Quando a humildade e arrogância se enfrentam.

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Sakura

É engraçada a capacidade que eu tenho de me expor ao perigo.


Quando eu menos espero, lá estou eu deixando meu lindo pescocinho à mostra pra qualquer um que queira cortá-lo — ou estrangula-lo, tem gente criativa por aí. A parte engraçada, é que eu estou constantemente vivendo num mantra de calmaria e Yoga justamente para que eu não me meta em problemas e tome decisões impulsivas.

Se eu acho esse tal de Yoga na rua, bato nele.

40 minutos. Esse era o tempo que eu tirava de todas as minhas manhãs para fazer aquelas posições difíceis e reforçar o quanto eu sou merecedora da paz interior –e de uns biscoitinhos, porque é bom. Mas não funcionou e todo o autocontrole que me prometeram, também.

Quero meu tempo de volta. Todos aqueles 40 minutos perdidos que eu poderia usar pra fazer coisas incríveis, como por exemplo, salvar o oceano ou ganhar um Emmy, mas que não pude porque estava fazendo Yoga. Novamente, um grande erro da minha parte.

Cadê toda a paz interior que aqueles professores me prometeram? Não tem.

Deveriam ir todos presos.

Pisquei atordoada. Eu deveria fazer isso mesmo, uma grande denúncia para a polícia e para o universo, mas não vou porque comprei o pacote de 10 seções e ainda faltam quatro pra acabar. Yoga mercenário, mas necessário.

Não é como se eu fosse jogar meu dinheiro no lixo, também.

Bufei mentalmente, mostrando todo o meu ódio no momento, mas só pra mim.

Como se fosse para me trazer de volta a realidade, um pigarreio se fez presente e me fez olhar em volta, me lembrando o porquê de eu ter comprado as seções de Yoga para decisões impulsivas –a compra também foi uma decisão impulsiva, mas prefiro ignorar isso no momento.

Sabe aqueles momentos em que você vê sua vida passando diante dos seus olhos? É uma sensação legal, até – tirando a grande depressão que vem depois quando você percebe que sua vida é vazia e desinteressante, mas, tudo bem. Vou focar na parte da sensação ser boa.

A sensação de saber que você vai morrer.

Crispei os lábios com esse pensamento. Falando assim até parece que foi grande coisa. Tudo bem que foi tudo muito inesperado pra ele, e que o Uchiha não parece estar muito feliz, não.

Ou sim, também. Tudo bem que ele não está com uma cara amigável, e é aceitável que a postura dele esteja petrificada e que o encosto da cadeira esteja amassado por causa do aperto das mãos dele. Mas isso não quer dizer necessariamente que ele está com raiva.

Ele deve estar com sono.

Fechei mais a cara, cruzando os braços. Agora ele vai ficar assim? Desnecessário isso, no mínimo. Tanta gente passando por coisa pior e ele aí, esbanjando saúde e um leve odor de milk-shake de morango.

Não ligo. Mereceu e merecia muito mais. Na próxima, vou usar uma pedra.

Se ele não tentar isso primeiro.

Um alerta se acendeu na minha cabeça de repente e uma respiração mais profunda foi necessária.

Olhei em volta disfarçando, muito bem, o pequeno medo que estava crescendo em mim. Todos estavam chocados, olhando para a minha direção com olhos arregalados e bocas abertas, mas o mais importante, era que ninguém parecia realmente interessado em me proteger de um possível ataque da criatura encharcada de milk-shake que, em completo silêncio, levantava a cabeça lentamente, num suspense que não fez nada bem para o meu coração frágil.

Tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta. Odeio admitir isso, mas a tigresa fogosa estava aos poucos dando lugar à Sakura medrosa e, por alguma razão, sentia que não estava conseguindo esconder isso muito bem. Talvez, o suspiro de pânico que soltei quando os olhos do Uchiha finalmente caíram sob mim —não muito felizes—, me entregou. Senti meu corpo estremecer quando o vi apertar as mãos em punho e novamente o encosto da cadeira sofreu, e quando seus olhos semicerraram assim que ele percebeu que eu o estava olhando, soube que Sasuke estava me imaginando ali.

Tudo bem, sem pânico.

Posso estar enganada, mas sinto que ter jogado o milk-shake inteiro do Naruto em cima do Sasuke, não foi lá umas das minhas melhores decisões. Uma burrada. Um errinho inocente, e tá tudo bem.

