Keith and The Birthday Party

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Fechei meu armário com os materiais necessários para a aula de química em mãos, nem um pouco animado. Sabia que o conteúdo daquela aula em específico exigiria cálculos mais complexos e xingava internamente meu eu do passado por ter escolhido essa matéria para meu currículo, mesmo sabendo que aquele não era meu tipo de assunto preferido. Andei rápido pelo corredor desviando de todo mundo que conseguia, e rapidamente já estava no laboratório. Sentei ao lado de Diana sem puxar conversa, vendo que ela estava distraída demais em seu celular para ao menos perceber que eu estava ali, mas logo que me ajeitei, ela se virou animada para mim.

— Bom dia Keith! — Di disse animada demais para aquele horário, ela era a única que eu me permitia aguentar com aquele humor tão bom tão cedo assim.

— Bom dia. — falei em meio a um bocejo.

— Dormiu bem? — apenas confirmei com a cabeça, sem querer falar muito. — Eu também.

Desviei meu olhar para meu celular para checar o horário, achando que esse seria o fim de nossa conversa por enquanto, mas de canto de olho pude perceber que Di me observava atentamente, e quando a olhei ela sorriu como se tivesse algo para falar, mas que não sabia como dizer. Era raro para ela não querer falar de algo, desde nossa primeira aula juntos Diana sempre havia sido uma pessoa muito decidida com suas intenções.

— Tu quer falar alguma coisa?

— Queria te perguntar na verdade... — ela olhou para frente, vendo que o professor estava entrando na sala, mesmo que o sinal não tivesse batido ainda. — Acho que pode ser meio sensível e se você não quiser responder tudo bem.

— Tu tá tão cautelosa que tá até me dando medo. Vai perguntar se eu sei me livrar de um corpo por acaso? Porque se sim, tu veio ao lugar... — ela me interrompeu, batendo de leve em meu braço enquanto ria.

— Não é isso, pode deixar. Por enquanto. — ela largou o celular em cima da bancada, como se quisesse enrolar. — Você é hétero?

— Ah, isso... — olhei para minhas mãos um pouco sem saber o que responder. Nunca havia pensado demais no assunto, ainda mais que não me lembrava de algum dia gostar de alguém desse jeito. Dei de ombros. — Acho que eu nem gosto de gente.

— Tipo arromântico?

— É, acho que sim... — pra ser bem sincero nem sabia direito os termos para aquilo, então apenas aceitei o que ela me falou.

— Então se eu tentasse te arranjar alguém, você não ia gostar muito?

— Acho que eu não ia gostar disso nem se eu gostasse de gente. — eu ri fraquinho seguido de um bocejo e ela também riu.

— Entendi... — ela pegou seu celular novamente, como se a conversa realmente tivesse acabado dessa vez, mas pareceu se lembrar de algo de repente. — Ei, você conversou com o Mike, né? Na minha festa e tals.

— Ah, o Michael Myers? — falei me lembrando, com um sorriso em meu rosto.

— Não sei de onde você tirou esse apelido sinceramente, mas tudo bem... — eu ia começar a explicar quando ela botou a mão na frente do meu rosto, tentando me impedir. — Eu não preciso saber, fica entre vocês. Mas enfim, não era esse o ponto. Esse fim de semana é o aniversário dele, e seria legal se você fosse pra me fazer companhia... Depois que eu me mudei de lá eu acabei perdendo o contato com muita gente, então vai ser praticamente como se eu não conhecesse ninguém. Além de que vocês já se conhecem, então não seria um problema, né? — ela deu um sorriso suspeito, mas não estava em lugar de questionar ela.

— Bom, sim tu tem um ótimo ponto e tals mas...

— Você não vai me abandonar né? Vamos por favor, vai ser legal.

Mike, Keith and the...Onde histórias criam vida. Descubra agora