Capítulo 11

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Eu a vi em vida, pude reconhecê-la. Estava em uma casa muito antiga, ela foi até uma pequena estante e pegou um livro. As imagens passavam em minha mente de forma rápida e resumida. Era difícil acompanhar, mas pude reconhecê-lo: era o de Killian, "O monstro do amor". Ela se sentou em uma pequena cadeira de madeira numa varanda e o abriu, suas roupas e o local me remetiam ao século passado. Ela começou a ler o mesmo livro, a mesma história, eu pude sentir o amor nascer dentro dela. Pouco depois, Killian se apresentou a ela, vestindo roupas da época e um penteado diferente. Queria parar de ver, mas não tinha controle de nada. Ela tinha.

Vi o romance acontecer entre os dois, vi-o beijá-la, mas seus olhos eram tão vazios de sentimentos, nada se parecia com o Killian que eu conhecia. Tudo pareceu acontecer muito rápido. Eu não ouvia suas conversas, mas conseguia deduzir tudo com clareza. Ela lia com rapidez e frequência. Quando estava no fim, eu a vi de pé de frente para uma mesa, olhando para o livro e consegui ler com clareza o que dizia na última página.

"Enquanto o sol brilhar, sua vida presa a este livro e lugar estará.

Quando alguém ousar te amar, com sua vida irá pagar.

O sangue com amor, nesse livro, terá que derramar.

E assim, sua liberdade irá conquistar."

Pela primeira vez, ouvi suas vozes.

— Você tem certeza de que isso irá funcionar?

— Você me ama, não é? Só precisamos de um pouco do seu sangue nesse livro e assim ficaremos livres para vivermos nosso amor.

Ela assentiu que sim, mas senti toda a sua insegurança. Killian pegou uma faca e ela estendeu a mão. Beijou-a no rosto e ela fez um sinal para ele continuar. Ele a cortou bem pouquinho e deixou algumas gotas de sangue pingarem no livro. Ficaram aguardando alguns segundos. Ela perguntou algo e ele se voltou para ela furioso. Gritou, eu não ouvi as palavras, mas ele a chamou de mentirosa, tinha certeza, pude ler em seus lábios.

Em um ato totalmente inesperado por mim, ele simplesmente enfiou a faca no abdômen dela. Não contente, ele a girou, ferindo-a ainda mais. Eu queria parar de ver aquilo, era demais para mim, a decepção era uma avalanche em meu ser, esfregando na minha cara tudo que não consegui ver sozinha.

O olhar traído dela para ele o fez cair em si, mas nem isso o fez se prontificar a ajudá-la. Acho que, no fundo, ele queria ver se, no caso de ela morrer, com sua vida paga, iria funcionar e ele iria se libertar. O espírito me soltou e eu só tive tempo de respirar fundo, outro espírito veio e fez o mesmo, e depois mais outro. Eu via a história se repetir, mas desta última vez, a mulher o enfrentou, e ela me deixou ouvir toda a verdade que eu já deveria ter descoberto no livro.

— Mas, Killian, tudo o que você fez foi errado. Desde o início, você tem me manipulado, assim como fez com Dahlia!

— Eu amava Dahlia!

— Não! Ela era conveniente para você! Você estruturou todo um plano para fazê-la usar magia em você, sabendo que não poderia ser revertido. Você só se aproximou dela porque sabia do que ela seria capaz. Você matou a melhor amiga dela e colocou a culpa em um vampiro, para travar uma guerra e motivá-la a fazer tudo pela vingança! Você é um monstro!

Ele ficou tão furioso que ela não teve tempo de ter uma reação, suas garras vieram certeiras no rosto dela com um grande impacto, e ela caiu morta no chão.

Elas me fizeram ver tudo, alertando-me de que logo eu seria apenas mais uma. As palavras de Declan começaram a fazer sentido, eu me senti tão suja, o pior dos seres humanos. A verdade estava na minha cara e não enxerguei, eu não quis enxergar... Como ele pôde me beijar daquele jeito, fingir se importar comigo como fez e, em sua mente, tramar minha morte?

O Monstro do Amor - Série Homens da Sombra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora