Um avanço, só que em direção ao inferno.

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Sakura 


Estou camuflada. 

Para uma espiã do meu nível, é extremamente importante manter a discrição no trabalho, não ser notada, ter movimentos tão lentos que se tornam invisíveis a olho nu. 

Eu sou assim. Invisível a olho nu, uma hora você me vê, outra hora não. 

Isso explica muito bem o porquê de eu estar usando um livro de biologia para cobrir o meu rosto. Inteligente, no mínimo, é o que eu sou por ter pensado nessa ideia. 

É o seguinte, após as palavras duras de Hinata sobre você sabe quem, eu não pensei duas vezes em aceitar o plano de Ino para reduzir aquela pessoa a átomos. 

Agora que estou mais calma, eu deveria repensar sobre tudo isso e me apegar ao resquício de autoestima que me restou, certo? Deveria, deveria sim. Mas não vou fazer isso, pelo contrário, vou trilhar o caminho das trevas e me vingar de tudo o que Sasori já me fez. 

O copo foi só o começo. 

Sou extremamente perigosa. 

Semicerrei os olhos e apoiei melhor o livro na frente do meu rosto. É, isso vai mesmo acontecer. O plano da Yamanaka era trazer o Sasuke até aqui —para o refeitório— e torcer para que as minhas investidas deem certo, mas no fundo eu sei que ela escolheu o refeitório porque aqui tem bastantes testemunhas caso ele tente alguma coisa. Pelo menos é assim que eu penso. 

Vou ficar esperta com esse cara. Já disse que tudo o que ele precisa pra cortar uma maça é de uma faca e uma mão? Apenas uma. 

Repito, isso não deveria ser possível. 

Enquanto uma mão ele usa pra cortar a maça, a outra ele usa pra estrangular velhinhos. 

Ri sutilmente com esse pensamento. Mesmo que há chances de ser verdade. 

Aliás, muitas coisas não deveriam ser possíveis — ou apenas existirem. Matemática na medicina é um ótimo exemplo disso. 

Não é como se eu fosse pensar em dividir certinho cinco bananas pro Pedrinho enquanto opero um crânio. A não ser que o crânio seja do próprio Pedrinho, daí eu acho que ele seria merecedor de umas bananas, sim. 

Ou não. Se o Pedrinho estivesse com a cabeça aberta, coisa boa ele não estava fazendo. 

Pisquei os olhos por um momento, tentando me concentrar. 

Ter o crânio aberto deve ser um saco. Será que dói muito? 

Crispei os lábios com esse pensamento. Acho que já está claro pra mim que toda essa tensão não está me fazendo bem. Mesmo que esses pensamentos espirituosos —como imaginar o crânio aberto do Pedrinho— já é meio que a minha marca registrada. Logo, a partir de hoje ninguém mais pode pensar neste tipo de coisa, pois patenteei o ato de ter pensamentos espirituosos. 

Isso é plágio de pensamentos. 

Eu deveria procurar ajuda especializada, mas não ligo, vou pensar sobre isso só depois. Agora tenho coisas mais importantes pra resolver, como fazer amizade com o Uchiha assustador e dar um couro no Sasori. 

Aliás, como é que, mesmo estando rodeada de tanta gente neste refeitório, ninguém parou pra me olhar toda encolhida na mesa? Tipo, nem que fosse só por alguns segundos? 

Não que eu seja adepta ao bullying, mas se eu visse uma garota de cabelos rosas se escondendo atrás de um livro de biologia no meio do refeitório, eu faria alguns comentários. 

O inferno é RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora