O inferno é Rosa

Algumas vezes o mal está do nosso lado e nós não percebemos.

— Sakura, eu não acredito que vou te dizer isso pela quarta vez no dia, mas, você não precisa fazer isso.   

  

Comprimi sutilmente meu lábio contra o outro, tediosa e respirando fundo, quando a voz relutante de Hinata chiou ao meu lado mais uma vez. Ino também estava conosco, estacionada ao meu lado direito, porém calada, fria e calculista. Ali, enquanto nós três estávamos camufladas numa moita no meio do campus, eu percebi no quão fundo do poço eu estava.   

  

Começarei com Hinata, que passou o caminho inteiro até o jardim da faculdade –aonde nós inevitavelmente estaríamos desde que descobri que aqui é o lugar favorito dos melhores amigos do Sasuke–, tentando me impedir de seguir com o plano usando de argumentos parecidos com "não se meta em mais problemas, vagabunda desgraçada".   

  

E se eu quiser me meter em problemas?

  

Tudo bem que eu não quero, cheguei até a comentar com elas sobre isso, na verdade. Me arrependo agora.   

  

Esse é um dos problemas de se tomar decisões impulsivas sendo uma pessoa orgulhosa. Eu sei que pôr planos formados por uma mente maligna igual a de Ino não é lá uma boa coisa, e também sei que os resultados não serão tão satisfatórios quanto eu queria que fossem. Porém, não desistirei uma segunda vez, mesmo sabendo que as consequências serão infernais e tristes.   

  

Pois eu não ligo. Continuarei tapando meus olhos para a verdade.   

  

Serei mais feliz assim.   

  

Já Ino? Estarei me mantendo em silêncio quanto a ela.   

  

Desde que a Yamanaka soube que eu decidi voltar com o plano, no qual eu quis desistir umas dez vezes num período de três dias, Ino entrou num estado de transe de ódio encubado contra mim. E eu a entendo, ela provavelmente está me odiando um pouco agora por eu ter aceitado o plano, desistido e voltado atrás um pouco depois, tudo isso num período de 2 dias —mesmo que ela tenha levado pouco tempo para bolar ele, também. Agora ela está irritada, mal fala comigo e, toda vez que digo ou faço algo relacionado ao plano, Ino faz uma cara feia.   

  

Pois não é motivo.   

  

Só não direi isso a ela agora. Gosto de ter meu coração batendo dentro do meu peito, seguro.   

  

Segurança é bom.   

  

Estreitei os olhos mais uma vez, agora me sentindo um pouco mais arrependida de ter chamado elas para esse momento importante.   

  

"Eu não gosto de extremismo, eu sou bonita", eu disse. Agora, tenho dúvidas.   

  

Hum, dane-se, não vou pensar na minha leve hipocrisia. Além de que, não fui burra dessa vez e parei para pensar um pouco antes de dar qualquer passo. Desde o fatídico dia com Sasori –cujo sempre que tem a oportunidade, me encara de um jeito como se estivesse lendo a minha alma–, tirei o resto da semana para fazer minha pesquisa e achar o melhor jeito de me aproximar do Sasuke.