Movida pelo mal, movida pelo ódio.

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Sakura 


Olha, planos são falhos. 

Enquanto escutava as pessoas sussurrarem que Sasori finalmente estava dando respostas positivas no hospital, eu finalmente entendi que errar é humano — e que um acidente não é necessariamente uma tentativa de assassinato. 

É uma história engraçada. Talvez nem tanto pro Sasori agora, afinal, ele ainda está em coma induzido. Mas quando ele acordar, caramba! Vai rir bastante, eu tenho certeza. 

Suspirei uma última vez antes de afundar minha cabeça nos meus joelhos. Engraçado como o mundo consegue ser injusto às vezes, não é? Sasori esbanjando alegria lá no hospital, e eu aqui, pobre. 

Tudo o que aconteceu foi uma coisa boba, bobagem, e aquele depoimento para a polícia com certeza não era necessário. Que isso, Sasori está bem. 

Vivo e respirando. Só, não acordado. 

Não é como se ele fosse o único, também. Que as pessoas lidem com isso. 

— Amiga, do que você está com raiva? Por um acaso você não está assim por saber que o Sasori ainda está vivo, não é? — Senti um aperto no meu ombro, e levantei lentamente minha cabeça apenas para encarar Ino, que acima de tudo, fazia questão de me julgar enquanto eu era jogada aos abutres. Porca desgraçada. 

— De tudo, Ino! De tudo. Do meu plano que falhou, do copo que era pra ter acertado a cabeça daquele esgoto de cabelos ruivos, mas que acidentalmente acertou o carinha do som, e principalmente da traição, egoísmo e malvadeza que aqueles dois fizeram comigo! — Talvez, Sasori mereceu e merecia mais do que aconteceu com ele. 

Pesado, essa foi pesado. Mas expressa bem todo o meu ódio. 

Digo, eu não estou raivosa exatamente pelo meu plano ter dado errado. Eu já devia saber que usar balões de água para simular um silicone no peito e uma pistola não iriam trazer o Sasori de volta pra mim. Primeiro que a pistola era de brinquedo, e eu queria uma de verdade, mas me barraram porque era "perturbador e violento demais para uma festa". 

Uma pataquada sem tamanho. 

E também não fiquei brava pelo Sasori não ter caído na minha gigantesca rede de sedução. E eu não me estressei nenhum pouco quando descobri que o motivo disso, era porque ele estava ficando com outra garota. Sejamos adultos, isso já seria algo tóxico, e eu sou potável. Uma linda sereia de água doce. O que me irritou, na verdade, foi a garota em questão. 

Fuu, uma baixinha trambiqueira que encucou comigo desde o primeiro momento que me viu com o Sasori. Implicava comigo sobre tudo, meu peso, minha altura, até a cor dos meus cabelos sedosos, o que abalou um pouquinho minha autoestima. Por isso, eu tenho o total direito, sim senhor, de sentir ódio desses dois — principalmente do Sasori. 

Aquele mequetrefe estava enfiando a língua justo na boca da pessoa que sempre fez de tudo para me fazer sentir mal comigo mesma durante o nosso pequeno e destruidor relacionamento de beijinhos. 

Naquela hora, algo além do meu coração tinha se quebrado. 

— Olha, eu não sei se seria sensato acreditar em você depois que... bem, você sabe. Mandar o Sasori para o hospital desacordado não é bem uma atitude vivaz. — Ergui os olhos explanando bem meu ódio, que Ino chegou a perceber, mas continuou me humilhando porque ela adora isso. 

Um dia eu sumo. 

— Não, Ino, eu não fiz por querer. Fiz por causa da raiva. Aquele mequetrefe teve a audácia de me trair justo com a garota que mais me odiava. 

O inferno é RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora