Dona do meu pensamento

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N.A.: Voltei! Mil desculpas pela demora, tive imprevistos. Gostaria de agradecer a todos que estão lendo e boa leitura!

Carolina era realmente difícil de esquecer, assim pensava Anne, antes mesmo de beijá-la a primeira vez. Mas ao fazê-lo, sentia como se tivesse tatuado a outra mulher em sua mente. Ela invadia seus pensamentos e sonhos e, desconfiava Anne, abria espaço em seu coração.

Será que alguém concordaria se dissesse que a fascinação afogueou a paixão? Era como a holandesa sentia. De um sorriso meigo oferecido a Carol para um coração que batia desenfreado, como negar que estava apaixonada pela central?

A ponteira queria ressaltar que cada pedacinho do corpo da outra mulher era prazeroso e viciante. Fosse os lábios, o pescoço, o colo, ou onde quer que Anne tivesse beijado, lambido ou chupado, ela precisava de mais.

E precisava acrescentar que Carol era gentil, firme e mandona no sexo. Ousava dizer que sentia os toques da central toda vez que alguma lembrança surgia em sua mente. Nunca desejou tanto ser tocada por alguém como agora, com Carol.

Além de cada momento fogoso entre ambas, o que mais derretia o peito de Anne eram os momentos de delicadezas e gentilezas entre elas, como quando dormiram de conchinha e preparam juntas o café da manhã no dia seguinte.

Por falar em um novo dia, sempre ria sozinha ao lembrar de quando dormiu na casa de Carol, uma semana atrás. Lembrava-se bem da central com uma cara fechada, expulsando Gabriela da cozinha. A ponteira brasileira esboçava um sorriso sacana e mexia as sobrancelhas de modo que Anne não entendia bem, e Carol se recusou a explicar.

A partir daquele dia, Anne e Carol não desgrudaram mais. Concentraram-se bem nos últimos treinos e no último jogo antes do recesso do fim do ano e dormiram juntas quase todos os dias na última semana.

Anne se deleitava conhecendo a central e sorria ao pensar em como ela era imprevisível. A primeira descoberta era que Carol preferia os filmes de comédia romântica a qualquer outro gênero, mesmo com a cara de quem curtia terror. E, definitivamente, não entendia nem tinha paciência para filmes de ficção científica, mas tentou fazer maratona de Star Wars com a holandesa, para irem ao cinema em breve.

Após isso, Anne descobriu que Carol preferia salgado a doce, especialmente massas, mas não podia comer sempre, e que ela amava praia. Do mesmo modo, a estrangeira dividiu seus gostos e quase deixou escapar que gostaria de levar a central para conhecer seus lugares preferidos na Holanda.

Era muito cedo para dizer que queria um compromisso sério com Carol? Elas já conviviam em quadra, saiam juntas e estavam se conhecendo, devia esperar mais? Talvez Anne devesse ter outra conversa encorajadora com Lisa. A ex namorada se tornou uma amiga valiosa, e fora ela quem sacudiu a holandesa para abrir o jogo com Carol.

- Seja atacante - dissera.

E Anne obedeceu, depois de toda a argumentação de Lisa sobre a central ter agido com ciúmes enquanto estavam no restaurante, e em como pareceu entrar em pânico quando a ex namorada fora cumprimentá-la durante um treino.

O interfone despertou Anne de seus pensamentos, fazia pelo menos uma hora que estava deitada no sofá, observando o teto e deixando sua mente vagar por todos os momentos desde que chegou ao Brasil. Tinha muito o que pensar ainda. A ponteira avisou que estava descendo e, cinco minutos depois, encontrava a dona de seus pensamentos.

- Je ziet er prachtig uit - disse Anne e recebeu um olhar confuso de Carol. - Sorry, você está linda - elogiou, balançando a cabeça, como se o gesto pudesse fazê-la funcionar melhor.

- Não se preocupe, também temo perder as palavras perto de você - sorriu a central, dando-lhe um selinho em seguida.

Ambas iriam ao cinema naquele fim de tarde, dali a dois dias Anne viajaria para Holanda, para passar o recesso de fim de ano com sua família. Talvez por sentirem o peito apertar, elas evitavam tocar no assunto, um sinal claro do começo de uma paixão. A holandesa admitia para si que estava apaixonada pela central, mas ainda não tinha certeza se a outra se sentia da mesma forma.