Eu já fiz coisa pior e ninguém nunca quis me matar nessa intensidade. Sasuke tem que medir seus privilégios e se pôr em seu lugar, tem que ser humilde.

Pensar com a cabeça debaixo nunca foi uma boa mesmo. Eu culpo meu clitóris. E quem nunca errou na vida? Vou falar isso pra ele. Tem que ter compaixão comigo, também.

— Sakura... tá louca, porra? O que foi isso? — Ino chiou irritada, incrédula e surpresa ao meu lado, puxando minha blusa discretamente para eu olhá-la. Não me surpreendi quando percebi que ela não estava fazendo nada além do mínimo para me dar algum tipo de suporte nesse momento delicado para o meu pescoço.

Porém, eu não me movi. Não quando a minha integridade pessoal dependia de uma coragem que, poxa, estava indo embora. Ou ela nunca esteve realmente lá.

Não me estendi muito nisso não, e apenas continuei ali, de pé e sem muitos sonhos, com o olhar cravado no Uchiha e sem nenhuma, nenhuma perspectiva de vida. Tudo bem, eu consigo fazer isso. Ficar quietinha e manter uma pose de durona, talvez ele se assuste e finalmente vá dormir.

Mas o que aconteceu depois, me assustou um pouco.

Sasuke agarrou, do nada, o copo do milk-shake que estava jogado no chão e o amassou usando apenas uma mão, talvez para que aquilo não acontecesse comigo. Engoli em seco vendo isso, pois apesar de ser orgulhosa, ver um cara assassinando um copo imaginando ser você, é algo que nos faz repensar sobre algumas atitudes.

Deus, se você pode me ouvir, por favor, me salva.

— Resistindo, Ino. Estou resistindo. — Retruquei baixinho, quase chorando, mas confiante.

Ameaças incubadas e um comportamento assassino, isso era tudo o que eu conseguia tirar do Sasuke naquele momento. Fiquei meio triste quando reparei nisso, porque eu realmente comecei a achar que aquele era o meu último dia de vida.

Veja bem, eu não estava triste por morrer, mas sim por saber que vou morrer e eu ainda estar na faculdade.

Eu não aceito nada menos do que uma morte digna. Se for pra morrer, tem que morrer direito.

Será que o Sasuke tem uma flecha flamejante no bolso? Vi isso outro dia em um filme em que o cara era acertado por uma bem no peito. Achei tão lindo.

Eu morreria feliz.

Senti mais um puxão na minha camisa, e fechei a cara, voltando a minha realidade nenhum pouco parecida com a que eu queria pra mim. Tudo estava extremamente silencioso. Ninguém fazia um barulhinho se quer, o que ajudaria na minha situação, até porque silêncio não combina com pessoas tensas.

Mas não era como se alguém quisesse colaborar comigo. E ter os olhos do Uchiha cravados em mim, agora numa intensidade maior, me fez ter calafrios.

De repente, senti como se fosse a presa do Sasuke.

Sabe aqueles filmes de terror cuja a qualidade é meio duvidosa? Sexta-feira 13 que o diga, uma produção bem singela e minimalista, mas que tem uma barreta presença. Digo, não devemos julgar a qualidade de um filme quando sua estreia foi há 40 anos atrás, mas ninguém vai me parar. Eu julgo sim.

Que Steven Miner melhorasse como pessoa e diretor.

Mas, pelo menos o filme cumpre o que promete. Ele dá medo e pronto. É de se repensar sobre a vida quando a gente vê um cara que praticamente nunca morre e que tem como único objetivo de vida matar jovens transantes. Eu me sentiria segura.

Se bem que, um gigante calvo portando um facão prontinho para matar uma porrada de gente, não é exatamente o meu porto seguro. Dá pra entender e tudo mais, poxa, jogaram ele no rio quando era criança, mas tem seus limites. Eu não mataria ninguém por isso.

Já o Sasuke, por muito menos.

Eu não estaria exagerando em nada se dissesse que ele estava se parecendo muito com o Jason, agora. Grande, calado e um calvo em potencial.

Na verdade, não ficaria surpresa se ele tirasse um facão do bolso e apontasse na minha direção. Eu apenas iria assentir e dizer "bota".

Mas afinal, quem é que tem um facão no bolso e não uma flecha?

É como eu disse, tem que morrer direito.

