Capítulo 4

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Ele tocou em mim! Era só isso que minha mente acusava: ele não poderia ser um fantasma. Mas, meu Deus... parte de mim é muito cética e a outra é muito sonhadora. Meus dois lados estavam combatendo sem descanso: um dizendo que era impossível e apresentando todas suas teorias para isso; e o outro fazendo o mesmo, mas querendo provar o contrário, que ele realmente era o Killian do livro. Andei desajeitada até a Sra. Mevis, que estava no balcão de atendimento.

— Sra. Mevis, precisa de ajuda por aqui?

— Não, Jade. Está sem atividade para fazer?

— Não é isso, é que... queria fazer algo.

— No balcão de atendimento? — perguntou surpresa.

— É.

Ela sabe o quanto não gostava de atender os moradores da cidade. Mas, talvez, se Killian me visse ocupada e sempre perto de alguém, me deixaria em paz e desistiria dessa maluquice. Eu não queria saber de nada e ficar no meio disso. Já tinha problemas suficientes com minha mãe e os moradores da cidade.

— Bom, entre aqui. Vou deixar você fazer os cadastros e as fichas de hoje.

Sorri e entrei, mas minha felicidade não durou muito. Muitas alunas começaram a entrar na biblioteca, atraídas pelo moreno de olhos selvagens que estava sentado lendo um livro e, vez ou outra, encarando-me bravo. Todas tentavam chamar sua atenção, Killian aparentava ter cerca de vinte e sete anos e se portava com uma confiança inabalável; uma beleza como a dele era incomum em uma cidade pequena como essa. Para o desgosto delas, ele parecia concentrado demais em sua leitura para notar seus esforços. Ou apenas as ignorava, eu não fazia ideia.

Quando faltavam cerca de cinco minutos para a minha pausa, Killian parou na lateral do balcão e ficou calado. Todos o encaravam. Eu não aguentei o suspense que ele fazia, estava muito próximo a mim para que eu pudesse simplesmente ignorá-lo.

— O que está fazendo?

— Estou te esperando.

— Para quê?

— Jade, está tudo bem? Ele é um amigo? — a Sra. Mevis perguntou, mesmo sabendo que não tinha nenhum.

— Sou o namorado dela, Sra. Mevis.

Um burburinho começou na biblioteca. Eu não sabia onde enfiar minha cara, tamanha era a vergonha que sentia. Ele precisava falar alto assim uma mentira tão deslavada?

— Sra. Mevis, vou tirar minha pausa, tudo bem?

— Claro, está na sua hora.

Larguei tudo e fui em direção ao futuro morto-morto chamado Killian.

— É possível matar alguém que já está morto? Porque eu quero muito matar você agora!

— Está apaixonada por mim, por isso estou aqui.

— Eu ainda estou pensando quem é o mais louco de nós dois. Você, por falar tudo isso; ou eu, por formar teorias e escutar as merdas que você diz.

— Você vai calar a porra da boca para eu falar, ou o quê?

— Vai à merda, seu grosso! — retruquei, revoltada.

— Ah, mas que porra de garota que essa maldição me trouxe dessa vez! — Ele parecia indignado e isso só me deixava mais brava.

— Sinto lhe informar que essa maldição se chama vida, e é você quem está vindo atrás de mim. Se não quer falar comigo, é só ir embora!

— Eu não posso ir embora, você sabe disso!

O Monstro do Amor - Série Homens da Sombra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora