"Hoje em dia, não consigo encontrá-lo, mas quando eu encontrar, nós vamos ter um novo começo.
Eu estou apaixonado por um conto de fadas, mesmo que isso machuque.
Porque não me importo se ficar louco. Eu já estou amaldiçoado." - Alexander Rybak________________________________________
05- FairytaleE lá estava o Blight, com pequenas olheiras se acumulando sobre seus olhos e cercado de dezenas de papéis com cálculos errados, inúteis e/ou incompletos.
Apesar das noites mal dormidas e de uma higiene minimamente duvidosa, aprendera com seu pai que nunca se era possível fazer progesso quando se estava de estômago vazio. O que, consequentemente, implicava em uma pausa para um lanchinho!
Preferia comer salgadinhos ou batatas, mas sabia que seu pai já haveria acabado com o estoque que tinham no armário da cozinha àquela altura. Revirou armários e gavetas à procura de algo que pudesse comer, até que optou por se contentar com uma caixa de cereais.
Pegou a embalagem e chacoalhou, concluindo que havia pouco menos da metade.
Voltando para a sala, se sentou no sofá novamente e abriu a parte de cima da caixa, colocando a mão lá dentro e retirando um punhado de cereais. Já estava tornando a pensar nos cálculos, até que um passarinho afobado se materializou diante de seu rosto, batendo as asas de maneira frenética e incessante.
- Ei, ei!! Calma, Flapjack! - o esverdeado dizia enquanto tentava acalmar o bichinho. - O que foi?? - ele perguntou, recebendo uma série de piados apressados como resposta. O Blight o encarou sem nenhuma reação concreta. - Eu não sei o que isso quer dizer. - ele falou.
O cardeal parou com o pequeno show e deixou de bater as asas, pousando no sofá e dando pequenos pulinhos em direção à caixa de cereal. Olhou para Edric e deu um pio, seguido de duas bicadas na caixa. Edric arregalou os olhos.
- Ah... - o esverdeado disse antes de pegar a caixa e virar um punhado de cereais na palma de sua mão. - É isso o que você quer? - o Blight perguntou estendendo a comida na direção do cardeal. Flapjack pareceu satisfeito, subindo nos dedos da mão do esverdeado e se alimentando.
Apesar do estresse, Edric estava feliz por ter conseguido entendê-lo (e mais feliz ainda com o fato de o cardeal ter se acalmado). Observou a ave durante alguns segundos, lembrando-se de como Hunter conseguia se comunicar perfeitamente com o cardeal... Nunca entendera ao certo como aquilo funcionava, mas se o loiro conseguia falar com Flapjack, talvez Edric também conseguisse. De qualquer forma, seria bom tentar se entrosar propriamente com o bichinho, considerando que Hunter ainda não tinha previsão para voltar pra casa.
A questão principal era: como iria aprender a falar com um pássaro por conta própria? Se viu um pouco nervoso diante do desafio, mas optou por tentar.
- Ei, ahn... - o Blight começou, ainda sem saber ao certo como faria aquilo funcionar. - O Hunter conseguia entender o que você falava... Isso é porque você é palisman dele ou você acha que eu conseguiria te entender também? - ele perguntou. Flapjack o olhou nos olhos por um breve momento antes de dar uma série de piados como resposta. Edric se sentiu extremamente imbecil depois dessa investida. O Blight respirou fundo: - Eu não faço ideia do que isso quer dizer, Flappy. - ele falou, soltando um suspiro frustrado antes de se recostar no sofá. Estava pronto para desistir da ideia.
Entretanto, antes que pudesse fazê-la, Flapjack pousou em sua perna dele e o observou com seus olhos escuros e brilhantes, dando um pequeno pio que, por alguma razão, Edric optou por interpretar como um mini discurso motivacional. Encarou o palisman de volta durante alguns segundos e respirou fundo uma última vez.
- 'Tá bom, eu vou tentar... - o esverdeado anunciou, recebendo um bater de asas contente como resposta. - Eu vou fazer algumas perguntas que eu já sei a resposta e você vai me responder. E use palavras, ou melhor... piados simples 'pra eu entender. - ele instruiu. Flapjack pareceu gostar do plano, e estava disposto a colaborar. Edric retomou o discurso: - Okay, ahn... Você gosta de cereais, não gosta?
Ele perguntou, e o cardeal respondeu de maneira afirmativa, dando uma quantidade sucinta de piados, como Edric pediu
- Okay, então isso é um "sim". - o esverdeado concluiu, passando para a próxima pergunta a fim de aprender mais palavras: - Ahn... Qual é a cor do meu cabelo?
. . .
E assim, centenas de piados depois, o sol se pôs e a noite caiu. Haviam passado a tarde inteira conversando, e a fluência de Edric estava quase tão boa quanto a de Hunter. Havia conversado com Flapjack sobre os mais variados assuntos, embora o foco da conversa sempre tornasse a girar em torno de Hunter.
- O sobrenome dele é Wittebane? - Edric perguntou surpreso.
- [Afirmativo.] - Flapjack respondeu com alguns pios e chacoalhadas de penas.
- Ele nunca tinha me contado isso... Bom, também é verdade que eu nunca perguntei pelo sobrenome dele... - o esverdeado refletiu. - Você sabe várias coisas sobre ele, deve saber mais sobre o Hunter do que qualquer um.
- [É provável que sim.]
- E ele te contou todas elas?
- [...Não exatamente.] - o cardeal hesitou.
- O que quer dizer com "não exatamente"? - o garoto estranhou.
- [Ed, a história de Hunter é um pouco mais complexa do que você imagina... Eu sei de coisas sobre ele que nem ele mesmo sabe ao certo.]
- E você pode me contar?
- [Não acha que isso configura invasão de privacidade?] - o palisman respondeu com um olhar cético. Edric desviou o olhar, sentindo um pouco de frustração.
- Você é muito formal 'pra um passarinho... - ele pensou alto antes de tornar a olhar Flapjack. - Você sabe de alguma coisa que possa ajudar a trazer o Hunter e os outros de volta? - ele perguntou, na esperança de que os conhecimentos do pequeno palisman pudessem ajudar a reconstruir o portal.
Flapjack arregalou seus olhos negros e se pôs pensativo durante um pequeno intervalo de tempo. Ao final, voltou os olhos ao esverdeado.
- [Verdade seja dita, eu sei sim.] - Flapjack confessou. Edric arregalou os olhos.
[Continua]
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The end of the world (Goldric/Huntric)
Fanfiction"- Se eu soubesse que aquela ia ser a última vez, eu teria feito tudo diferente..." É possível reconstruir um portal multidimensional quando nem se sabe por onde começar? É possível se apaixonar por alguém que está em outra realidade que não a sua...