Como se pudesse ler os meus pensamentos, o Uchiha, ainda em silêncio, começou a se levantar devagar e mantendo o olhar irritado em mim. Arregalei os olhos, e me permiti surtar um pouquinho.

Os movimentos dele eram lentos até demais, mas não foi o suficiente para me fazer ficar melhor. Pelo contrário, quando pude sentir sua respiração pesada batendo contra meu rosto —quando ele claramente já estava parado a minha frente—, entrei em pânico.

Simplesmente odeio ter que lidar com as consequências dos meus atos.

— Que merda foi essa? — Sasuke soprou, entredentes e rouco, com a raiva presente na voz, cortando o silêncio que tinha se instalado no refeitório.

Mas não era como se alguém tivesse forças para falar algo depois disso.

Se antes o silêncio reinava no refeitório, agora não se podia ouvir nem as respirações das pessoas a nossa volta. O que me deixou meio preocupada, não vou mentir.

— Você fala? Se eu soubesse, teria jogado o milk-shake em você antes. — Disse como se não quisesse nada, desviando meu olhar até minhas unhas, fingindo não saber que tem um cara louco muito bravo comigo bem na minha frente.

Nem Deus pôde me proteger do arrepio que senti depois.

— Eu não vou perguntar de novo. — A voz dele ressoou ainda mais grave do que antes, e seus olhos não pareciam mover um centímetro enquanto me encarava.

— Eu fiz o que devia fazer, seu mal educado. Ficou ignorando os outros porque quis. — Coloquei uma mão na cintura, tentando uma pose de indiferença e ignorando o meu corpo tremendo. Eu poderia tecer um comentário sobre isso, mas acho que já estou sendo humilhada o suficiente por hoje.

Amanhã eu faço.

— Mas que porra? Você jogou um milk-shake em mim porque não respondi nenhuma das suas perguntas idiotas!? — Ele realmente pareceu ter ficado bravo, até incrédulo um pouco, o que me fez o olhar com descrença.

Ignorar os outros não foi um motivo forte o suficiente? Eu deveria ter mesmo usado uma pedra. Igualaria as coisas até que ele percebesse que ele não é a vítima aqui, eu e meus amigos somos.

Sem que eu percebesse, dei um passo na sua direção. Nossos rostos estavam praticamente colados, a carranca assassina ainda estava lá, mas, diferente de alguns segundos atrás, agora o que corria pelas minhas veias era ódio.

— Fiz e faria de novo. — Ergui o queixo, cruzando os braços no processo. Assim que fiquei rente a sua frente, vi um brilho diferente passar pelos seus olhos. — E se fosse eu te ignorando? Você acharia isso legal?

— Se isso impedisse você de jogar um milk-shake em mim, sim. — Tive que ficar em silêncio depois dessa.

Esse cara sabe jogar com as palavras. E tecnicamente ele está certo, porque se eu tivesse ignorado a existência dele igual ele fez com o meu povo, não teria jogado nada em cima dele.

Inferno.

— Dane-se, não ligo. O que você fez foi errado.

— Mas não justifica você ter jogado um milk-shake em mim. — Ele retrucou, e tive que comprimir a vontade de pular no pescoço dele.

Como pode? Canalha. Além de ser um desgraçado, Sasuke ainda não consegue admitir que está errado?

Eu vou pegar o facão.

— Ué, claro que justifica! Essas pessoas aqui são o meu bando. O bando da Sakura, e a mamãe ama e protege todo mundo. Não vou deixar ninguém destratar eles como você fez, não.

Sasuke continuou parado, mas agora com a feição incrédula. Sua boca se entreabriu algumas vezes, como se estivesse tentando dizer algo, mas nada vinha. Ver aquilo acontecer na minha frente estava sendo "a" experiência, não vou mentir.

Mas me preocupa a ideia de Sasuke Uchiha ter ficado sem palavras por minha causa. Agora eu devo esperar o que? Um sorriso maquiavélico e um corte profundo na garganta?

— Então, se eu entendi essa merda toda, você jogou aquela coisa gosmenta em mim só porque não quis responder suas amigas idiotas? — Um vínculo se formou no meio das sobrancelhas dele, e, se tivesse um jeito da careta dele se tornar mais odiosa, eu ficaria particularmente surpresa.

— Idiota é a sua mãe! — Ouvimos o grito de Ino, escandaloso e raivoso, e não precisei de muito para saber que Naruto e Hinata tiveram que contê-la no mesmo segundo.