Durante todo o trajeto e mesmo na sala de cinema, Carol não soltou a mão de Anne, gostava de senti-la e, tendo em vista que ficariam quase duas semanas sem se verem, queria aproveitar o máximo. Estou muito apaixonada, pensou. Foram mais de duas horas e meia dentro do recinto, onde, aparentemente, todo mundo adorou o filme, enquanto a central estava indignada com o final e a holandesa afirmava que não poderia ser diferente.

Embora Carol acreditasse que teria sido melhor investir todo aquele tempo em pegação, estava feliz por conhecer aquele lado de Anne e ficou realmente feliz com sua animação e sua tentativa de explicar toda a plot para a central. Ela nem se esforça para ser incrível, pensou, distraída.

- Vou sentir sua falta - confessou Carol, repentinamente, segurando a mão da holandesa enquanto seguiam para o estacionamento.

- Também vou, linda - respondeu Anne, dando-lhe um selinho. - Vai passar rapidinho.

Já dentro do carro, após a confissão da central, a holandesa se sentiu mais confiante quanto aos sentimentos da outra mulher por si e aproveitou para dividir sua vontade de levá-la para conhecer vários lugares na Holanda. Carol sorriu e disse que aceitava o convite se Anne a ensinasse o idioma dela. De alguma forma, nas entrelinhas, as duas compartilhavam o desejo de passar mais tempo juntas e dar um novo rótulo àquela relação.

Naquela noite, não dormiriam juntas, Anne precisava organizar suas bagagens e Carol preferiu não estar presente, primeiro para não haver distrações e segundo porque sabia que seu coração ficaria apertado. Fazia muito tempo desde a última vez que esteve apaixonada. Embora tenha tido um término até recente e, na época, fosse apaixonada por Juliana, o fervor do início de uma paixão já não era presente. A central tinha a impressão de ter voltado à adolescência, quando descobrira todas aquelas sensações. Será que a holandesa se sentia da mesma forma?

- Chegamos - anunciou Anne baixinho mas, ainda assim, a central se sobressaltou, estava distraída.

- Acho que o trajeto encurtou hoje - disse Carol, recostada no banco, fitando a outra.

- Não sei se o tempo para ou voa ao seu lado, linda - disse a ponteira. - Eu sei que gosto de cada momento - aproximou-se. - E de você, muito.

A central sentiu seu coração disparar com a declaração e fechou os olhos quando sentiu os lábios da holandesa nos seus, beijando-lhe delicadamente, sem pressa. Entreabriu a boca para sentir a língua de Anne repousar sobre a sua, acariciando-a e chupando levemente. Carol se deleitou com o beijo, segurava a nuca da ponteira, impedindo que ela se afastasse. Somente quando o ar faltou, separaram-se.

- Gosto muito de você também, Anne Buijs - disse a central, olhando-a. - Na verdade, estou apaixonada por você.

- Ik ben verliefd op jou, Carol - a ponteira sorriu e beijou-lhe novamente. Não precisava entender holandês para saber que ela se sentia da mesma forma.

Ficaram mais algum tempo dentro do carro estacionado à porta de Carol, trocando beijos e declarações, seria difícil eleger quem estava mais feliz ou qual coração batia mais rápido. Foram interrompidas apenas quando uma Gabriela, apoiada em uma muleta, desceu de um carro, logo atrás delas, e se aproximou. A central olhou desconfiada e a amiga se fez de desentendida.

- Olha só, as pombinhas - acenou para Anne e sussurrou para Carol: - Ou seriam coelhas?

Carol quase a xingou, mas virou-se para a holandesa, sorrindo e despedindo-se. Bastou o carro virar a esquina e a central liberou cada palavrão.

- Você beija a Anne com essa boquinha suja?

- Estávamos tendo um momento, Gabriela!

- Ela se declarou?

E com essa pergunta, a ponteira brasileiradesarmou a central, que começou a detalhar como fora sua tarde e o momento emque se declarou para a holandesa. A amiga a ouviu, sorrindo, e poupando-a denovas piadas.

N.F.: Anjos, gostaria de dizer também que essa fic logo será finalizada. Então, até o próximo cap! Beijos!

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