Ela é amiga da minha mulher

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N.A: Voltei! Bem rápido, não? Gostaria de agradecer mais uma vez a todos que estão lendo, votando e comentando, é muito importante saber o que vocês acham. Sem delongas, boa leitura e beijos!


Duas semanas depois e a impaciência de Carol não havia diminuído o suficiente para que voltasse a falar dignamente com Anne. Experimentou todos os chás indicados por Roberta e ainda sim, sentia-se chateada. Ela tinha plena consciência de que errou primeiro quando explodiu com a ponteira, definitivamente a holandesa não tinha culpa de sua confusão mental. Eu deveria ser menos reativa.

A distância entre elas, no entanto, apenas contribuiu para que a central dedicasse parte de seu tempo observando Anne. Havia conversado com Gabriela, depois que a amiga a colocou contra a parede, literalmente. Carol a fez prometer não fazer nenhum comentário maldoso e, pela primeira vez em toda essa história, Gabi concordou, séria. Então a central desabafou como se sentia confusa emocionalmente. Disse ainda que em alguns momentos sentiu falta da holandesa e que a presença dela lhe trazia calma. Não satisfeita, acrescentou que não era só o corpo de Anne que chamou sua atenção, mas os olhos e o sorriso também. E ela se sentia culpada porque achava estar desejando alguém comprometida.

Gabi apenas sorriu docilmente e chamou a central para sentar na cama. A ponteira a confortou, dizendo que ninguém sabia que ela se sentia assim e que os pensamentos dela, pecaminosos ou não, em relação a Anne estavam bem seguros, não precisava se preocupar com julgamentos. Não era errado como ela se sentia, afinal não tinha sido planejado, e que devia sentir o que estava reprimindo ou só ficaria pior.

O argumento de Gabriela foi extremamente válido, de tal modo que Carol seguiu à risca seu conselho. Em alguns treinos olhou disfarçadamente Anne jogando e achou que cada movimento dela era sexy. Acho que ela suada é sexy. A interação entre elas, contudo, restringiu-se aos jogos da superliga, quando comemoravam cada ponto e cumprimentavam-se com toques de mãos e até abraços. Tudo no profissionalismo. Àquela altura, já haviam ganhado mais dois jogos, contra o Renata Valinhos e o Genter Volêi Bauru.

Carol pensou que seria uma boa oportunidade para conversar com Anne, elogiar seu desempenho, perguntar se ela queria sair. Mas, toda vez que pensava em se aproximar, ou perdia a coragem ou a ponteira saía de qualquer ambiente que estivessem. Certo dia estavam sozinhas no vestiário, numa tensão sufocante e Anne se manteve o tempo todo de costas, silenciosa. Quando ela saiu do recinto, a central teve certeza que levara embora o oxigênio também.

Deixar seus sentimentos fluírem, como sugerira Gabriela, era uma faca de dois gumes. Primeiro conseguiu que a chateação e impaciência passassem, mas ficou aquela breve sensação de que faltava algo e isso resultava em cansaço emocional. Noutro dia, disposta a fazer outra coisa que não fosse pensar em Anne, Carol finalmente marcou um jantar com Juliana, no restaurante em que havia levado a estrangeira.

Por outro lado, Anne estava tentando seguir em frente após sua curta discussão com Carol. Não conseguia entendê-la e não sabia como tentar conversar sobre isso. De toda forma, a holandesa sabia o que sentia pela central. Teve a certeza disso quando encostou em sua pele, mesmo que rapidamente, semanas atrás. Havia sentido um arrepio na pele, os dedos formigaram e sua boca ficou seca. Como pudera sentir isso em uma fração de segundos? A ponteira ainda se sentia um pouco cabisbaixa por ter falado em um tom diferente do habitual com Carol, as palavras saltaram de sua boca rapidamente, quase como uma confissão. Aposto que ela não entendeu nada. E esse pensamento era o mais frustrante.

Toda a situação, no entanto, serviu para que Anne entendesse que já não dava para seguir seu relacionamento com Lisa. Não podia querer que Carol soubesse como se sentia estando ligada à outra pessoa. Pensando nisso, a holandesa imaginou qual seria a melhor situação para conversar com Lisa e teve a surpresa de saber que ela estava de passagem comprada para lhe visitar no Brasil.

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