— Vamos la Cassandra, respire fundo.... você precisa fazer isso. – Disse sozinha enquanto caminhava na Rua Montgomery rumo ao número 300 num dia ensolarado.
— 280, 282, 284....Ai meu deus estamos chegando. - disse virando para Margo que estava ao meu lado recebendo um miau em resposta.
Petrificada. Este foi o estado em que fiquei assim que cheguei ao número 300. Fiquei parada durante alguns bons minutos, apenas olhando para aquela casa de dois andares feita de tijolos e com um cercado branco cheia de hera, planta trepadeira, com um jardim completamente colorido das mais variáveis flores que davam um aroma familiar de lar doce lar.
Senti um peso atrás da minha perna, como se estivesse tentando me empurrar, e logo vi que Margo realmente estava tentando me empurrar para a direção da entrada da casa.
— Está louca? Não vou entrar ai. Conversamos sobre isso lembra? Iríamos apenas ver como estava a casa. E aqui estamos. – Disse para a gata que me respondeu com vários miados.
— Mas tem gente morando ai, não posso simplesmente tocar a campainha e dizer "Olá, eu morei nessa casa desde que eu era pequena se importa de eu dar uma olhada por ai?"- Recebi um miado mais ríspido como resposta.
Então Margo passou pelo portão no quinta e foi entrando ate chegar na varanda e parando na frente da porta de casa. Fiz o que qualquer um teria feito, depois de ter resmungando muito, segui a gata.
— Ok, mas já vou logo avisando se não tiver ninguém, nós vamos embora, entendeu? Nada de ficar passando por grades ou janelas, invadindo casa dos outros promete?
Fui ignorada como sempre, mas acho que ela tinha entendido por isso resolvi tocar a campainha. E claro que não tinha ninguém. Toquei milhões de vezes e nada e depois de varias discussões comigo mesma e de vários pensamentos que isso era errado, claro que tanto Margo quanto eu, não cumprimos a promessa de não entrar na casa. E quando me dei conta já tinha olhado casa inteira.
Passamos pela sala de estar onde me fez lembrar os natais incríveis e cheio de histórias que tivemos, mas agora tinha varias fotos e pertence dos novos moradores. Passamos para a sala de jantar e na cozinha aonde vieram varias lembranças de quando ajudava os meus pais a preparem alguma receita mirabolante para o jantar. Subimos e fomos para os quartos, que de toda a casa era o que estava mais diferente. Não dei muita importância para o meu antigo quarto e fui para o que era dos meus pais.
Depois de olhar todo o quarto, me sentei na grande cama de casal e fiquei olhando para a janela. Deus como eu sentia a falta deles. Margo pulo no meu colo e ficou tentando me confortar.
— Estou bem. Obrigada por ter vindo comigo. –Disse fazendo carrinho nela e olhando para aquele par de bolas de gude verde que eram seus olhos. — Sabe, você consegue ser fofa quando quer.
Depois de alguns minutos ela miou e pulo no parapeito da janela que dava para os fundos da casa, parecia que queria que eu visse alguma coisa. Cheguei na janela e quando olhei para fora, perdi o fôlego.
— Não acredito que ainda esta ai. – Disse bem baixinho e desci correndo para lá.
Chegando no fundos da minha antiga casa, parei com a respiração um pouco mais tensa e me aproximei olhando uma árvore que estava no centro do jardim e de repente eu tinha 10 anos novamente.
FLASHBACK ON
—"papai, o que o senhor esta fazendo?"- disse um vozinha curiosa.
— Estou cuidando do nosso jardim
— Vai plantar outra flor?
— Dessa vez é uma arvore, quer me ajudar?
Caminhamos ate o buraco de terra no meio do quintal onde meu pai e eu nos agachamos e observei ele colocar as raízes e começar a cultivar.
— Essa arvore é para que?- Meu pai me olhou com aquele olhar curioso e respondeu
— Você quer dizer, alem de nos dar sombra e deixar o jardim mais belo?
