Viver uma vida dupla nunca é fácil. Segredos demais podem ser escondidos nas lacunas entre elas e muitas vezes, mais se perde do que ganha.
Verena Thullis sabe bem disso.
Ela poderia parecer apenas uma simples psicóloga, trabalhando em sua clínica...
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Verena e a mãe saíram correndo do escritório onde estavam, seguindo um Miquéias muito ansioso pelos corredores do abrigo subterrâneo como se o próprio diabo estivesse nos seus calcanhares. O destino dos três era a sala de controle do abrigo, onde telas com imagens de todas as câmeras podiam ser vistas e que dariam a eles uma noção do que estava acontecendo na superfície.
Ao chegarem na sala de controle, Marc e Layla já se encontravam presentes e olhavam preocupados para a tela principal da sala onde as imagens de um grupo de seres assustadores se faziam serem vistos.
— Qual a situação? — Fátima questionou olhando de uma tela para outra.
— É um grupo de pelo menos vinte criaturas de porte médio. Entre eles Corpos-Secos e pelo menos três espectros. — Miquéias respondeu apontando para as figuras na tela. — Se juntarmos uma equipe boa, conseguimos lidar com eles. O problema real é aquilo.
Todos os olhos se fixaram na figura apontada por Miquéias, que parecia se manter mais distante das outras.
Em um primeiro momento, Verena achou que a coisa se tratava de um Corpo-Seco mais desenvolvido, já que a coisa em si parecia ter pelo menos dois metros de altura. Mas conforme ele se movia, a mercenária foi capaz de ver que ele possuía outras características que o diferenciavam completamente dos pequenos demônios sugadores de energia.
A pele encouraçada e pálida era coberta por pelos finos e curtos que ficavam mais densos nas costas encurvadas da coisa. Sua cabeça possuía cabelos longos como os das outras criaturas, porém ele parecia ser mais grosso, não como cabelo humano, mas sim como o de um cachorro. Essa noção só ficou mais óbvia quando a criatura virou a cabeça para o lado e todos viram que seu rosto era alongado, como um focinho canino que se repuxava horrendamente sobre as presas afiadas.
— Aquela porra é um lobisomem? — Verena exclamou, tentando esconder com sua irritação o quanto aquilo a assustou.
— Também pensamos que fosse, mas não. — respondeu Miquéias. — Aquele é o Luison. Ele é um dos primeiros monstros existentes e apesar de se parecer com a ideia que temos de um lobisomem, ele é algo bem pior.
