Por alguma razão, ontem eu não tive.
E a pontada de dor rolando como um loop dentro da minha cabeça era apenas um lembrete disso.
— Imagino que ele vá se recuperar. — Retrucou Suigetsu, provavelmente se referindo ao cara da bola de bilhar humana.
— Já se recuperou, não foi nada demais. Eu só não o deixaria culpar a Kurama por tomar decisões imbecis estando bêbado. — Assisti a ruiva dar de ombros, apoiando os braços na mesa após dar outra garfada na comida. — Ontem foi maneiro, não foi? O pessoal realmente conseguiu se divertir. Acho que a energia se intensificou porque a época de provas já está chegando, e todo mundo quer relaxar antes de ficar depressivo atrás de uma pilha de livros.
— Posso relatar. — O som de um riso seco escapou pelos lábios de Suigetsu, que logo se arrependeu ao sentir uma pontada de dor. — Puta que pariu, eu estou mal. — Ele massageou de leve a própria testa, fazendo uma careta desconfortável parecida com a minha; até mesmo o suspiro de dor parecia igual. — Nunca mais eu bebo.
— Sabemos que sim. — Karin ironizou, rolando os orbes claros. — O quanto você bebeu? Você é forte para bebida, então estou surpresa que esteja assim. O mesmo vale para você, Sasuke.
— É mesmo... o que rolou ontem à noite, mano? — E de repente, a atenção toda estava sobre mim.
Num ato impensado, voltei a esconder meu rosto atrás das minhas mãos, massageando minha testa afim de algum alívio momentâneo. Não houve alguma melhora, mas não é como se eu não me sentisse melhor em saber que eles não podiam ver meu rosto agora.
Por que eu extrapolei os limites ontem? Difícil responder essa, mas algo me diz que ter conversado com Sakura minutos antes de tomar meu primeiro copo, tenha ajudado.
Ou seja o principal causador.
É realmente uma pergunta difícil de responder, mesmo que eu me lembre bem da sensação esquisita que senti quando disse que meu beijo com a Haruno tinha sido um "erro". Tornando uma história longa em uma história curta, eu digo que, talvez, eu tenha exagerado um pouco. Principalmente depois de Sakura ter demonstrado uma maturidade imensa ao explicar que a nossa situação não precisava se tornar um tabu. Dois adultos que se beijaram, simples assim. Foi o que ela disse ao tentar me acalmar.
E mesmo assim, sinto que estraguei tudo ao tornar a situação toda em um tabu.
— Não sei direito, acho que simplesmente quis me divertir. — Retruquei em voz baixa, querendo despistar os olhares desconfiados de mim, e meus pensamentos sobre Sakura.
— Sabe quem mais pareceu se divertir ontem? — O tom de voz aquecido de Karin foi estímulo o suficiente para me fazer desviar o olhar até ela, que dessa vez, parecia fazer o mesmo com um pouco mais de intensidade. Um sorriso enigmático brilhava nos lábios dela. — A nossa Sakura.
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O inferno é Rosa
RomansaSakura é a garota mais maluca e imprevisível que qualquer pessoa poderia conhecer. E isso incluí, com certeza, ficar triste pelo seu ficante não aceitar o namoro que, segundo o próprio, aconteceu unicamente e exclusivamente na cabeça dela. Para ten...