— Sim. Eu lembro que o senhor me contou da história da árvore que o senhor plantou na frente da casa logo quando se mudou com a mamãe para cá, estou me perguntando se essa também tem alguma coisa especial.
Ele levantou a cabeça para o céu e começou a rir, mas não era um riso de quem ri depois de uma piada e tão pouco de implicância. Mas sim um riso alto de alegria.
— Você é uma criança incrível sabia pequena Cassie? – disse encostando o indicador no meu nariz.- Você se lembra qual o nome que damos para aquela arvore?
Balanço a cabeça afirmando e falo:
— É um sabugueiro, afasta as energias malignas e serve como proteção.
— Muito bem! Fico aliviado em saber que você possui uma ótima memória, isso vai ser muito útil para você no futuro. Mas voltando para árvore, essa é um Salgueiro, ela possui varias funções, mas por hoje você deve saber que alem de também servir para proteção, ela tem varias propriedades medicinais e usando ela no chá serve para combater dores de cabeça, febre etc..e é muito boa para ter criatividade, inspiração e ela também ajuda ter bons sonhos... – disse dando uma piscada para mim e continuou. - Soube que alguém anda tendo sonhos ruins.
— Ela vai me ajudar a voltar ter bons sonhos?
— Claro, se você acreditar. Quando ela estiver grande podemos pegar um de seus galhos e colocar debaixo do seu travesseiro e assim a mágica vai acontecer."
FLASHBACK OFF
Estava abaixada nas raízes do Salgueiro, que por causa do tempo que mudou drasticamente, ficara assustador, mas não para mim. Estava chorando de soluçar, simplesmente não conseguia parar. Finalmente a ficha tinha caído, meu pai não era apenas um homem brilhante, mas também era um bruxo muito engenhoso. Ele tinha me ensinado tantas coisas sobre o mundo dele, sobre o nosso mundo no passado, só que eu era muito pequena para entender tudo. Mas agora as lembranças fazem sentido. Eu, mãe e ele, fazendo receitas usando vários tipos de plantas e ervas e ele explicando a função de cada uma delas. O jogo da memória que ele mesmo fez com os símbolos celtas, as histórias que contavam antes de dormir, que sempre tinha algo de mágico e sobrenatural nelas. Ele estava me preparando.
Começou a trovejar e das nuvens negras que estavam no céu em nossa direção começou a chover. Margo pulou no meu colo novamente e ficou miando enquanto ficava me confortando.
— Sinto tanta falta dele. Queria que estivesse aqui me ensinado tudo que sabe. – Margo como resposta parou de se mexer no meu colo e olhou para mim soltando outro miado.
Levantei sem tirar as mãos da árvore e analisando cada parte de seu tronco, encontrei um pequeno símbolo nela. Triqueta. Eterno e proteção. Toquei no meu colar, cujo símbolo que estava dentro da pedra do meu pingente era o mesmo da árvore.
Fechei os olhos e respirei fundo, quando abri o tempo estava voltando ao dia ensolarado que a garota da previsão do tempo tinha previsto. Enxuguei meu rosto, tirando algumas das lágrimas que restaram. Já estava na hora de acabar com isso.
— Não vou desaponta-lo pai. Esteja onde estiver, vou saber o que aconteceu com você e vou encontrar tanto o grimório quanto a mamãe!- Disse com a voz firme.
Foi quando ouvi um barulho na porta da frente. Margo saiu correndo para ver o que era e voltou desesperada miando. Sem duvidas eram os novos moradores. Escondi-me nos arbustos procurando a passagem que dava para a rua de trás antes que algum me visse.
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Bloodline
Teen FictionBeacon Hills. Não acredito que estou voltando para cá depois de 6 anos. Depois de toda minha vida ter virado de cabeça para baixo. Quando a minha avó morreu, precisei voltar para a cidade para morar com meu primo Scott e minha tia Melissa McCall. Cl...