N.A: Voltei! Esse capítulo saiu maior do que eu esperava, então aproveitem tudinho. Beijos e boa leitura!
Inconscientemente, Carol havia bagunçado a mente de Anne. De repente a holandesa sentia seus sentimentos mais aflorados, uma crescente vontade de estar mais perto dela e repreendia-se toda vez que lembrava do término recente alheio. Devia estar sendo uma boa amiga, afinal a central ainda não superara, certo?
Mas quem Anne queria enganar? Elas não eram exatamente amigas ainda, não sabia muitas coisas sobre Carol e achou que o último encontro seria uma oportunidade para isso, entretanto, as duas ficaram em silêncio a maior parte do tempo e o pouco que conversaram se resumiu à ansiedade para a estreia da superliga.
Se perguntassem que sabor tinha açaí, Anne não saberia dizer. Saber que Carol estava triste por um término, depois de ver isso em seu semblante, trouxe uma sensação estranha à holandesa, como se também se sentisse triste. Naquele mesmo dia quis conversar com Lisa, mas achou que não devia, seria abusar demais da namorada. Uma coisa era ser madura e dizer que a ponteira podia tentar descobrir o que realmente estava sentindo e outra era virar uma confidente, como se Lisa fosse inabalável. Aliás, não tinha perguntado a ela como realmente se sentia. Que tipo de namorada estava sendo?
No restante da semana, Anne interagiu poucas vezes com Carol, embora a cumprimentasse sempre que estavam próximas. A central não parecia ter percebido, então estava tudo bem. Quando o primeiro jogo chegou, a holandesa se sentiu um pouco nervosa com a estreia, as torcidas do Rexona Sesc e Fluminense lotavam o ginásio e estavam agitadíssimas. A ponteira se sentiu melhor quando Gabi lhe ofereceu água e quando Fabi, prestes a começar o jogo, reuniu o time em quadra e disse algumas palavras motivadoras.
O jogo havia sido muito disputado, cada ponto era brigado e muito comemorado. Anne fora se sentindo mais confiante à medida que virava mais bolas e recebia o carinho do time. O resultado foi satisfatório, três sets vencidos contra nenhum do outro time. Fora realmente uma boa estreia. Após isso, algumas companheiras quiseram sair para comemorar, mas a ponteira holandesa preferiu recusar o convite e despediu-se brevemente de todas, indo para casa.
Na manhã seguinte, nas areias da praia da Barra da Tijuca, estava Carol, absorta em pensamentos. Havia sido uma semana rápida e cansativa, contudo, muito gratificante, principalmente após vencerem o primeiro jogo. Gabriela estava no céu de tanta felicidade, ganhara o troféu Viva Vôlei e por isso insistiu que fossem à praia, era o máximo que um atleta poderia pensar em festejar no momento.
Pensar no jogo e especificamente onde estava, fazia a central se lembrar de Anne. Não haviam conversado muito nos últimos dias, na verdade, haviam apenas se cumprimentado e a ponteira sempre saía pouco depois. Estavam agindo daquela maneira desde a última vez que saíram, no sentido estrito da palavra. Carol não sabia onde estava com a cabeça quando simplesmente comentou sobre seu término, não era como se fossem amigas. Achava que de alguma forma tinha se sentido confortada apenas com a presença alheia e a insistência da ponteira em saber se ela estava bem lhe deu mais confiança para falar algo tão íntimo. Foi exatamente isso. Mas quando contou, sentiu-se brevemente constrangida ou talvez chateada, não sabia dizer, então se limitou a comer e olhar a rua, agradecida por Anne ter entendido o recado.
A partir disso, Carol tinha a impressão de ter reparado mais vezes em Anne nos últimos dias. Estava dividida no porquê. Uma parte sua havia percebido a evolução da ponteira em quadra, como uma profissional. A outra parte sentia algo parecido com o sentimento de falta. Mas Anne estava ali, do que Carol poderia sentir falta? De interação, momentos a sós ou da atenção dela em saber como estava sempre? E, para bagunçar ainda mais sua cabeça, sempre voltava à mente o corpo meio despido da ponteira. Carência, é isso que estou sentindo. Não é justo com Anne.
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FanficA temporada 2016-17 estava prestes a começar e uma nova jogadora se juntou à equipe do Rexona Sesc Rio. A ponteira holandesa Anne Buijs tentava se adaptar ao país e ao estilo de jogo e iria contar com a amizade e companheirismo da central, Carol. (E...