Errei, fui moleque.

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Sakura

Depois que eu nasci, essa tragédia que foi para o mundo, mamãe procurou me ensinar a ser uma mulher forte.

É por esta razão que eu ostento cabelos rosas desde os meus cinco anos de idade. Segundo a velha, ser uma criança que se destacasse em uma sala cheia de pirralhos básicos, me daria a confiança necessária para conquistar o mundo. Por isso, ela pintava meu cabelo com tintas spray que saíam no banho.

E deu certo.

No quinto ano, eu fui a cabeça por detrás do esquema de marca-textos roubados na minha sala, ninguém era roubado sem que eu soubesse e aprovasse — eu aprovava todo mundo, a nível de informação. Fui um grande sucesso, porém, acabei sendo deposta do cargo após ser acusada de "roubar todas as canetinhas" para mim. Uns desgraçados que não sabiam do que estavam falando.

Eu roubei mesmo as canetinhas. Mas afinal, não era esse o nosso trabalho?

No ensino médio, eu subi o nível. Agora, eu trabalhava com balas de morango. Nenhuma balinha entrava na minha sala sem que eu soubesse. Uma grande mente capitalista e empreendedora; eu poderia ter sido maior que a tia da cantina, aquela safada invejosa que sempre me olhou torto. Infelizmente, todo o meu império caiu por terra após eu contar meus esquemas para a, até então traidora — conselheira da escola —, que me receitou ajuda psicológica por suspostamente "ter jeito para a máfia".

Outra desgraçada que não sabe o que diz.

Foram tempos de muita alegria, diversão juvenil e balinhas grátis. Mebuki Haruno ficou muito orgulhosa de mim quando soube do meu poder, e contanto que eu fosse uma mulher empoderada, eu estava totalmente à vontade para transformar o que quer que fosse em um esquema mafioso. Papai, por outro lado, apenas achava importante que eu nunca cometesse nenhum crime, o que apesar de eu já ter dormido na cadeia, nunca aconteceu.

Porém, no instante em que eu encarava com muito desejo – maligno – a garrafa de licor em cima da mesa de bebidas, um tanto afastada da festa – e da alegria de viver –, eu matutei sobre o quão perto eu cheguei de decepcionar os meus pais. Mebuki Haruno ficaria arrasada se pudesse me ver agora, confusa sobre acontecimentos que simplesmente não deveria ter acontecido, e completamente afetada por eles – lê-se triste e com tesão. E, Deus, papai ficaria muito desconfortável com a ideia de ver sua filhinha estrangulando um marmanjo de 1,90 de altura sarcástico a ponto de ser odioso; uma garota ruiva maluca, e um mano platinado.

O defeito é ele ser platinado.

Meus olhos deslizaram pela garrafa mais uma vez num ato demorado e provocativo. O licor me parece tão convidativo nessa era de tempos difíceis, é uma pena que eu seja tão medrosa a ponto de não conseguir ingerir uma gota de álcool.

Realmente, uma pena.

— Deixa eu ver se eu entendi... — A Yamanaka começou, apoiando a ponta do dedo no queixo enrugado pela careta confusa. — Você foi jogada dentro de um cubículo quente e apertado, vendada, contra a sua vontade e, ainda por cima, saiu de lá beijando o Sasuke?

— Tempos difíceis... — Comentei mais para mim mesma, esperando qualquer sinal de que Ino ou Hinata fossem concordar comigo.

Mas ele não veio.

Assim que descobri que era Sasuke Uchiha me beijando, tive apenas um único impulso: fugir para um lugar seguro. Onde? Hum, tópico curioso. Como eu não podia simplesmente sair do condomínio – estava de carona com Naruto, e sentia que simplesmente não conseguiria andar depois do que aconteceu –, julguei que seria de bom tom se eu me escondesse.

É por isso que eu estou agachada, com Ino e Hinata, atrás da mesa de bebidas atordoada o suficiente para cogitar tomá-las.

— E qual é o problema?

O inferno é RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora