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N.A.: Voltei!! Acho que foi mais rápido do que a última vez, né? Espero que gostem do capítulo, beijos e boa leitura!

Despedir-se, ainda que temporariamente, era algo difícil e Carol jamais havia pensado que pudesse sentir tanta saudade de uma pessoa, como sentia por Anne. E levaria duas semanas até estarem juntas de novo. No dia da viagem, pela manhã, a central fez questão de deixar a holandesa no aeroporto, todo o trajeto fora feito em silêncio, exceto pela música que tocava na rádio, baixinho. Não soltaram as mãos até o último minuto, quando a ponteira precisou embarcar. Envolvidas em um mundinho próprio, elas se despediram com um beijo apaixonado e um abraço apertado.

Naquele mesmo dia, no fim da tarde, Carol e Gabriela terminavam os últimos preparativos para receber alguns amigos antes de viajarem. A central tentava se distrair de sua agitação interna, queria notícias de Anne, saber se estava bem, se tinha descansado ou qualquer coisa do tipo. Merda de fuso horário. Ela sabia que o fuso tinha sua utilidade, mas naquele momento apenas lhe causava inquietação.

Pouco depois as primeiras convidadas chegaram, seria um encontro com poucas amigas, entre elas, Priscila Heldes, que entrava animada e saltitando em direção a Carol. A levantadora se jogou nos braços da central, abraçando-a demoradamente. Era uma boa oportunidade para Carol deixar a par a amiga sobre Anne, mas esperaria Helô chegar também. Espero que a Gabriela não venha de gracinha!

- Que saudade! - disse Priscila. - Hoje vai ser até tarde ein?!

A central sorriu e balançou a cabeça, concordando. Todas ali estavam clamando por um descanso e um pouco de diversão, se é que entendem. Por falar nisso, Fabizinha chegou algum tempo depois, acompanhada de sua namorada Julia e trazendo um pack de cerveja.

- Hoje pode um pouquinho! - anunciou a líbero, levantando o pack e arrancando gargalhadas e vivas das outras presentes.

Carol riu, estava cercada por loucas. Perguntou-se se Anne estaria se divertindo se estivesse ali. Talvez no ano seguinte tivesse essa resposta. E sim, a central queria estar com a holandesa por muito tempo, principalmente depois de saber que era recíproco os seus sentimentos. Será que já devia pensar em como pedi-la em namoro? Vou falar com a Gabriela. Pensando na ponteira brasileira, Carol notou seu sumiço, o que a outra estaria aprontando?

A central não teve tempo de procurar Gabi, pois Helô finalmente chegou. A amiga foi recebida com um abraço apertado. Carol aproveitou para dizer que precisavam conversar e, eufórica, puxou-a até encontrar Pri Heldes. Não é que estivesse escondendo seu lance com Anne, apenas não quis se precipitar. Primeiramente, como ela ousaria dizer em voz alta que estava se interessando e gostando de uma pessoa comprometida? Não faria o menor sentido. Contudo, tudo com a holandesa caminhou bem e, ainda que tivesse tido tempo depois para dividir tal fato com as amigas, preferiu esperar e deixar sua relação com Anne amadurecer. E como amadureceu...

- Não creio que guardou isso da gente! - Helô tentou beliscar o braço de Carol, que se esquivou.

- É, Carol, que sacanagem - Pri Heldes cruzou os braços, fingindo indignação, o que deixava a central ainda mais nervosa.

- Para, gente - Carol fez biquinho. - Em minha defesa, só estamos de caso há mais ou menos três semanas. Não quis me iludir! Mas aí ela disse que estava apaixonada e não preciso dizer mais nada né?

As amigas concordaram e abraçaram novamente a central, desejando felicidade, namoro e, quiçá, casamento. As três voltaram a socializar com as outras convidadas, especialmente Carol, como anfitriã, já que a outra tinha sumido. Entretanto, Gabriela reapareceu algum tempo depois, acompanhada de outra mulher, recebendo olhares curiosos dos presentes. Quero ver se essa aguenta povo fofoqueiro, pensou a central, vendo que a convidada misteriosa parecia acanhada.

A ponteira logo tratou de apresentar a acompanhante a todos, chamava-se Juliana. Carol queria fazer mil perguntas, bem como outros convidados. Fabi estava para ficar na ponta dos pés e Roberta mantinha a mão na boca, cochichando com a líbero. A central precisava parabenizar o esforço coletivo para evitar perguntas e voltar a agir normalmente. Mas Gabriela com uma mulher que ninguém conhece? Aí tem.

As horas pareceram voar em meio a tantas conversas e risadas. Quando se aproximou das 21h, algumas convidadas se despediram e foi então que o celular de Carol tocou. Uma videochamada. A mais aguardada nas últimas horas. A central pediu licença e adentrou seu quarto, jogando-se na cama.

- Oi, linda - Anne foi a primeira a falar, esboçando um sorriso, apesar do semblante cansado. - Tudo bem?

- Oi! - respondeu Carol, animada. Precisava encontrar um apelido para a holandesa também, mas as sugestões em sua cabeça no momento não eram muito adequadas. - Melhor agora que você deu notícias, fez uma boa viagem?

A holandesa respondeu que sim e pediu desculpas, embora não precisasse, por não ter dado nenhuma notícia. Ainda de acordo com ela, ao sentar na poltrona do avião, logo adormeceu, pois estava muito cansada da noite anterior. O rosto de Carol pegou fogo com tal afirmação e, principalmente, com as lembranças. Realmente entendia, também estava cansada, mas Gabriela insistiu que deviam ter uma confraternização, pois todos viajariam para casa de familiares. Derretida como sou, cedi.

- Preferi poupar bateria para te ver - disse Anne, dando uma piscadela. - Está se divertindo?

- Você está muito sedutora, mas só para deixar claro, pensei em você o dia todo - respondeu a central, também piscando o olho, e arrancando uma risada curta da outra.

Carol respondeu ainda que estava adorando a casa cheia e contou a conversa que teve com Pri Heldes e Helô, deixando claro, inclusive, que teve receio de sua relação com Anne não se desenrolar. A estrangeira disse que era impossível ter sido diferente, pois a central era uma pessoa incrivelmente apaixonante. Naquele momento, Carol quis poder atravessar a tela do celular e beijar a ponteira intensamente.

- Linda? - chamou a holandesa. - Não estão batendo aí?

A mulher saiu de seus pensamentos, havia encontrado o apelido perfeito para Anne, mas ainda não era tempo de usá-lo. Carol pediu um minutinho para a holandesa e atendeu a porta, era Gabi dizendo que iria deixar Juliana em casa. A central voltou para a videochamada e explicou à estrangeira que precisaria desligar em breve, pois teria que fazer sala para algumas convidadas.

- Não tem problema, linda, eu te ligo depois - disse carinhosa.

- Só acho engraçado que a gay inventa as coisas e depois quer sumir com uma desconhecida - reclamou Carol, não realmente séria.

- Talvez não seja tão desconhecida assim - disse Anne, despreocupadamente.

Carol estreitou os olhos ao ouvir aquela frase. Por que tinha a impressão que a holandesa sempre sabia alguma coisa? A central a questionou e, suspirando, Anne respondeu que ouvira Gabriela chamando alguém carinhosamente no telefone certa vez e, ao ser vista, pediu que fizesse segredo. Então a estrangeira obedeceu.

- Meu bem, você está cercada de fofoqueiras, quase nunca guardamos nada umas das outras e você, ainda sim, ficou caladinha? - disse Carol, pausadamente. - Devo me preocupar com o futuro de nossa relação?

- Então você já pensa no nosso futuro? - perguntou Anne, sorrindo, ignorando todo o resto da frase da central. No fundo, só importava saber o que a outra mulher pensava sobre elas.

- Eu... penso - começou. - Mas talvez devêssemos ter essa conversa quando você voltar.

A holandesa concordou, embora quisesse pegar o próximo voo para não ter que esperar tanto. Se Carol pensava em algo a mais entre elas, além da paixão declarada, então Anne já podia contar à sua família sobre ela, certo?

- Já? - a central tomou um susto depois do que a estrangeira disse, e se os pais dela achassem que Carol era uma destruidora de relacionamentos?

- Linda, todas as suas amigas já sabem de nós, estamos apaixonadas e pensando sobre o futuro, acho que é o momento perfeito para contar à minha família - respondeu Anne, calmamente. - Daqui a uns meses, quem sabe no próximo natal, não estejamos todos reunidos?

Enfim Carol concordou, precisava se manter calma, não era a primeira família de alguma namorada que ela conhecia... espera... quê?!

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