O olhar de Sasuke sequer desviou do meu.

— E como eu disse antes, faria de novo. — Soprei contra seu rosto, esboçando um sorriso divertido, esnobe.

No fundo eu estava morrendo de medo. Mas creio que Sasuke não vai tentar nada com tantas testemunhas oculares.

Espero.

— Você é maluca! — Ele rugiu, com a voz mais rouca e grave do que nunca.

— Eu sou gostosa! — Retruquei, analisando seus olhos semicerrarem e suas orbes escurecerem ainda mais.

Depois disso, o silêncio entre nós dois voltou a reinar. Sasuke continuou plantado na minha frente, exalando sua áurea assassina, mas aquilo não estava mais me intimidando.

De repente, aquilo virou um jogo de quem piscasse primeiro, perdia. E eu me empenhei.

Quando penso que não, lá estava eu de olhos arregalados fazendo uma força absurda para não piscar. Vi que isso desestabilizou o Uchiha quando a feição irritada dele deu lugar a uma careta confusa por uns dois segundos, apenas. Mas ele não piscou, assim como eu.

Coisas importantes estão acontecendo entre nós dois.

— Foda-se, eu não ligo. — Sasuke ditou de repente, me pegando de surpresa.

Depois, ele se afastou de mim e simplesmente começou a andar em direção a saída, me deixando sozinha no meio do refeitório. Logo pude escutar os suspiros de todos ao meu redor, até o ar parecia estar menos denso, e aos poucos os burburinhos voltaram. Todos estavam aliviados.

Já eu estava chocada, incrédula.

Meus olhos começaram a piscar num tique nervoso quando percebi que ele havia feito de novo, tinha me tratado com descaso total e, acima de tudo, ignorado todos os palavrões que eu ainda iria falar.

Ninguém vai poder salvar esse cara de mim agora.

Totalmente sã, era assim que eu me sentia quando minha mão agarrou a cadeira livre do meu lado, pronta pra jogá-la no Uchiha com toda a minha força. Mas infelizmente, Ino e Hinata foram mais rápidas ao segurarem meu braço e me impedir, o que gerou uma série de palavrões proferidos por mim quando eu tentei pegar outra cadeira com minha outra mão.

Se eu tivesse sido mais rápida...

— Está cedo demais pra mandar outra pessoa pro hospital, Sakura. — Ino pontuou séria, enquanto eu me sentava na mesa.

A frase dela me insultou, mas foquei na ideia de me acalmar.

Por enquanto.

— Sakura, você foi demais! Nunca vi alguém bater de frente com o Sasuke desse jeito antes, e olha que ele já mereceu. — Naruto, que eu não tinha percebido ainda estar ali, gritou de repente. Por alguma razão fiquei mais calma por ver ele ali, e pude suspirar relaxada enquanto me ajustava na cadeira. — Vou começar a te chamar de Mileena, aquela do Mortal Kombat.

Todo o meu amor por ele foi embora naquele momento.

— Hein? — Crispei os lábios, mas não me exaltei tanto, afinal ainda estava dando um tempo pro meu psicológico se acalmar. — De tantos personagens lindos, por que você me comparou justo com a Mileena?

Eu deveria acertar a pedra no Naruto. Com certeza ele não seria tão ameaçador com o Sasuke.

Vou tirar proveito disso.

— Porque ela é forte, perigosa e acima de tudo, gostosa. — Um sorriso inocente surgiu no rosto dele, como se aquilo realmente fosse um elogio.

Bem, e é mesmo. Mileena, a maior do Mortal Kombat.

E daí que tecnicamente ela é um clone e que... não tem uma boca? Ela é linda. E um neném inocente que é capaz de matar uma porrada de gente.

Gostei dessa comparação, até. Tirando a parte da ausência de uma boca e talvez pelo coração dela estar cheio de maldade genuína, me identifiquei com ela e vou com ela até o fim.

Sou fã.

Sorri de volta pro Uzumaki, imaginando que tipo de coisa se passa na cabeça desse ser. Provavelmente nada, mas gosto de dar uma chance as pessoas.

Eu deveria conversar mais com ele, apesar do óbvio atraso mental —falo isso com muito carinho, Naruto é meu parça, meu mano—, a companhia dele é confortável, até. Ele é um dos poucos que consegue me fazer rir, e sempre deixa o clima mais leve ao seu redor. Naruto é quase uma peneira humana sugando as energias negativas.

Vou começar a andar com ele no meu bolso.

— Momento lindo esse, mas agora me diga, Sakura, o que merda foi essa!? — A Yamanaka bateu com força na mesa, e não posso dizer que não esperava essa reação vindo dela. Na verdade, eu estava contando os minutos pra isso acontecer.

Olhei em volta como se não quisesse nada e percebi que as pessoas já pareciam ter voltado a cuidar da própria vida, o que me deixou aliviada. Eu não sou exatamente a garota popular da faculdade, mas também não quero me envolver em escândalos, até porque conheço bastante gente e tenho uma reputação a manter.

A de superação.

Se bem que Sasori está fazendo um belo trabalho destruindo o minúsculo resquício de orgulho que me sobrou, então não é como se eu tivesse algo concreto que me mantivesse firme no chão — e sã de minhas ações.

Logo, eu estou liberada, sim, pra cruzar a linha tênue entre agressão e atos de superação por uma ex namorada histérica. Tenho certeza de que o pessoal teria pena de mim.

Posso alegar que fiquei louca de amor.

— Não vem com esse papo de que você estava resistindo não, ouviu? Porque você acabou de jogar no lixo a sua única oportunidade de se vingar de verdade do Sasori, que ironicamente, está espalhando mentiras sobre você por aí. Isso não é resistir, e sim se manter no meio da rua enquanto um caminhão descontrolado vem na sua direção e dizer "ele não é louco, ele tá me vendo". Confia que ele tá te vendo sim, desgraçada. — Proferiu a Yamanaka, de olhos semicerrados e braços cruzados.

Pisquei meio atordoada com o ataque de nervos da Ino.

É, ela tem razão, fui meio egoísta e burra sim. Mas não é como se eu quisesse me vingar do Sasori mais, sabe, as vezes é preciso aceitar a paz interior e parar de se meter em problemas.

Eu não estou errada, olha só o problemão que eu arranjei com o Sasuke por causa de uma coisinha de nada. É muito drama, e eu estou cansada.

Prefiro ficar em casa, no sofá e me decompor lá, exatamente como estava fazendo dias atrás.

Aliás, toda essa maldita situação teria se evitado se eu tivesse baixado o maldito photoshop.

— Eu não tô mais afim disso, Ino. Pode ficar brava, ou não, lide com isso, mas eu não vou mover mais nenhum dedinho sequer contra o Sasori.

— E acho que nem deveria. Eu conheço Sasuke tempo o suficiente pra dizer que ele te odiaria caso descobrisse que fez amizade com ele só para afetar Sasori. — Abri um sorriso vencedor assim que Naruto terminou de falar. Mesmo não dando a mínima para o que o Uchiha acha ou pensa, apontei para o Uzumaki como se ele tivesse acabado de contar a verdade absoluta para todas nós. E meio que era, mesmo.

— Estão vendo? Isso é o bem querendo me avisar pra não fazer o mal. Ouçam com atenção. — O meu sorriso continuava lá. Por dentro, eu já me sentia vencedora daquela discussão.

— Mulher, pelo amor de Deus. — Quem retrucou foi Hinata, desacreditada de tudo o que eu disse. Ergui uma sobrancelha e a encarei, surpresa pela postura dela. — Eu apoio esse seu lance de paz interior, equilíbrio e tudo mais. Mas, acho que acima de tudo, deveria fazer isso depois de fuder com a vida do Sasori.

— Mulher!? — Eu não fui a única que ficou surpresa quando Hinata disse aquele palavrão, mas ela não parecia ter paciência de esperar a gente ter nossa reação.

— É, é isso mesmo, se Deus só descansou depois de criar tudo, você só vai descansar depois de acabar com a raça daquele ruivo. — Ela decretou como ela deveria decretar, e particularmente gostei dessa mudança postura. Decidida e forte, parecida comigo.

Mas eu tinha que acabar com aquilo o mais rápido possível.

— É de se considerar a sua opinião, mas... — Saquei meu celular para olhar as horas rapidamente e sorri quando vi que já tinha dado o horário. Quase comemorei internamente quando elas notaram isso também, ainda mais porque agora eu tinha uma ótima justificativa pra deixar essa conversa pra depois. Bem depois. — Tenho aula agora, então não dá pra nós continuarmos com esse papo.

— Sakura, espera...

O inferno é RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora